Tuesday, October 14, 2008

AGÊNCIA BRASIL



Trabalhadores nascidos em março recebem abono e rendimentos do PIS a partir de amanhã



Agência Brasil (NACIONAL)

Brasília - Começa amanhã (24) o pagamento do abono salarial e dos rendimentos do Programa de Integração Social (PIS) para quem nasceu em março. Para esse grupo de 670 mil trabalhadores, a previsão da Caixa Econômica Federal é liberar R$ 248 milhões.

Tem direito ao abono salarial - no valor de um salário mínimo (R$ 380) - o trabalhador cadastrado no PIS ou no Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep) até 2002. Ele deve ter trabalhado pelo menos 30 dias - consecutivos ou não - no ano de 2006 com carteira assinada e recebido, em média, até dois salários mínimos mensais.

Pode sacar os rendimentos o trabalhador que foi cadastrado no PIS-Pasep até 4 de outubro de 1988 e que tenha saldo. É permitido o saque do saldo de quotas do PIS pelos seguintes motivos: aposentadoria, invalidez permanente, reforma militar, transferência para a reserva remunerada, aids ou câncer do titular ou de seus dependentes, morte do titular, benefício assistencial a deficiente e idoso e participante com idade igual ou superior a 70 anos.

Os trabalhadores que já tiveram seus benefícios liberados podem sacá-los com Cartão do Cidadão nas máquinas de auto-atendimento, casas lotéricas e Caixa Aqui.

De julho até 19 de outubro, 7,8 milhões de trabalhadores receberam o abono, totalizando 66% daqueles que têm direito ao benefício. Já foram pagos, até agora, R$ 2,9 bilhões. Receberam os rendimentos do PIS 9,6 milhões de trabalhadores, ou seja, 32% do total. O valor pago foi de R$ 380 milhões.

Quem tiver dúvidas sobre o pagamento do abono salarial e dos rendimentos do PIS pode ligar para o telefone 0800-726-0101. Mais informações podem ser obtidas também pelo site da Caixa Econômica Federal.

A PREVENÇÃO COMEÇA EM CASA!!

Pessoas, nos mais diferentes lugares, em cidades consideradas pacatas, em famílias ditas ´equilibradas´, são surpreendidas pela violência promovida pelas drogas. Adolescentes e jovens, na ilusão do prazer, com a vontade de descobrir e de sentir ´novas sensações´, são facilmente tragados por substâncias que têm a capacidade de transformá-los em verdadeiros escravos e ainda levá-los a praticar atos violentos, dentro e fora de casa.

A Palavra de Deus nos diz "Os loucos não pararão à tua vista; aborreces a todos os que praticam a maldade." Salmo 5:5.Estes loucos são os que se envolvem principalmente com drogas, e não os doentes mentais que sofrem por uma debilidade humana.

A grande oferta de drogas e a difícil missão dos órgãos repressores em coibir ações criminosas de compra e venda dessas substâncias, muito contribui para a proliferação desse mal, porém isto não é motivo para afastar-se de Deus e de seus ensinamentos.

A falta de perspectiva do jovem num mundo de concorrência infernal, valores invertidos, desinformação, desigualdade social, ausência de referenciais positivos também contribuem.
A família é a maior sofredora e a maior perdedora nessa guerra. O lar é o ambiente ideal para se promover a prevenção. Acredito que a saída está na construção de relações fortes, diálogo, troca de informações, interesse no outro, criação de oportunidades para uma maior aproximação entre as pessoas, a começar em casa. É uma luta de todos nós!

Portanto meu caríssimo jovem reflita, e, corra agora mesmo para os braços do Senhor Jesus Cristo, antes que seja tarde demais e diga uma vez por todas, "Drogas na minha vida NÃO!!!! e o SANGUE DE JESUS TEM PODER!!!."

Tuesday, July 22, 2008

O novo aliado de Uribe

Em maio último, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi convidado a participar das comemorações do 198º aniversário da independência da Colômbia, em 20 de julho, a ex-senadora Ingrid Betancourt ainda era refém das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o presidente colombiano Álvaro Uribe não era propriamente o interlocutor preferencial de Brasília, entre os governantes sul-americanos. Desde a sua primeira eleição, Lula só tinha feito uma visita à Colômbia, em 2005. Mais uma vez, no entanto, a sorte o contemplou. De maio para cá Uribe ganhou projeção mundial com o espetaculoso resgate de Ingrid e de 14 outros prisioneiros das Farc, no começo do mês - demonstrando o acerto da sua política de linha-dura contra a narcoguerrilha.

Depois dessa vitória, o governo de Bogotá resolveu transformar a passagem da data nacional do país, este ano, em marco da luta pela libertação dos mais de 700 cativos em poder das Farc, promovendo manifestações de massa nas principais cidades colombianas (que se reproduziriam em 90 centros do exterior). A celebração oficial foi em Letícia, na fronteira com o Brasil e o Peru. Ali, junto com o anfitrião e o peruano Alan Garcia, com os quais assinaria um acordo de cooperação militar contra a droga e o contrabando na região, Lula molhou as mãos com tintas azul e amarela, as cores colombianas, para imprimi-las num muro grafitado com apelos pela liberdade dos seqüestrados.

E assim Lula deixou a marca que simboliza a sua nova condição de aliado de Uribe no combate ao farquismo. Antes tarde, é o caso de dizer. Por sinal, no seu primeiro discurso em Bogotá, depois do cativeiro, Ingrid não incluiu o governo brasileiro entre aqueles aos quais agradeceu por seus esforços para libertá-la - e, efetivamente, não teria por que fazê-lo.

Agora, a página da omissão parece virada. Doravante, se quando a soltura dos reféns passar por algum tipo de negociação internacional, o Brasil estará a postos. A aproximação com Uribe credencia o presidente brasileiro a contribuir para a cicatrização do problema nas relações entre a Colômbia e o Equador, aberto quando da incursão colombiana à área de fronteira do país vizinho, em 1º de março, para um bem-sucedido ataque a um acampamento das Farc no local.

Mais importante para Lula, de todo modo, era superar a relutância de Uribe - cujas razões o governo brasileiro considerava obscuras - diante do polêmico projeto do Conselho de Defesa da América do Sul, concebido pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim. Apresentada na reunião de maio da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), em Brasília, a proposta foi praticamente ignorada pelos participantes, a começar dos colombianos. Outro interesse do Planalto é o de aquecer o comércio entre os dois países, que movimenta apenas US$ 2 bilhões (com superávit para o Brasil), o que levou à inclusão de empresários na comitiva presidencial. Nesse contexto, deve-se registrar o financiamento de US$ 650 milhões concedido pelo BNDES para que a Camargo Corrêa e a Odebrecht construam uma ferrovia ligando o altiplano colombiano ao litoral atlântico do país, com um ramal que chegará até a siderúrgica recentemente comprada pela Votorantim.

A propósito, antes de chegar a Letícia, Lula esteve em Riberalta, no extremo norte boliviano, onde assinou um protocolo para emprestar ao governo de La Paz US$ 230 milhões, destinados à construção de 508 quilômetros de estradas de rodagem. Riberalta fica no Departamento de Beni, o quarto a votar pela autonomia (depois de Santa Cruz, Pando e Tarija, os mais ricos do país) em relação ao poder central. E em 10 de agosto a Bolívia votará no referendo convocado pelo presidente Evo Morales sobre a sua permanência no governo - derrotado, convocará novas eleições. Naturalmente, a presença de Lula e de dinheiro brasileiro contam pontos para Evo, mas o que parece mover a oferta são interesses de empresas nacionais operando (ou podendo vir a operar) na Bolívia. Esse é o sentido do anúncio genérico do presidente sobre novos investimentos da Petrobrás no país, em joint ventures com a YPFB, a companhia energética nacional.

Desde a nacionalização do setor, em 2006, a Petrobrás investe na Bolívia o estritamente necessário para a manutenção de suas operações. A empresa é o maior produtor e comprador de gás natural boliviano. São 30 milhões de metros cúbicos importados por dia. O suprimento está contratado até 2019. “É necessário que prevaleça a visão de longo prazo”, exortou Lula.
Marinha Informa
Marinha do Brasil participa de operação da OTAN
No mês de julho, a Fragata “Liberal” participou, a convite de Portugal, de uma operação militar da OTAN (Organização do Tratado Atlântico Norte). Trata-se de exercícios de guerra anti-submarino e de manutenção de paz.Durante a operação, o Navio possuía um helicóptero embarcado e dispunha de tripulação composta por cerca de 350 militares.A LUSA, agencia de notícias de Portugal, publicou matéria sobre a referida operação em seu site. A Marinha do Brasil, por meio do Comando do 9º Distrito Naval, participa da Comissão de Representação denominada BRACOLPER. Essa Comissão visa ampliar os laços de amizade entre a Marinha do Brasil e as Armadas da Colômbia e do Peru.A BRACOLPER 2008 teve como evento correlacionado o 198º aniversário de Independência da Colômbia, realizado no dia 20 de julho, em Letícia, na cidade colombiana fronteiriça com o Brasil. Nos eventos comemorativos alusivo à data, compareceram os chefes de Estado do Brasil, Colombia e Peru, Luiz Inácio Lula da Silva, Álvaro Uribe e Alan Garcia, respectivamente. Na ocasião, houve desfile militar ao som da Canção do Cisne Branco, executado pela Banda de Música do 9º Distrito Naval, desfilaram em continência às autoridades presentes. Também estavam no desfile, dentre outros, os Ministros da Defesa, Nelson Jobim, e da Justiça, Tarso Genro.Como complemento às comemorações pela aniversário de independência da Colômbia e, novamente com a presença dos presidentes dos três paises, foi realizado show público, em Letícia, em celebração à união entre os povos e pela liberdade de seqüestrados na Colômbia, com os cantores colombianos Carlos Vives e Shakira.
AMÉRICA DO SUL
Acordo coloca Brasil no combate às Farc
Documento assinado pelos presidentes Lula e Uribe com o colega peruano prevê patrulhamento conjunto dos rios na fronteira
Entre os acordos na área de defesa assinados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na visita à Colômbia, neste fim de semana, um deles especialmente marca um novo patamar no envolvimento do país com os problemas de segurança derivados do conflito interno colombiano. O memorando de entendimento sobre repressão ao tráfico de drogas e armas “e outras atividades delituosas” nos rios da fronteira amazônica, firmado por Lula e pelos vizinhos Álvaro Uribe (Colômbia) e Alan García (Peru), prevê a cooperação entre militares dos três países e a Polícia Federal (PF) brasileira, inclusive na abordagem, interceptação e eventual retenção de embarcações. Embora não a mencione explicitamente, o texto deixa aberta a possibilidade de ações conjuntas contra a guerrilha das Farc — que, no entanto, são citadas em um item que diz respeito à cooperação da população civil com informações sobre movimentações de “grupos armados irregulares”. O acordo trilateral complementa os convênios bilaterais firmados com a Colômbia, nos quais está prevista a intensificação dos contatos, inclusive com manobras conjuntas na fronteira, e até a integração entre a indústria bélica dos dois países. Mas o memorando sobre o patrulhamento dos rios estabelece bases legais para uma coordenação de ações que tem precedentes na prática. E, em última instância, abre portas para que militares brasileiros participem efetivamente de operações que vão além da repressão ao tráfico de armas e drogas. As três partes se comprometem a trocar “informações sobre o trânsito de embarcações supostamente envolvidas em delitos e contravenções”. Em caso de “flagrante delito”, ou quando haja “evidência de que uma embarcação esteja envolvida nos delitos”, o texto prevê que ela seja “imobilizada, assim sua tripulação, pessoal de bordo, cargas e provas” — por forças de qualquer um dos três países. Entre as atividades definidas no memorando está a realização de “operações conjuntas e/ou coordenadas (…) para reprimir os crimes e contravenções” envolvendo unidades dos três países, sempre sob comando da autoridade militar do país em cujos limites a ação se desenvolva — incluindo a PF no caso brasileiro. Está igualmente prevista a troca de “informação tática e de inteligência de caráter estratégico-operacional”, inclusive “durante o desenvolvimento de operações (…), para evitar que delinqüentes ultrapassem a fronteira”. Civis Uma das passagens mais delicadas é a referência à realização de “reuniões com as autoridades civis e habitantes da zona fronteiriça, com o propósito de obter a cooperação de ambos”. Os dois objetos dessa cooperação são “provimento de informações” e a instalação de “redes de comunicação, com a finalidade de alertar as autoridades sobre a presença de grupos armados à margem da lei, narcotraficantes e outras organizações delituosas”. Na prática, essa iniciativa equivale a estender para além das fronteiras colombianas um dos elementos-chaves da política de Segurança Democrática do presidente Álvaro Uribe: o envolvimento da população no esforço de guerra, como informante das forças regulares sobre a movimentação da guerrilha. Na Colômbia, essa política foi acompanhada pelo oferecimento de recompensas, criticado por organizações humanitárias por premiar o envolvimento de civis no conflito armado.Guerrilha rejeita apelo ao desarmamentoDa Redação Em resposta ao apelo de centenas de milhares de colombianos e cidadãos de vários países, que saíram às ruas no domingo para pedir a liberdade de todos os seqüestrados e o fim da luta armada, a guerrilha colombiana reafirmou ontem a decisão de seguir combatendo “enquanto não se acabe com as causas sociais do conflito ou que se instaure um novo poder que estabeleça justiça social”. Em texto publicado pela Agência Bolivariana de Imprensa, Rodrigo Granda e Jesús Santrich, em nome das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), citam o argentino Ernesto Che Guevara, herói da Revolução Cubana: “Em uma revolução, se vence ou se morre”. No texto de quatro páginas, Granda e Santrich asseguram que a sucessão de reveses sofridos desde março último, com a perda de três de seus principais comandantes e o resgate pelo Exército de Ingrid Betancourt e mais 14 reféns, não desencoraja os guerrilheiros. “Golpes são próprios do tipo de luta que empreendemos”, diz a mensagem. Na carta, Granda e Santrich afirmam que as Farc “nunca buscaram o conflito”, e que o mundo tem “uma percepção errada” de sua luta. “Reiteramos que não fomos nós que empurramos a Colômbia para a guerra, e sim aqueles que não fecham para o povo caminho da democracia”, prossegue o texto. Os dirigentes rejeitam os apelos para que as Farc desistam das armas — inclusive por parte do presidente venezuelano, Hugo Chávez: “Ninguém nos deterá, nem as calúnias nem os conselhos de apaziguamento”.

Monday, July 21, 2008

AVIAÇÃO
Calma aparente
Renata Mariz
Um ano depois do maior acidente da história do país, a tranqüilidade nos aeroportos contrasta com os bastidores do tráfego aéreo, que, segundo controladores, ainda enfrenta a falta de profissionais habilitados.As filas de embarque relativamente calmas e os saguões vazios dão a impressão de que muita coisa mudou no setor aéreo brasileiro. Nem de longe os aeroportos lembram o caos instalado durante a crise deflagrada pelo acidente da Gol, em setembro de 2006, e agravada pelo da TAM, em julho do ano passado. No rastro do colapso, ficaram denúncias alarmantes sobre a falta de segurança no ar e promessas anunciadas por autoridades do setor. O cenário mudou, de fato, nos aeroportos, mas nos bastidores do tráfego aéreo, a situação continua a mesma, segundo os controladores. A começar pelo número de profissionais, uma deficiência reconhecida publicamente pelos gestores da época. São cerca de 2.700, contra aproximadamente 2.600 daquele período. Por meio da assessoria de imprensa, a Aeronáutica esclarece que o número de 2.700 controladores divulgado refere-se a profissionais militares e que, além desses, há controladores civis. Mas não informa de quanto é o contingente adicional. De acordo com a força, foram contratados 600 controladores nos últimos dois anos por meio de concurso público. Entretanto, a saída de muitos profissionais reflete na quantidade ainda deficitária do quadro. Pior: os novatos estariam sendo habilitados de forma apressada, sem a experiência necessária para assumir os consoles, conforme mostram documentos. A Aeronáutica nega a existência da prática. Afirma que algumas turmas tiveram a formação, que dura dois anos, numa modalidade especial de um ano, mas ressalta que a carga horária foi mantida. Na avaliação de profissionais experientes, o tipo de treinamento é inadequado, pois coloca o aluno em atividade de controle simulado na parte da manhã e da tarde, o que acarretaria queda no aprendizado. A discordância do esquema de treinamento por parte de controladores mais experientes é corriqueira e está registrada em diversos relatórios oficiais da Aeronáutica. Em um dos ofícios, o sargento Brito, instrutor do 4º Centro Integrado de Defesa e Controle do Tráfego Aéreo (Cidnacta-4), em Manaus, reclama de ter sido informado de que um estagiário sob sua instrução recebeu habilitação para controlar vôos. “… na minha avaliação, o estagiário, em franca evolução operacional, ainda não reúne, contudo, as condições mínimas necessárias para ser checado e muito menos habilitado, por não ter computado o tempo mínimo previsto de 120 horas de estágio…”, diz o sargento em um comunicado à chefia, datado de maio de 2007. Advertência Uma situação semelhante, também em Manaus, levou o instrutor Sérgio Souza a recorrer a um relatório de perigo. Ele descreve que um sargento, identificado como Guedelha, depois de afastado seis meses das funções por ter pedido a habilitação, havia sido reabilitado sem apresentar condições para tal. “Solicito a reavaliação das cargas horárias dos estagiários, assim como o estágio e o curso do mesmo para posterior habilitação”, destacou Souza no relatório de perigo. Há situações também em que os próprios controladores, ao serem denominados instrutores, questionam se teriam qualificação. “… Consultei a IMA 100-18 (legislação sobre licenças e certificados de habilitação técnica para controlador de tráfego aéreo) e verifiquei que infelizmente não cumpro quase nenhuma das exigências que um instrutor deve ter…”, relata um sargento de Manaus, ao se reportar ao chefe avisando, por escrito, que não continuaria na função. O problema, segundo controladores ouvidos pelo Correio, é que boa parte dos quadros mais antigos, e portanto habilitados para serem instrutores, foi afastada das funções pelo Comando da Aeronáutica. Um levantamento da Federação Brasileira de Controladores de Tráfego Aéreo (Febracta) mostra que, do 1º semestre de 2007 para cá, pelo menos 74 profissionais saíram das salas de controle — uns foram demitidos, outros pediram baixa e há ainda os que continuam na Força Aérea, mas em atividades administrativas. Mais de 90% deles tinham tempo superior a cinco anos de serviço. Os afastamentos, segundo a Febracta, são na maioria fruto de perseguição contra controladores ligados a associações, à paralisação do dia 30 de março do ano passado ou profissionais que deram entrevistas a meios de comunicação. O número600 controladores foram contratados nos últimos dois anos por meio de concurso público, segundo a Aeronáutica Mudanças após o caosCoincidência ou não, depois que as denúncias sobre insegurança no ar pipocaram na imprensa, a Aeronáutica mudou o nome do relatório de perigo, ficha usada para descrever situações de risco, chamadas no jargão militar de incidentes, para relatório de prevenção. A assessoria de imprensa das Forças Armadas denominou a alteração como “atualização de nomenclatura, face ser uma ferramenta exclusiva para prevenção”. No entanto, as mudanças não se limitaram ao nome da ficha. As formas de preenchimento também sofreram alterações. Antes de responsabilidade exclusiva dos controladores de tráfego aéreo, os relatórios passaram a ser manuseados apenas por oficiais supervisores — figura criada pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) após a paralisação de 30 de março do ano passado, para ficar nas salas de controle. “Eles não têm formação em controle, não entendem nada da área, no entanto são responsáveis por registrar os incidentes descritos”, reclama um controlador que teme se identificar. Até o acidente com o avião da Gol, em 29 de setembro de 2006, era o controlador que preenchia, assinava e catalogava o relatório de perigo, para que fosse encaminhado ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). O acesso a essas informações, agora, está muito restrito, relatam unanimemente três profissionais ouvidos pela reportagem. Da mesma forma, a notificação no Livro de Registro de Ocorrências, onde constam problemas como falhas de radares e de comunicação, foi limitada. Cópias de ofícios timbrados com o brasão do Ministério da Defesa, enviados pelo 1º Centro Integrado de Defesa e Controle do Tráfego Aéreo (Cindacta-1, em Brasília) à Seção de Investigação e Prevenção de Acidentes e Incidentes (Sipacea), braço do próprio centro, mostram relatos diários e repetidos de dificuldades técnicas no ano de 2007 inteiro. Alvos falsos, altura imprecisa da aeronave e queda de freqüência são os problemas mais comuns. Em relatório de perigo de junho do ano passado, o temor do controlador: “Mais de oito meses após o acidente com o GLO 1907, as trocas automáticas de níveis de vôo pelo sistema ainda estão ocorrendo…”, descreve, dando como exemplo quatro vôos que, naquele dia, apresentaram o defeito. (RM)
AVIAÇÃO
Calma aparente
Renata Mariz
Um ano depois do maior acidente da história do país, a tranqüilidade nos aeroportos contrasta com os bastidores do tráfego aéreo, que, segundo controladores, ainda enfrenta a falta de profissionais habilitados.As filas de embarque relativamente calmas e os saguões vazios dão a impressão de que muita coisa mudou no setor aéreo brasileiro. Nem de longe os aeroportos lembram o caos instalado durante a crise deflagrada pelo acidente da Gol, em setembro de 2006, e agravada pelo da TAM, em julho do ano passado. No rastro do colapso, ficaram denúncias alarmantes sobre a falta de segurança no ar e promessas anunciadas por autoridades do setor. O cenário mudou, de fato, nos aeroportos, mas nos bastidores do tráfego aéreo, a situação continua a mesma, segundo os controladores. A começar pelo número de profissionais, uma deficiência reconhecida publicamente pelos gestores da época. São cerca de 2.700, contra aproximadamente 2.600 daquele período. Por meio da assessoria de imprensa, a Aeronáutica esclarece que o número de 2.700 controladores divulgado refere-se a profissionais militares e que, além desses, há controladores civis. Mas não informa de quanto é o contingente adicional. De acordo com a força, foram contratados 600 controladores nos últimos dois anos por meio de concurso público. Entretanto, a saída de muitos profissionais reflete na quantidade ainda deficitária do quadro. Pior: os novatos estariam sendo habilitados de forma apressada, sem a experiência necessária para assumir os consoles, conforme mostram documentos. A Aeronáutica nega a existência da prática. Afirma que algumas turmas tiveram a formação, que dura dois anos, numa modalidade especial de um ano, mas ressalta que a carga horária foi mantida. Na avaliação de profissionais experientes, o tipo de treinamento é inadequado, pois coloca o aluno em atividade de controle simulado na parte da manhã e da tarde, o que acarretaria queda no aprendizado. A discordância do esquema de treinamento por parte de controladores mais experientes é corriqueira e está registrada em diversos relatórios oficiais da Aeronáutica. Em um dos ofícios, o sargento Brito, instrutor do 4º Centro Integrado de Defesa e Controle do Tráfego Aéreo (Cidnacta-4), em Manaus, reclama de ter sido informado de que um estagiário sob sua instrução recebeu habilitação para controlar vôos. “… na minha avaliação, o estagiário, em franca evolução operacional, ainda não reúne, contudo, as condições mínimas necessárias para ser checado e muito menos habilitado, por não ter computado o tempo mínimo previsto de 120 horas de estágio…”, diz o sargento em um comunicado à chefia, datado de maio de 2007. Advertência Uma situação semelhante, também em Manaus, levou o instrutor Sérgio Souza a recorrer a um relatório de perigo. Ele descreve que um sargento, identificado como Guedelha, depois de afastado seis meses das funções por ter pedido a habilitação, havia sido reabilitado sem apresentar condições para tal. “Solicito a reavaliação das cargas horárias dos estagiários, assim como o estágio e o curso do mesmo para posterior habilitação”, destacou Souza no relatório de perigo. Há situações também em que os próprios controladores, ao serem denominados instrutores, questionam se teriam qualificação. “… Consultei a IMA 100-18 (legislação sobre licenças e certificados de habilitação técnica para controlador de tráfego aéreo) e verifiquei que infelizmente não cumpro quase nenhuma das exigências que um instrutor deve ter…”, relata um sargento de Manaus, ao se reportar ao chefe avisando, por escrito, que não continuaria na função. O problema, segundo controladores ouvidos pelo Correio, é que boa parte dos quadros mais antigos, e portanto habilitados para serem instrutores, foi afastada das funções pelo Comando da Aeronáutica. Um levantamento da Federação Brasileira de Controladores de Tráfego Aéreo (Febracta) mostra que, do 1º semestre de 2007 para cá, pelo menos 74 profissionais saíram das salas de controle — uns foram demitidos, outros pediram baixa e há ainda os que continuam na Força Aérea, mas em atividades administrativas. Mais de 90% deles tinham tempo superior a cinco anos de serviço. Os afastamentos, segundo a Febracta, são na maioria fruto de perseguição contra controladores ligados a associações, à paralisação do dia 30 de março do ano passado ou profissionais que deram entrevistas a meios de comunicação. O número600 controladores foram contratados nos últimos dois anos por meio de concurso público, segundo a Aeronáutica Mudanças após o caosCoincidência ou não, depois que as denúncias sobre insegurança no ar pipocaram na imprensa, a Aeronáutica mudou o nome do relatório de perigo, ficha usada para descrever situações de risco, chamadas no jargão militar de incidentes, para relatório de prevenção. A assessoria de imprensa das Forças Armadas denominou a alteração como “atualização de nomenclatura, face ser uma ferramenta exclusiva para prevenção”. No entanto, as mudanças não se limitaram ao nome da ficha. As formas de preenchimento também sofreram alterações. Antes de responsabilidade exclusiva dos controladores de tráfego aéreo, os relatórios passaram a ser manuseados apenas por oficiais supervisores — figura criada pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) após a paralisação de 30 de março do ano passado, para ficar nas salas de controle. “Eles não têm formação em controle, não entendem nada da área, no entanto são responsáveis por registrar os incidentes descritos”, reclama um controlador que teme se identificar. Até o acidente com o avião da Gol, em 29 de setembro de 2006, era o controlador que preenchia, assinava e catalogava o relatório de perigo, para que fosse encaminhado ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). O acesso a essas informações, agora, está muito restrito, relatam unanimemente três profissionais ouvidos pela reportagem. Da mesma forma, a notificação no Livro de Registro de Ocorrências, onde constam problemas como falhas de radares e de comunicação, foi limitada. Cópias de ofícios timbrados com o brasão do Ministério da Defesa, enviados pelo 1º Centro Integrado de Defesa e Controle do Tráfego Aéreo (Cindacta-1, em Brasília) à Seção de Investigação e Prevenção de Acidentes e Incidentes (Sipacea), braço do próprio centro, mostram relatos diários e repetidos de dificuldades técnicas no ano de 2007 inteiro. Alvos falsos, altura imprecisa da aeronave e queda de freqüência são os problemas mais comuns. Em relatório de perigo de junho do ano passado, o temor do controlador: “Mais de oito meses após o acidente com o GLO 1907, as trocas automáticas de níveis de vôo pelo sistema ainda estão ocorrendo…”, descreve, dando como exemplo quatro vôos que, naquele dia, apresentaram o defeito. (RM)

Wednesday, July 09, 2008

Uma política para a indústria bélica
Rubens Barbosa

O relatório sobre os gastos militares no mundo no período 2006/7 foi divulgado pelo Instituto Internacional de Pesquisa da Paz (SIPRI), de Estocolmo. Segundo esse trabalho, os gastos militares globais cresceram 45% nos últimos dez anos. Em 2007, o gasto total subiu a US$1,34 trilhão, representando 2,5% do PIB mundial. O Brasil está em 12º lugar, aparecendo com 1% das despesas militares do mundo. O orçamento com a Defesa corresponde a 1,9% do PIB, e é destinado, sobretudo, às aposentadorias e pensões dos militares, não nas compras de armamento. Na América Latina, Chile, Peru, Venezuela gastam mais em Defesa do que o Brasil.

A defesa de nossas fronteiras, em especial na região amazônica e nas plataformas de produção e de perfuração em nosso mar territorial, tornou-se urgente e passou a ser uma questão de segurança nacional. Há hoje uma perigosa redução da capacidade do sistema de defesa nacional. A baixa capacidade dissuasória das Forcas Armadas pode redundar na fragilização de nossa política externa.

Em artigo recém-publicado no segundo número da revista "Interesse Nacional" ("A política de defesa nacional"), o ministro da Defesa, Nelson Jobim, aborda, de forma adequada e oportuna, entre outros temas, a necessidade de fortalecimento da indústria nacional de material bélico.

"O Brasil não pode mais aceitar a condição de, na melhor das hipóteses, produzir sob licença material desenvolvido em outros países. O domínio da tecnologia é um objetivo consistente com manutenção da capacidade dissuasória. A capacitação tecnológica nacional constitui requisito para a aquisição de equipamentos.

"Embora a ação estatal seja imprescindível à sobrevivência da indústria de defesa, o setor privado tem importante papel a desempenhar. As possibilidades de derivação das tecnologias de uso militar para o emprego civil tornam importante a participação do setor privado. A interação entre institutos governamentais e privados, militares e civis, já existe. Os institutos militares desenvolvem, sozinhos ou em parcerias com instituições de pesquisa públicas e de empresas privadas, projetos de armamentos e equipamentos diversos.

"O governo brasileiro deverá ter papel ativo nesse processo de consolidação da indústria nacional de defesa. Poder-se-ão definir procedimentos especiais de compras públicas para privilegiar o fornecedor nacional comprometido com programas de modernização tecnológica. Poderão ser criados, até mesmo, instrumentos de participação governamental direta na gestão das empresas estratégicas do setor, como ações especiais do tipo golden share."

Assim, o potencial é enorme. O fortalecimento da produção nacional não só poderá atender ao mercado interno, mas também ao sul-americano e de outras regiões em desenvolvimento. Além da fabricação de novos equipamentos, também o mercado de reposição poderia ser adequadamente explorado. Problemas de falta de peças e assistência afetaram, por exemplo, a operação dos veículos Cascavel e Urutu no Exército e nos Fuzileiros Navais no Brasil. Algo, no entanto, foi feito com a criação, pelo Exército, do Arsenal de Guerra de São Paulo para a revitalização desses veículos, incluindo os que estão operando no Haiti.

Vale lembrar que, no fim dos anos 70 e início dos 80, o Brasil estava entre os principais fornecedores de material bélico no mundo. O governo de Saddam Houssein comprou 364 unidades do Cascavel e do Urutu. Quinze anos após a decretação da falência da Engesa e após três campanhas militares, os veículos blindados de rodas Cascavel voltaram a rodar no Iraque. Esses veículos foram reformados pela empresa Anham Inc., de capital saudita, americano e jordaniano. No dia 8 de janeiro de 2008, 35 veículos Cascavel foram incorporados ao Exército do Iraque e serão utilizados em check points e patrulhas. Nas palavras de um oficial norte-americano, "restituirão o orgulho às Forças iraquianas".

As grandes transformações por que passam a América do Sul e, em especial, o Brasil estão a exigir da sociedade, do governo e do setor privado uma nova atitude em relação ao desenvolvimento de uma indústria de material bélico autônoma e à altura dos desafios que o Brasil passou a enfrentar, com a perspectiva de um papel mais relevante no cenário mundial.

O governo promete fazer sua parte. Com a palavra o setor privado.

RUBENS BARBOSA é presidente do Conselho de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Tuesday, July 01, 2008

Novo mapa dos ricos no mundo
A fatia dos Estados Unidos no bolo dos milionários mundiais está encolhendo.

No ano passado, a população de milionários em países do chamado BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), considerados emergentes, aumentou quase cinco vezes mais rápido que a dos EUA. Foi a maior alteração em termos de criação de milionários desde que os dados da pesquisa começaram a ser divulgados, em 2003.

O número de milionários no Brasil, Rússia, Índia e China subiu 19% em 2007, contra 3,7% nos EUA, segundo relatório produzido pela Merrill Lynch e pela Capgemini.

Os EUA ainda dominam o cenário mundial dos muito ricos. O país conta com mais de 3 milhões de milionários, definidos através do critério de contar com um patrimônio para investimento de US$ 1 milhão ou mais. É um aumento de 100.000 ricaços em relação ao total de 2006.

Mas os países emergentes ficaram no ano passado com o grosso do crescimento no número de ricos. Brasil, China, Índia e Rússia produziram 133.000 novos milionários.

Indianos batem recorde
A população de milionários da Índia cresceu 22,7% ano passado, o ritmo mais rápido do mundo.

Brasil e China
He Guoqiang, membro do Comitê Permanente do Birô Política do Comitê Central do Partido Comunista da China fará uma visita oficial a Brasília, nesta terça-feira. O embaixador chinês, Chen Duqing é quem vai recebê-lo. He Guogiang virá acompanhado de uma delegação oficial composta por seis pessoas, entre elas, o ministro do Departamento Internacional do Comitê Central, Wang Jiarui. No roteiro da visita está a Câmara dos Deputados, onde os chineses irão expressar a relevância da parceria estratégica entre os dois países.

Oportunidades de Negócios
Ainda dentro do assunto sobre o crescimento do mercado chinês, acontece às 9h, na Fibra, o seminário Oportunidades de Negócios na China. O evento será promovido pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e realizado pelo Secretariado Permanente do Fórum para Cooperação Econômica e Comercial da China e Países de Língua Portuguesa.

Jornal do Brasil INFORME JB
Sobre petróleo, dinheiro e armas
Leandro Mazzini

Teorias da conspiração permeiam as confabulações populares em se tratando de interesses dos Estados Unidos. Os EUA sempre monitoraram informações dos outros. Como o petróleo no Brasil. A reserva americana vai durar poucos anos. Daí a necessidade de ocupação do Iraque, grande produtor, e das boas relações com a Arábia Saudita.

Os EUA vão reativar sua IV Frota no Cone Sul. Um porta-aviões modelo Nimitz vai navegar por águas latinas, inclusive brasileiras. Carrega até 90 caças e alguns submarinos nucleares. O combate ao crescente terrorismo foi a justificativa. O Nimtiz surge junto com a descoberta do megacampo de Tupi. Há três meses, dados secretos sobre essas reservas foram roubados no Rio. A PF tratou como furto comum. Cheney tem participação na empresa que cuidava do transporte desses dados no Brasil, em parceria com a Petrobras. Acionista de petrolíferas, foi Cheney quem fez o maior lobby para a reativação da IV Frota. Até que o primeiro barril extraído de Tupi prove o contrário, tudo não passa de conspiração.

Jornal do Brasil Leme pede o fim da favelização
Associação e ONG fazem reunião com moradores e autoridades para acabar com a violência

Cansados da rotina de violência, moradores do Leme decidiram cobrar uma solução para a falta de segurança no bairro diretamente do secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame. Ontem, em reunião com autoridades estaduais da área e também do meio ambiente, eles debateram os problemas que o bairro vem enfrentando e a sensação de insegurança que se instalou na região há mais de um ano.

– Aqui tem tiroteio dia e noite, a situação chegou a tal ponto que alguns moradores chegaram a pensar em blindar suas janelas ou até mesmo deixar o bairro – declarou o presidente da associação de moradores do Leme, Francisco Chagas. – Mas blindar as casas é resolver uma situação individual. Temos que eliminar o problema na base. Por isso esta reunião.

Em carta enviada ao governador Sérgio Cabral, no início de junho, o movimento sócio-ambiental independente dos moradores do bairro, o SOS Leme, mostrou a preocupação com as invasões nas áreas florestais e terrenos privados, já que a infraestrutura do bairro não comporta a ocupação desordenada do solo e o crescimento descontrolado de sua população. Ainda na carta, o grupo afirma que o poder público não pode mais se manter calado diante destes fatos ligados à Segurança e Meio Ambiente.

– O Leme é um bairro pequeno e nós queremos saber quais as propostas do governo para resolver o nosso problema – destacou o coordenador do Movimento SOS Leme, Sebastian Archer. – Queremos relatar nesta reunião o que vem ocorrendo no bairro em função de uma guerra. Mas não queremos falar só de segurança, por isso contaremos, também, com a presença de representantes da Secretaria Estadualç do Meio Ambiente e Assistência Social.

Sitiados pela guerra
Nos últimos quatro meses, os moradores do Leme vêm se sentindo sitiados pela guerra entre quadrilhas de traficantes rivais nos morros do bairro. Freqüentes, os tiroteios pela disputa do controle dos morros da Babilônia e Chapéu Mangueira não apenas assustam como vêm tirando os moradores das ruas, principalmente à noite.

A disputa nos morros teve início em abril quando traficantes de uma quadrilha, ligada à favela da Rocinha, em São Conrado, invadiram e expulsaram o grupo rival, que dominava as duas comunidades no Leme. Desde então, os confrontos têm sido constante. No pior deles, em pleno feriado de Corpus Christi, a guerra chegou ao asfalto. À noite, depois de uma invasão pela mata, até um espetáculo no Teatro Villa-Lobos, na Avenida Princesa Isabel, teve que ser cancelado.

Thursday, June 26, 2008

MERCOSUL
Lula se reúne com Chávez
Viviane Vaz
Com a adesão da Venezuela encalhada no Congresso brasileiro, presidente vai a Caracas discutir projetos de cooperação bilateral. Na semana que vem, governantes do bloco se encontram na Argentina.O presidente Lula se encontra amanhã em Caracas com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, para avançar a cooperação industrial, agrícola, educacional e energética. Alguns temas estarão também na pauta da próxima cúpula do Mercosul, em 30 de junho e 1º de julho, como a adesão plena da Venezuela ao bloco. A medida depende de ratificação parlamentar no Brasil e Paraguai. O porta-voz do Planalto, Marcelo Baumbach, afirmou ontem que a questão “agora é apenas técnica”, pois o governo de Chávez deveria ter apresentado até este mês uma lista de mil produtos para desagravação comercial, e de 500 para exceção à Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul. O procedimento é necessário para finalizar o processo de adesão, pois Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai deixarão de cobrar tarifas de importação aos produtos venezuelanos, com exceção dos listados. Segundo Baumbach, “o lado venezuelano está disposto a avançar”. Do lado brasileiro, porém, falta resolver ainda uma questão política. Em outubro e novembro passados, as comissões de Relações Exteriores e Justiça da Câmara dos Deputados aprovaram o protocolo de adesão da Venezuela. Agora, o plenário da Câmara precisa confirmar a decisão e passar a matéria para o Senado. Lá, o trâmite se repetirá nas comissões responsáveis e no plenário. Analistas consideram que o processo dificilmente será concluído neste ano, como quer o presidente Lula. Senadores da oposião usam a questão técnica como empecilho, e as eleições municipais, no segundo semestre, deverão retardar o andamento de projetos. Agenda O deputado Rosinha (PT-PR), que assume a presidência rotativa do Parlamento do Mercosul neste sábado, revelou ao Correio que o tema da adesão da Venezuela sequer foi colocado na pauta de votações do plenário da Câmara. “Eu pedi ao presidente da casa, Arlindo Chinaglia, para que fosse pautado para junho”, afirma Rosinha. Ele achava importante que o presidente Lula pudesse apresentar algum avanço desse processo aos colegas do Mercosul, que se reúnem na Argentina nas próximas segunda e terça-feira. Agora, o deputado espera ao menos realizar a votação antes do recesso, a partir de 17 de julho. Rosinha considera que “quem está contra a entrada da Venezuela (no Mercosul) trabalha contra o Brasil”, e lembra que “a União Européia se formou sem perguntar qual era a ideologia dos governantes dos países membros”. Nos seis meses em que presidirá o Parlamento do bloco, o deputado espera trabalhar pela adesão do novo sócio. Mas ele reconhece que há resistências a serem vencidas também no Parlamento paraguaio. Com a posse de Fernando Lugo, em agosto, espera-se que o impasse por lá seja resolvido logo. Argentina e Uruguai já ratificaram o ingresso da Venezuela. No encontro de amanhã, Lula e Chávez debaterão também o trânsito de pessoas e mercadorias mediante a racionalização dos serviços aduaneiros, sanitários e migratórios, para criar uma Área de Controle Integrado. Os dois governos esperam estimular o desenvolvimento da região de fronteira, particularmente entre os estados de Roraima (Brasil) e Bolívar. Para isso, está prevista a assinatura de um documento para a interconexão elétrica entre os dois países. Cúpula O presidente Lula se reuniu pela manhã com representantes de 12 ministérios e representantes da Petrobras, do BNDES, da Embrapa e da Associação Brasileira para o Desenvolvimento Industrial (ABDI), para saber como andam os principais projetos de cooperação com países da América do Sul. Depois de se reunir com o presidente venezuelano, Lula participará da 35ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, em San Miguel de Tucumán, na Argentina. Lá, deverá apresentar as iniciativas do Brasil para o aperfeiçoamento do bloco. Lula pediu que se agilize a conclusão de obras de infra-estrutura, como a segunda ponte sobre o Rio Paraná, ligando o Brasil ao Paraguai, além de linhas de extensão de energia entre a usina binacional de Itaipu e a capital paraguaia, Assunção. Também estão previstas a construção da hidrelétrica de Garabi, no Rio Grande do Sul, em associação com a Argentina; de uma ponte sobre o Rio Mamoré, para unir a cidade brasileira de Guajará-Mirim à de Guayaramerín, na Bolívia; uma ponte sobre o Rio Jaguarão, entre Jaguarão (RS) e Rio Branco, no Uruguai. O presidente também pediu que se estude a redução das taxas de embarque nos aeroportos.
Correio Braziliense

Renúncia de Duarte vira crise no Paraguai
O pedido de renúncia do presidente do Paraguai continua sem resposta e trouxe à tona a divisão política no Paraguai e no Partido Colorado, que ficou 61 anos no poder. O clima no Congresso é tenso, com especulações sobre um possível boicote à posse do sucessor, Fernando Lugo, em 15 de agosto. Depois de cinco anos como chefe de Estado, Duarte tem prazo até hoje para deixar o governo e concretizar o objetivo de voltar ao Congresso. Nas eleições de abril, o presidente se candidatou a senador e, apesar da baixa popularidade, foi eleito com o maior número de votos para o cargo: 500 mil. Os novos congressistas prestarão juramento na próxima terça-feira, e por isso ele apresentou no início da semana o pedido de renúncia. A primeira sessão convocada para votação da matéria não teve quorum. A oposição e uma pequena parte do Partido Colorado não compareceram. “Nosso partido está em crise, desgastado e com o moral baixo depois que perdemos a eleição Alguns estão a favor de Nicanor Duarte, e outros contra”, afirmou ao Correio Juan Aristídes da Rosa, deputado colorado reeleito. De acordo com a legislação, Duarte se tornará senador vitalício depois de deixar a presidência, mas nessa condição terá apenas voz — e não direito de voto. “É justamente isso (que o presidente se torne senador com plenos direitos) que a oposição quer impedir”, garante Juan Aristídes. Com o impasse, parlamentares colorados chegaram a ameaçar com obstáculos à posse de Fernando Lugo. Em resposta, o vice-presidente eleito, Federico Franco, fala em recorrer a Suprema Corte. “Fomos boicotados a vida toda, uma vez mais não há de ser nada”, declarou Franco. Uma fonte do Partido Liberal Radical Autêntico, aliado a Lugo, revelou ao Correio que hoje a sessão de votação do pedido de renúncia vai ter quorum. Para Juan Aristídes, com o enfraquecimento do Partido Colorado, é preciso se unir à oposição. “Temos que fazer essa transição como algo histórico e positivo. Precisamos ter um relacionamento mais profundo com o novo governo.”
Correio Braziliense

EQUADOR
Armamentos para a fronteira
O Equador começou as negociações para a compra de 24 aviões Super Tucano brasileiros e seis aviões israelenses não-tripulados, além de equipamentos de comunicação e radares para melhorar o controle de suas fronteiras, principalmente com a Colômbia, anunciou o ministro da Defesa, Javier Ponce. “Essa é uma tentativa de controlar as fronteiras, controlar as forças irregulares, especialmente as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia”, disse Ponce, referindo-se à guerrilha esquerdista. No dia 1º de março, tropas colombianas invadiram o território equatoriano e bombardearam um acampamento instalado pelas Farc, onde morreu o porta-voz Raúl Reyes. O ataque desencadeou uma crise envolvendo Colômbia de um lado e Equador e Venezuela de outro. Dos US$ 400 milhões destinados a reforçar a Força Aérea equatoriana, pelo menos US$ 270 milhões correspondem à compra dos aviões brasileiros.

Tuesday, June 24, 2008

Jornal de Brasília

COLUNA GILBERTO AMARAL
Dois quatro estrelas
De primeira: já está marcada para os dias 1º, 2 e 3 de julho, a reunião do Alto Comando do Exército Brasileiro. Presidida pelo general Enzo Martins Peri e os seus colegas quatro estrelas, estarão reunidos para as novas promoções.

Grande expectativa
São oito vagas: duas quatro estrelas, duas divisão e quatro brigada. Para general de Exército, os três primeiros da lista são: Rui Moreira da Silva, Ítalo Avena e Luis Carlos Dantas.
O Estado de São Paulo

OPINIÃO
O porto de santos e as cargas especiais
Helder Malaguera*
Em maio do ano passado o governo criou uma Secretaria Especial de Portos (SEP), com status de Ministério, para viabilizar projetos e obras para a infra-estrutura portuária, que ameaçava entrar em colapso. O ministro Pedro Brito fez apresentações pelo País, visitou portos, ouviu autoridades portuárias e empresários e divulgou o programa e metas da nova pasta.Hoje, pouco mais de um ano depois, o saldo é positivo - nos últimos meses surgiram projetos de novos portos e terminais marítimos por todo o Brasil e portos importantes, como o de Santos, responsável por 27% de todo o movimento de cargas do País, receberam atenção especial e começam a sair do processo de paralisia em que se encontravam, empurrados por verbas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e por projetos privados.As obras da avenida perimetral, principal entrave no acesso ao porto, começam a sair do papel, a dragagem de manutenção do canal de acesso está sendo realizada e em breve deve começar a dragagem de aprofundamento, que permitirá a Santos receber navios maiores que hoje não conseguem chegar aos terminais. Para atender à demanda futura, o Porto de Santos conseguiu apoio da SEP e foi autorizado o estudo de viabilidade para implantação do projeto Barnabé-Bagres, que deve mais que duplicar a capacidade do porto. Ainda em Santos, alguns novos projetos entraram em obras, como o terminal da Embraport, o projeto da Brasil Terminais, os terminais de Granéis Líquidos e o Corredor de Conceiçãozinha, que devem contabilizar em torno de 20 novos berços para o porto da baixada, o que representa um aumento de cerca de 1/3 na capacidade atual.Santos vai deixar de ser mote do apagão portuário e vai continuar mantendo sua posição de principal ponto de entrada e saída de mercadorias do País. Contudo, como todo o processo de crescimento ocorrido nos últimos anos nesse setor, há um excessivo destaque nos novos projetos aos terminais que movimentam contêineres. As Companhias Docas esquecem os volumes consideráveis de cargas não-conteinerizáveis, que incluem máquinas, equipamentos, automóveis, madeiras e cargas especiais ou superdimensionadas, como pás eólicas, geradores e usinas desmontadas. São cargas que viajam soltas, nos navios especializados da categoria ro-ro, que possuem pranchas rolantes especiais para esse tipo de embarque. Nos últimos cinco anos, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, essas cargas foram responsáveis por 23,5% das exportações brasileiras e por cerca de 23,2% das importações. Isso mostra a importância desse tipo de navio, pois esse tipo de carga de alto valor agregado (bens de capital) aumenta a capacidade produtiva das empresas e está relacionado diretamente à renovação do parque industrial.Até o ano passado, Santos mantinha dois berços para atracação de navios ro-ro, um terminal especializado em veículos, implantado para atender às exportações do Fox pela Volkswagen em 2006, e um terminal público na área denominada Saboó, que fica, no entanto, entre dois terminais de contêineres e tem problemas para receber navios maiores. Para complicar mais ainda, em junho de 2006 a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) editou resolução de atracação retirando a prioridade dos navios ro-ro nesse local. As empresas atingidas entraram com ação judicial e, em dezembro do ano passado, a Justiça decidiu a favor - somente agora em junho, no entanto, a Codesp editou resolução estabelecendo novas normas para a atracação dos navios ro-ro. A decisão, contudo, é um paliativo, e ainda dá prioridade para atracação de navios de suco a granel, seguida pela de ro-ro.São Paulo é o maior produtor de automóveis (54,1%) e possui as maiores plantas industriais do País, no entanto, só tem um berço dedicado à exportação de veículos e um terminal com uso restrito para o embarque e desembarque de cargas superdimensionadas. Calcula-se que os embarques e desembarques dessas mercadorias deverão aumentar em torno de 65% neste ano - minimizando a queda nas exportações de veículos, que devem reduzir-se em cerca de 8%. Esse aumento é conseqüência do crescimento das importações, com a queda na cotação do dólar, que favorece a aquisição de bens de capital, e pela própria expansão econômica do País. No ano passado esses volumes somaram apenas em Santos 265 mil toneladas. Este ano se espera que cheguem a 440 mil toneladas.É necessário que os portos, em geral - e Santos, principalmente -, destinem mais espaço para os navios ro-ro, que também transportam contêineres, mas são os responsáveis pelas cargas de projeto e pelos equipamentos que movimentam as fábricas. Só para comparar, o Porto de Buenos Aires tem quatro berços especializados para receber navios ro-ro, os Portos do Rio de Janeiro e de Vitória têm dois terminais. Santos não pode continuar dependendo, quase que unicamente, de um único berço especializado para os navios que não transportam apenas contêineres, sob prejuízo de ver montadoras e industriais serem obrigados a procurar pontos de embarque fora de São Paulo, com o aumento nos custos logísticos e redução na economia do Estado. A estrutura do Porto de Santos para atendimento aos navios ro-ro será insuficiente dentro de três anos. A partir de 2011, o complexo terá de oferecer três berços dedicados totalmente a essas embarcações.*Helder Malaguera é presidente da Grimaldi Lines Carlos Alberto Sardenberg excepcionalmente não escreve seu artigo hoje
O Globo

Cresce interesse por hidrovias
BRASÍLIA. Enquanto os investimentos dos portos estão travados, aumenta o interesse da iniciativa privada na utilização das hidrovias, o sistema de transporte mais barato que existe. A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) quer aproveitar este momento e prometeu, até a virada do ano, entregar o Plano Nacional de Outorgas em Hidrovias. Segundo o presidente da agência, Fernando Fialho, dificilmente haverá avanços na concessão de todo o transporte em um rio. Mas a iniciativa privada poderá participar de algumas fases do projeto, como administração de portos fluviais e gerenciamento de armazéns. - Cada vez mais as empresas querem utilizar hidrovias. (H.G.B.)
Jornal de Brasília

COLUNA GILBERTO AMARAL
Dois quatro estrelas
De primeira: já está marcada para os dias 1º, 2 e 3 de julho, a reunião do Alto Comando do Exército Brasileiro. Presidida pelo general Enzo Martins Peri e os seus colegas quatro estrelas, estarão reunidos para as novas promoções.

Grande expectativa
São oito vagas: duas quatro estrelas, duas divisão e quatro brigada. Para general de Exército, os três primeiros da lista são: Rui Moreira da Silva, Ítalo Avena e Luis Carlos Dantas.
O Estado de São Paulo

OPINIÃO
O porto de santos e as cargas especiais
Helder Malaguera*
Em maio do ano passado o governo criou uma Secretaria Especial de Portos (SEP), com status de Ministério, para viabilizar projetos e obras para a infra-estrutura portuária, que ameaçava entrar em colapso. O ministro Pedro Brito fez apresentações pelo País, visitou portos, ouviu autoridades portuárias e empresários e divulgou o programa e metas da nova pasta.Hoje, pouco mais de um ano depois, o saldo é positivo - nos últimos meses surgiram projetos de novos portos e terminais marítimos por todo o Brasil e portos importantes, como o de Santos, responsável por 27% de todo o movimento de cargas do País, receberam atenção especial e começam a sair do processo de paralisia em que se encontravam, empurrados por verbas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e por projetos privados.As obras da avenida perimetral, principal entrave no acesso ao porto, começam a sair do papel, a dragagem de manutenção do canal de acesso está sendo realizada e em breve deve começar a dragagem de aprofundamento, que permitirá a Santos receber navios maiores que hoje não conseguem chegar aos terminais. Para atender à demanda futura, o Porto de Santos conseguiu apoio da SEP e foi autorizado o estudo de viabilidade para implantação do projeto Barnabé-Bagres, que deve mais que duplicar a capacidade do porto. Ainda em Santos, alguns novos projetos entraram em obras, como o terminal da Embraport, o projeto da Brasil Terminais, os terminais de Granéis Líquidos e o Corredor de Conceiçãozinha, que devem contabilizar em torno de 20 novos berços para o porto da baixada, o que representa um aumento de cerca de 1/3 na capacidade atual.Santos vai deixar de ser mote do apagão portuário e vai continuar mantendo sua posição de principal ponto de entrada e saída de mercadorias do País. Contudo, como todo o processo de crescimento ocorrido nos últimos anos nesse setor, há um excessivo destaque nos novos projetos aos terminais que movimentam contêineres. As Companhias Docas esquecem os volumes consideráveis de cargas não-conteinerizáveis, que incluem máquinas, equipamentos, automóveis, madeiras e cargas especiais ou superdimensionadas, como pás eólicas, geradores e usinas desmontadas. São cargas que viajam soltas, nos navios especializados da categoria ro-ro, que possuem pranchas rolantes especiais para esse tipo de embarque. Nos últimos cinco anos, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, essas cargas foram responsáveis por 23,5% das exportações brasileiras e por cerca de 23,2% das importações. Isso mostra a importância desse tipo de navio, pois esse tipo de carga de alto valor agregado (bens de capital) aumenta a capacidade produtiva das empresas e está relacionado diretamente à renovação do parque industrial.Até o ano passado, Santos mantinha dois berços para atracação de navios ro-ro, um terminal especializado em veículos, implantado para atender às exportações do Fox pela Volkswagen em 2006, e um terminal público na área denominada Saboó, que fica, no entanto, entre dois terminais de contêineres e tem problemas para receber navios maiores. Para complicar mais ainda, em junho de 2006 a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) editou resolução de atracação retirando a prioridade dos navios ro-ro nesse local. As empresas atingidas entraram com ação judicial e, em dezembro do ano passado, a Justiça decidiu a favor - somente agora em junho, no entanto, a Codesp editou resolução estabelecendo novas normas para a atracação dos navios ro-ro. A decisão, contudo, é um paliativo, e ainda dá prioridade para atracação de navios de suco a granel, seguida pela de ro-ro.São Paulo é o maior produtor de automóveis (54,1%) e possui as maiores plantas industriais do País, no entanto, só tem um berço dedicado à exportação de veículos e um terminal com uso restrito para o embarque e desembarque de cargas superdimensionadas. Calcula-se que os embarques e desembarques dessas mercadorias deverão aumentar em torno de 65% neste ano - minimizando a queda nas exportações de veículos, que devem reduzir-se em cerca de 8%. Esse aumento é conseqüência do crescimento das importações, com a queda na cotação do dólar, que favorece a aquisição de bens de capital, e pela própria expansão econômica do País. No ano passado esses volumes somaram apenas em Santos 265 mil toneladas. Este ano se espera que cheguem a 440 mil toneladas.É necessário que os portos, em geral - e Santos, principalmente -, destinem mais espaço para os navios ro-ro, que também transportam contêineres, mas são os responsáveis pelas cargas de projeto e pelos equipamentos que movimentam as fábricas. Só para comparar, o Porto de Buenos Aires tem quatro berços especializados para receber navios ro-ro, os Portos do Rio de Janeiro e de Vitória têm dois terminais. Santos não pode continuar dependendo, quase que unicamente, de um único berço especializado para os navios que não transportam apenas contêineres, sob prejuízo de ver montadoras e industriais serem obrigados a procurar pontos de embarque fora de São Paulo, com o aumento nos custos logísticos e redução na economia do Estado. A estrutura do Porto de Santos para atendimento aos navios ro-ro será insuficiente dentro de três anos. A partir de 2011, o complexo terá de oferecer três berços dedicados totalmente a essas embarcações.*Helder Malaguera é presidente da Grimaldi Lines Carlos Alberto Sardenberg excepcionalmente não escreve seu artigo hoje
O Globo

Cresce interesse por hidrovias
BRASÍLIA. Enquanto os investimentos dos portos estão travados, aumenta o interesse da iniciativa privada na utilização das hidrovias, o sistema de transporte mais barato que existe. A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) quer aproveitar este momento e prometeu, até a virada do ano, entregar o Plano Nacional de Outorgas em Hidrovias. Segundo o presidente da agência, Fernando Fialho, dificilmente haverá avanços na concessão de todo o transporte em um rio. Mas a iniciativa privada poderá participar de algumas fases do projeto, como administração de portos fluviais e gerenciamento de armazéns. - Cada vez mais as empresas querem utilizar hidrovias. (H.G.B.)

Friday, June 20, 2008

Parlamentares do Rio e de SP brigam para modificar regras dos "royalties"
Este ano foram apresentados 5 projetos. Mercadante prepara mais um
Eliane Oliveira, Gustavo Paul e Patrícia Duarte
BRASÍLIA. Enquanto o Executivo se une para formatar uma proposta para a taxação e a destinação dos royalties do petróleo, as reservas do pré-sal detonaram uma disputa entre os estados, já percebida no Congresso. Além das mais de 30 propostas que tramitam desde 1999 para alterar o marco regulatório, este ano foram apresentadas ao menos outras cinco - e mais uma está a caminho. A novidade é a entrada de parlamentares paulistas na discussão, em oposição, sobretudo, aos do Rio, que encabeçam a recém-criada Frente Parlamentar em Defesa dos Estados e Municípios Produtores de Petróleo. A maior parte das discussões está centrada na alteração da forma de cálculo de direito aos royalties. A lei traça linhas imaginárias em ângulo reto, que vão da costa ao fim do mar territorial. Críticos apontam que o ângulo reto prejudica estados que têm a costa côncava, pois as linhas - que partem dos extremos de cada estado - se fecham em uma distância próxima, reduzindo a porção de mar correspondente a esses estados. Nessa luta, São Paulo tem o apoio do Paraná. O projeto mais importante em discussão no Congresso é do deputado paranaense Gustavo Fruet (PSDB), que propõe novos parâmetros geográficos. O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) pretende apresentar projeto de lei criando um fundo soberano, formado pelas receitas obtidas com a venda do petróleo, para financiar programas estruturantes, e mudando a forma atual de distribuição de recursos aos municípios. Segundo ele, hoje 62% do que é arrecadado vão para nove cidades do Estado do Rio. Rio tem frente parlamentar para defender lei atual Segundo Mercadante, há três critérios de repartição das receitas. Recebem recursos os municípios que sofrem impacto direto, abrigando pelo menos três equipamentos de petróleo; os municípios que são objeto de embarque e desembarque, ou seja, que dão suporte à atividade; e os chamados confrontantes, que estão no litoral. - O critério de repartição dos municípios confrontantes é hiperconcentrador - disse ele, que tem simpatia por uma proposta do IBGE, que leva em conta a projeção de linhas radiais. A deputada federal Solange Amaral (DEM-RJ), que encabeça a Frente Parlamentar em Defesa dos Estados e Municípios Produtores de Petróleo, acredita que qualquer alteração nas regras será uma "agressão ao Rio de Janeiro" e causaria o empobrecimento do estado responsável por cerca de 85% da produção petrolífera. COMO É HOJE A legislação hoje é baseada apenas em critérios geográficos, ou seja, não existe destinação específica dos royalties. A Lei 7.525/86 estabelece linhas imaginárias que partem da costa, em ângulo reto, até o fim do mar territorial brasileiro. Veja os principais projetos de alteração da lei: NA CÂMARA PLs 4.359/01 e 4.360/01: O projeto do ex-deputado Feu Rosa (PP-ES), de 2001, define o tamanho da área litorânea a partir de um centro imaginário, formado pela projeção de linha que parte do limite com a Guiana e outra com o Uruguai. Os limites de cada estado teriam que partir da projeção de linhas que partiriam deste centro. Com isso, cada estado litorâneo teria uma área proporcional ao tamanho de sua costa. PL 7.472/02: Entre os projetos com mais condições de seguir adiante destaca-se o de Gustavo Fruet (PSDB-PR). Preocupado com o fato de o Paraná, com um litoral pequeno, ter uma participação bem inferior na distribuição dos royalties, propõe a modificação dos critérios geográficos. Atualmente, argumenta, não se utilizam limites territoriais, mas projeção destes na plataforma, para delimitar áreas. O PL estabelece, então, que a delimitação entre estados vizinhos será feita pela projeção dos limites territoriais obedecendo a proporção da largura da costa. Ela seria medida de acordo com sua projeção no oceano. NO SENADO FEDERAL PRÉ-SAL: O senador João Pedro Gonçalves da Costa (PT-AM), que ainda vai enviar à Casa o primeiro projeto voltado à taxação da produção da camada do pré-sal. Propõe que o percentual de royalty suba para 20% nas novas áreas de descoberta, ficando mantidos os 10% para as demais regiões de exploração. Os 20% seriam divididos da seguinte forma: 25% para um Fundo Especial previsto desde 1997 mas não implementado, a ser distribuído entre todos os estados e municípios; 20% ao Ministério da Previdência; 20% para um programa de renda mínima; 15% às Forças Armadas; 15% para o Ministério da Educação, destinados à Educação Básica e Educação Profissional e Tecnológica; e 5% aos municípios afetados pelas operações de embarque e desembarque de petróleo e gás natural, na forma fixada pela ANP.

Wednesday, June 18, 2008

Infraero quer mais capital externo em empresa aérea
Fernanda Odilla
Presidente da estatal afirma que Anac estuda elevar limite de 20% para 49%. Para Sérgio Gaudenzi, injeção de capital tornaria empresas mais ágeis e modernas, e não cabe à Anac investigar caso Varig.O presidente da Infraero, Sérgio Gaudenzi, defendeu ontem ampliar a participação do capital estrangeiro nas companhias aéreas. Segundo ele, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) estuda alterar o Código Brasileiro de Aeronáutica para aumentar de 20% para 49% a porcentagem de ações com direito a votos para estrangeiros nas empresas de aviação."A Anac tem essa idéia. Injeta capital e dá um sopro nas empresas. Passam a ser mais ágeis e modernas", disse Gaudenzi à Folha. Para ele, o Brasil comporta até cinco companhias nacionais e outras controladas também por capital internacional, desde que haja contrapartida fora do país. Oficialmente, a Anac diz aguardar a tramitação de cinco projetos no Congresso que aumentam o poder de estrangeiros no controle societário das companhias aéreas.Assim que assumiu a presidência da Anac, Solange Martins disse ser favorável a assegurar aos estrangeiros até 49% do comando das empresas brasileiras. Apesar da defesa declarada de Gaudenzi, da direção da Anac e do ministro da Defesa, Nelson Jobim -que cogitou fazer a mudança por meio de medida provisória-, o governo não dá sinais de que ela seja prioridade. Procurada, a Anac não confirmou os estudos.Desde julho de 2007, a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado espera o relatório do líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), sobre três projetos que propõem o aumento do capital internacional nas companhias aéreas.A lei, de 1986, limita a 20% a participação de estrangeiros nas ações com direito a voto. Não há restrições às ações sem direito a voto nem ao valor de capital investido por estrangeiros. "Deve ter tido uma razão para fixar, mas isso já tem tanto tempo que no mínimo comporta uma revisão, um novo estudo. Por que 20%? Por que não pode abrir um pouco mais?", questionou Gaudenzi, que diz ter sido um "estatizante doente nos tempos de estudante".Hoje defensor da flexibilização nas relações comerciais entre o público e o privado, ele diz acreditar que a revisão da legislação poderá evitar polêmicas como a venda da VarigLog, em 2006. Pesa a suspeita de que os sócios brasileiros atuaram como laranjas, para responderem por 80% do capital e, assim, dando fachada legal ao negócio.Em entrevista recente à Folha, o ex-presidente da Anac Milton Zuanazzi afirmou que a legislação é ultrapassada. Mas disse que seguiu à risca o texto, garantindo que o capital estava nacionalizado na hora de autorizar a venda da VarigLog. Apesar de deter 94% dos recursos que garantiram a compra, o fundo norte-americano Matlin Patterson, no papel, tinha direito a 20% das ações com direito a voto na VarigLog.Mesmo com os sócios brasileiros dizendo que foram coagidos a assinar um contrato de gaveta, Gaudenzi afirma que não cabe à Anac reavaliar o caso. "Não creio que os diretores da Anac sejam bons em investigação, eles são bons na área de regulamentação." Para ele, cabe ao governo definir um órgão para apurar as denúncias. Se constatadas, a Anac revogaria a autorização dada à VarigLog.

Monday, June 16, 2008

Capital favelizada sofre com escassez
Exército brasileiro ajuda país assolado pela miséria a se recuperar de mais uma guerra civil
Rivadavia Severo
A capital haitiana é uma grande favela. Luz e água são artigos escassos. O comércio é praticamente todo informal e a segurança, dividida entre a polícia local e os militares das Nações Unidas (ONU). É uma área de instabilidade permanente. É nesse cenário que as Forças Armadas Brasileiras comandam a Força de Paz da ONU no Haiti há quatro anos, um país que tenta se recuperar de mais uma guerra civil.Além da segurança, o Brasil promete cooperação para recuperar a infra-estrutura básica do país e dar um impulso para a combalida economia. Há duas semanas, o presidente Lula esteve no país em uma visita relâmpago e firmou seis protocolos que serão assinados no dia 13 de agosto, quando o presidente haitiano, René Prevál, deve ir a Brasília.Há alguns dias, o Brasil trocou a sua guarda no país. Entraram os soldados do 9º Contingente, no lugar dos do 8º. O General Heleno que comandou o 2° Contingente foi para a cerimônia. Muitos dos que estão chegando ao país caribenho têm a Amazônia como sua atual área. Heleno afirma que a época dos confrontos armados já passou. Faz coro com todos que estão há tempo no país e dizem que a situação "melhorou muito" nos últimos meses.Apesar da visão otimista dos veteranos, os soldados que estão chegando agora ao Haiti vão encontrar um caos. A agricultura se sustenta com a produção de cana-de-açúcar, manga, milho e arroz, mas a produtividade caiu muito. Depois da guerra civil, as plantações são praticamente de subsistência. Os rios não são perenes e só 0,5% da cobertura vegetal nativa resistiu às queimadas para a produção de carvão vegetal, principal fonte de energia para cozinhar alimentos no país. Os principais recursos naturais são o mármore e o calcário cujas explorações estão estagnadas.Segundo o exército brasileiro, a luz chega só a 20% das casas e a água encanada, a 30%. A expectativa de vida é de 53 anos e o analfabetismo atinge 47% da população.Nas áreas mais reprimidas economicamente da capital haitiana, é normal ver crianças em trajes escolares convivendo com outras semi-nuas, moradoras de barracos que fazem qualquer favela carioca parecer uma casa de classe média. Em lugares como Cité Soleil, o último reduto das gangues que resistiu ao domínio dos militares brasileiros, o Ponto Forte, ocupado pelo exército brasileiro no começo de 2007, ainda está crivado de balas. A chamada Casa Azul é um sobrado de três andares de onde se pode vigiar todo o bairro, nas proximidades da área portuária. No lugar, a pobreza extrema é uma realidade cotidiana. Os mercados públicos funcionam em meio a valas de esgoto, onde se comercializa de tudo, desde alimentos até o carvão.A realidade dos mais abastados economicamente é diferente. Têm gerador próprio, podem ver televisão, ter geladeira e ouvir música. Tem até supermercado. Mas isso ocorre nos bairros altos, onde vive a classe média e os ricos que não fugiram para a vizinha República Dominicana. Na parte baixa, próxima ao porto, a luz é artigo de luxo. A sociedade haitiana é majoritariamente católica, cerca de dois terços, mas pratica o vudú que mistura o catolicismo com religiões africanas. As línguas oficiais são o francês e o creóle, um dialeto que mescla o francês com línguas africanas e é falado pela maioria da população.As patrulhas das Forças Armadas Brasileiras vasculham bairros como Bel Air, em busca de remanescentes das quadrilhas que se formaram depois da derrocada do presidente Jean-Bertrand Aristide em 2004. Em Bel Air, funciona, diariamente, uma feira informal que vende produtos de primeira necessidade. O local foi apelidado pelos militares brasileiros de Cozinha do Inferno.Restos de casca de milho e de bagaço de cana são disputados por cães e porcos, em condições de higiene deploráveis. Há moscas em todos os cantos e as necessidades fisiológicas são feitas no meio da feira. O cheio beira o insuportável.À noite, os comboios de Urutus, blindados brasileiros, patrulham as ruas estreitas do bairro, mediante a aparente indiferença da população. O bairro era pró-Aristide e foi palco de intensos enfrentamentos entre os Chimères, gangues que assumiram o poder em vários bairros da capital depois da queda do presidente, e as tropas da ONU, sobretudo brasileiras e jordanianas. A missão brasileira tomou corpo em 2004, quando assumiu a missão de desarmar e desmobilizar os ex-militares que haviam formado milícias em todo país e enfrentar as gangues.Apesar do clima de guerra, as pessoas voltaram a ter segurança para caminhar nas ruas, as escolas básicas estão funcionando, os alunos vão para a aula e os automóveis circulam pelo trânsito caótico da cidade, onde a noção de contra-mão é vaga e os acidentes são constantes.A favelização de Porto Príncipe avançou sobre as áreas de moradia da classe média. A duas quadras do Palácio Nacional existem casas paupérrimas, com aberturas e tetos de lata e o lixo se acumula nas ruas. Qualquer manifestação acaba nas portas da Maison Blanche, como ocorreu na semana passada, quando cerca de mil pessoas protestaram contra a falta de segurança e a crescente onda de seqüestros.Os protestos contra a alta dos preços dos alimentos, que escassearam ainda mais a oferta de comida, no começo de abril desde ano, deixaram cinco mortos e levaram à queda do gabinete do presidente René Préval. Ele foi eleito em 2004, mas seu governo está em crise. Desde abril não tem um chefe de governo. Desde então, Préval tenta emplacar um novo primeiro-ministro, sem sucesso.A moeda local é o Gourde, mas o que realmente vale é o dólar americano. Uma lata de coca-cola custa US$ 0,5 para os turistas que podem freqüentar praias por US$ 1,00 a US$ 4,00 dólares por dia, em oásis isolados no sul do país. Mas praticamente inacessível para os haitianos que vivem abaixo da linha da pobreza, em sua maioria: 60% vive com menos de US$ 2,00 por dia.No país de 27 milhões de km², do tamanho do Estado de Sergipe, vivem 8 milhões de pessoas. Apesar dos parcos recursos econômicos, as pessoas se vestem de forma elegante. Calça e camisa para homens e vestidos coloridos para mulheres.Nos esforços para reconstruir o país, Préval pediu a Lula mais cooperação policial e investimentos em infra-estrutura, e menos tropas nas ruas. Hoje o Brasil mantém um efetivo de 1.250 homens no Haiti, dos 7.060 da ONU. Sendo 850 na infantaria, 150 no batalhão de engenharia e 250 divididos entre fuzileiros navais e aeronáutica.
Jornal do Brasil

Apesar do drama, situação tem evolução rápida
O coronel sergipano Luiz Guilherme Paul Cruz foi o comandando do 8º Contingente do Batalhão de Infantaria do Exército Brasileiro da Força de Paz da ONU. Comandou as tropas brasileiras nos últimos seis meses no país e na quinta-feira da semana passada, encerrou a sua missão no país. Nesta entrevista, ele fala sobre o trabalho do contingente brasileiro no Haiti.Como o senhor avalia o atual estágio de segurança do país?– A situação no Haiti muda rápido. Sentimos uma evolução desde que chegamos. A iluminação da cidade, o transporte urbano, a atividade econômica. As pessoas estão retornando, ao seu jeito, às suas atividades. O número de veículos na rua aumentou. Ao mesmo tempo, há uma movimentação na política interna do país que não acompanha as necessidades da população. O governo começa a providenciar algum tipo de infra-estrutura, busca outros atores para participar.Qual é a missão das tropas de paz da ONU?– A lei e a ordem são atribuições da polícia do Haiti. Há uma evolução nos mandatos de resoluções no Conselho de Segurança da ONU. A nossa missão não é só militar, é também civil e policial. A participação militar é uma curva declinante que será substituída por outros atores como a própria polícia da ONU e do governo local. Nota-se evolução, mas tem a ressalva de atos como as manifestações de abril.O mandato da ONU está no fim. O país pode viver sem as forças de paz?– A resolução 1780/2007 da ONU prorrogou a missão por um ano. Em outubro ou novembro, o Conselho de Segurança da ONU decidirá se haverá nova prorrogação. A minha avaliação é de que o Conselho deve optar por prosseguir. A saída da ONU está ligada ao sucesso da reestruturação do todo o governo do Haiti. Quando a Polícia Nacional do Haiti (PNH) estiver estruturada e profissional, a saída da ONU poderá ser realidade. Arrisco a dizer que há uma grande probabilidade de o Conselho de Segurança da ONU prorrogar a permanência das forças de paz.O presidente do Haiti, René Préval, pediu mais obras de infra-estrutura e menos militares no país. O senhor concorda com a redução do número de efetivos militares?– O acréscimo de mais 100 engenheiros é uma decisão do Ministério da Defesa do Brasil. Não há proposta de redução do contingente de infantaria. Hoje o mandato da Minustah permite e a presença de 7.060 militares no Haiti. O General-de-Brigada Carlos Alberto dos Santos Cruz é quem vai negociar com os países contribuintes a mudança de perfil da tropa. O presidente Lula falou que vai trazer técnicos para diversos projetos de eletricidade, agricultura. O Brasil trará melhorias para as condições de vida no Haiti.Como o balanço do senhor sobre a ação dos soldados do Brasil na Missão Haiti?– Tivemos três baixas e nenhuma em combate. Enfrentamos manifestações violentas e não matamos ninguém. Tivemos situações em que poderíamos ter tido uma ação mais forte, mas o discernimento de nosso pessoal fez com que não precisássemos escalar o nível de violência. Durante as manifestações, o mais importante é a proteção da vida, da população e dos militares. Hoje o perfil da violência mudou. Migrou para a violência doméstica e urbana. Não existe mais uma ação de grupos armados para derrubar o governo.O Haiti é um país mais seguro agora?– As armas não saíram do país. Mas agora não aparecem de forma ostensiva, como antes. As liberações de alguns presos fez com que houvesse reagrupamentos de alguns deles, mas não no nível de antes. Hoje temos uma ação dissuasória. Porto Príncipe é a maior zona urbana do país, por isso é o maior foco de preocupação. Nossa missão é a de cobrir tudo. Vamos aumentar a patrulha marítima e completar a patrulha de fronteira.Ainda há risco de um Golpe de Estado?– O poder militar e policial são suficientes para coibir um retrocesso dessa natureza.A missão foi bem sucedida?– Treinei esse batalhão e estou voltando com todos para casa. A missão foi um sucesso.
O Estado de São Paulo

Chávez e Uribe ensaiam reaproximação
Encontro entre os dois é uma reviravolta na relação entre Bogotá e Caracas
O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, e o da Venezuela, Hugo Chávez, flexibilizaram suas divergências em relação às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que nos últimos sete meses os mantiveram afastados, e acertaram um encontro para o próximo mês, provavelmente antes do dia 15. Será a primeira reunião bilateral entre os dois países desde novembro, quando Uribe decidiu afastar Chávez do posto de mediador do conflito com a guerrilha.Ontem, o chanceler da Colômbia, Fernando Araújo, afirmou que está preparando um encontro presidencial junto com o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro. A reunião, segundo Araújo, deve ser na Venezuela. A idéia do governo colombiano é normalizar as relações com o país vizinho. Desde novembro, Caracas não tem embaixador em Bogotá - foi a forma que Chávez encontrou para retaliar a decisão de Uribe de retirá-lo das negociações com as Farc. O encontro marca também uma reviravolta na relação entre os dois países. Em janeiro, Chávez chamou Uribe de “covarde, mentiroso, nocivo e manipulador”. Dois meses depois, Uribe ameaçou denunciar Chávez perante o Tribunal Penal Internacional por patrocinar o terrorismo.A situação, porém, mudou radicalmente. No dia 8, Chávez surpreendeu ao pedir que as Farc libertassem incondicionalmente todos os reféns em seu poder e depusessem as armas, dizendo que “a guerra de guerrilhas virou história” na América Latina. Na terça-feira, revogou a polêmica Lei de Segurança, que obrigaria os venezuelanos a espionar para o governo. Em seguida, decidiu não aumentar o preço dos transportes públicos. Antes disso, adiou a reforma no ensino, que imporia aos venezuelanos um currículo escolar de inspiração socialista.Todas essas medidas foram tomadas em meio à campanha eleitoral para governadores e prefeitos, que acontece em novembro. Analistas dizem que o governo teme perder a hegemonia política - hoje, o chavismo controla 22 dos 24 Estados do país. No entanto, pressões internas dentro das Forças Armadas também estariam por trás dessa mudança. “Há rumores de agitação do setor militar”, afirmou ontem ao jornal chileno El Mercurio Ramón Piñango, ex-ministro do Planejamento do governo de Carlos Andrés Pérez. Joel Acosta Chirinos, companheiro de Chávez na tentativa de golpe de 1992 e hoje na oposição, tem a mesma opinião e afirma que o general Carlos Mata, comandante das Forças Armadas, pretende apresentar sua renúncia por divergências com o governo.
O Estado de São Paulo

Quadrilha tinha projeto avançado de ogiva nuclear
Um grupo de contrabandistas internacionais teve acesso a projetos de uma avançada ogiva nuclear e pode tê-los transferido sigilosamente ao Irã e a outros países esses planos, informou o jornal The Washington Post. A quadrilha, já desmantelada, era liderada pelo cientista paquistanês Abdul Qadeer Khan e tornou-se conhecida por ter vendido componentes de bombas à Líbia, Irã e Coréia do Norte.De acordo com relatório do ex-inspetor de armas da ONU David Albright, os contrabandistas adquiriram projetos para a construção de um artefato nuclear compacto mais sofisticado, que poderia ser instalado em um tipo de míssil balístico usado pelo Irã. Os projetos foram descobertos em 2006 em computadores de empresários suíços e foram destruídos recentemente pelo governo da Suíça sob a supervisão da ONU a fim de impedir que terroristas se apoderassem deles. Mas fontes indicam que não se deve excluir a possibilidade de o material já ter sido entregue. Na Suíça, dois irmãos, os engenheiros Urs e Marco Tinner, estão sendo investigados por supostamente ajudarem a Líbia a tentar construir uma bomba nuclear em conjunto com Khan. Em maio, o governo suíço admitiu ter destruído arquivos apreendidos durante as investigações dos irmãos Tinner. O presidente suíço, Pascal Couchepin, disse que os arquivos continham “planos detalhados sobre a construção de armas nucleares”.Em 2004, Khan foi posto em prisão domiciliar, no Paquistão, por entregar tecnologia nuclear ao Irã, à Líbia e à Coréia do Norte, mas o governo recusou-se a permitir que investigadores falassem diretamente com ele. Khan é considerado herói nacional por dirigir o programa de enriquecimento de urânio que tornou o Paquistão a primeira potência nuclear do mundo islâmico.
O Globo

Enterrado cadete morto em treinamento militar
Dois outros alunos de escola do Exército estão internados com exaustão física em Resende
Ediane Merola
O cadete da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), Maurício Silva Dias, de 18 anos, foi enterrado, ontem à tarde, com honras militares, no Cemitério Ecumênico Militar de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Ele e outros dois alunos, Daniel Fernandes de Magalhães e Isaías Moisés do Nascimento, passaram mal na sexta-feira, durante exercícios na base militar de Resende, no sul do estado do Rio. Daniel e Isaías continuam internados na UTI da Policlínica Resende com quadro de exaustão física, segundo os médicos. A Aman determinou a abertura de inquérito policial-militar para apurar a causa da morte de Maurício, que deve ser concluído em 30 dias. Maurício era aluno do terceiro ano do curso de infantaria da Aman e, desde terça-feira, participava com outros 150 cadetes de um treinamento programado para durar 60 horas. Segundo uma fonte que preferiu não se identificar, um dos exercícios seria de sobrevivência, com restrição de água e comida. Um dos tios de Maurício, o capitão reformado do Exército Silvino Oliveira da Silva, que foi instrutor de turmas durante 13 anos, criticou ontem a exigência de exercícios físicos exaustivos, durante treinamentos militares. - Nunca exigi o máximo dos meus alunos. Tem que haver uma reserva, até mesmo para eles reagirem, no caso de um confronto com o inimigo - disse o capitão. Em entrevista ao "Jornal Nacional" da TV Globo, no sábado, o comandante da Aman, general Gerson Menandro, negou que os cadetes não pudessem beber água ou se alimentar.

Saturday, June 14, 2008

Forças Armadas têm 3.661 vagas abertas
Aumento dos soldos faz crescer a procura por seleções militares
Rio - A procura por uma vaga em concursos das Forças Armadas vai ser ainda maior este ano por causa dos aumentos concedidos pelo governo federal. Até 2010, estão programados reajustes para o Exército, Marinha e Aeronáutica. Atualmente, seleções públicas com 3.661 vagas estão com inscrições abertas ou por abrir. As chances são para candidatos com os níveis Fundamental, Médio e Superior. Ontem, foi divulgado o edital para o curso de formação de fuzileiros navais. Atualmente, a remuneração do fuzileiro é de R$ 1.086 (soldo de R$ 966), mas, com o aumento, vai chegar, em 2010, a R$ 1.290,83. Homens com idade entre 18 e 21 anos com o Ensino Fundamental completo podem participar. É preciso ter altura mínima de 1,62m e máxima, de 1,95m. Oferta de 1.520 vagas.CHANCES PARA SARGENTONa segunda-feira, terá início o cadastramento para o concurso de sargentos do Exército. São 1.250 vagas para homens com Nível Médio, idade mínima de 18 anos e outros requisitos. Após curso de formação, vencimentos chegam a R$ 2.465.Já a Escola Naval vai encerrar na quarta-feira o prazo de inscrição no curso superior em Ciência Navais. A oferta é de 46 vagas somente para jovens do sexo masculino e com Nível Médio. Vencimentos de R$ 4.312, após formatura. As exigências são ser solteiro, sem filho e ter 18 anos completos e menos de 23 anos no dia 17 de fevereiro de 2009. No dia 20, será a vez da Aeronáutica encerrar as inscrições para 160 oportunidades no concurso de oficiais de Engenharia, Medicina, Odontologia e Farmácia. Vencimentos de R$ 5.512,91. Podem participar candidatos nascidos a partir de 26 de dezembro de 1974, com altura mínima de 1,55m (mulheres) e 1,60m (homens). Para Engenharia, é preciso ter nascido a partir do dia 26 de dezembro de 1978.Outro concurso já com inscrições abertas é para a Escola de Cadetes do Ar. Há 185 vagas para quem tem a 1ª série do Ensino Médio. Apenas homens vão poder concorrer. Bolsa-auxílio de R$ 615,16. São requisitos: ter, no mínimo, 1,60m e, no máximo, 1,87m de altura; não ter menos de 14 anos de idade no dia 1º de fevereiro de 2009, nem completar 18 anos de idade até 31 de dezembro de 2008. O Exército também seleciona para a Escola Preparatória de Cadetes. A oferta é de 500 vagas para homens, com idades entre 16 e 20 anos, Nível Médio e estatura mínima de 1,60m (ou até 1,57m para concorrentes com 16 anos de idade). Também é preciso ser solteiro. PROCEDIMENTOS DE INSCRIÇÃOFUZILEIRO NAVALAs inscrições começam no dia 30 e seguem até 27 de julho no site www.mar.mil.br/cgcfn. O atendimento também acontece na Praça Barão de Ladário s/nº, Centro do Rio; Rua Comandante Ituriel s/nº, Fluminense, São Pedro da Aldeia; Avenida Marquês de Leão s/nº, Angra dos Reis; e Avenida Governador Geremias de Mattos Fontes s/nº, Nova Friburgo.SARGENTO EXÉRCITOAtendimento vai até 15 de agosto no site www.esa.ensino.eb.br. Taxa de R$ 70. Seleção terá provas de Matemática, Português, História, Geografia do Brasil e Redação.ESCOLA NAVALAs inscrições, apenas para homens, são aceitas no site www.ensino.mar.mil.br. Taxa no valor de R$ 55.AERONÁUTICAInscrições: www.fab.mil.br/ingresso e www.ciaar.com.br. Taxa de R$ 85.CADETES DO ARInscrições: http://www.net-rosas.com.br/epcar/siscpcar2009. Taxa: R$ 50.CADETES EXÉRCITOAs inscrições ficam abertas até o dia 6 de agosto nos sites www.espcex.ensino.eb.br ou www.epce.g12.br. Taxa de R$ 70. Provas em outubro.
O Estado de São Paulo

Esquenta disputa pelos US$ 10 bi anuais do pré-sal
Taxas do petróleo que será retirado do fundo do mar já provoca briga entre ministérios, governos e municípios
Kelly Lima e Nicola Pamplona
O petróleo da chamada “camada pré-sal” ainda nem começou a ser extraído e a cada dia esquenta a disputa pela bilionária arrecadação de taxas governamentais que a nova província petrolífera vai representar.Já existem projetos de criação de, pelo menos, cinco fundos para serem alimentados com recursos desses campos. As apostas são de uma gorda arrecadação, que pode superar os US$ 10 bilhões anuais, calculados a partir das projeções mais otimistas para o campo de Tupi, com produção de 1 milhão de barris por dia.Somente na primeira fase do projeto, que prevê a produção de 500 mil barris de petróleo por dia entre 2015 e 2020, a arrecadação poderia chegar a US$ 5 bilhões por ano, mantidas as regras atuais, diz o consultor Rafael Schetchman, ex-superintendente da Agência Nacional do Petróleo (ANP). A conta foi feita com a cotação do petróleo a US$ 100 o barril e não considera o aumento na alíquota da participação especial sobre campos de alta rentabilidade, em estudo pela ANP.No âmbito do governo federal, disputam a partilha de royalties e participações especiais o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Marinha, e os Ministérios da Fazenda, da Ciência e Tecnologia e de Minas e Energia. Esses ministérios já são contemplados hoje com recursos, mas têm propostas de elevar a participação, sob os mais diversos argumentos. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, por exemplo, quer um fundo para a Marinha garantir segurança às plataformas de produção instaladas na região do pré-sal, a mais de 300 quilômetros da costa. Há ainda uma proposta deixada em aberto pela ex-ministra do Meio Ambiente, Marina da Silva, para criação de um fundo de combate ao aquecimento mundial com recursos do petróleo.“Dado o tamanho potencial dessa reserva de petróleo na camada sedimentar do pré-sal, devemos refletir sobre como usar esses recursos e não olhar apenas para a geração presente”, afirmou recentemente o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, defendendo a criação de um fundo nos moldes dos chamados fundos soberanos, criados por países que têm no petróleo uma grande fonte de riqueza, como algumas nações árabes e a Noruega. Esses fundos aplicam recursos em projetos internacionais e conseguem, assim, manter a riqueza gerada pela exploração do petróleo. Segundo o SWF Institute (especializado em fundos soberanos), cerca de dois terços dos ativos desses fundos estão relacionados com petróleo e gás natural: são US$ 2,142 trilhões, ou 63% a mais que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro do ano passado.Para o especialista em royalties Rodrigo Serra, da Universidade Cândido Mendes, a criação de fundos com os ganhos extras dos royalties é justa, uma vez que o petróleo, segundo a Constituição, pertence à União. Para ele, com a disparada do preço do petróleo, as cidades beneficiadas têm hoje receitas extraordinárias, que poderiam ser divididas entre os demais brasileiros. O município de Campos (RJ), por exemplo, recebeu sozinho, em 2007, R$ 778 milhões. Ele lembra ainda que o aumento na participação especial vai ampliar a concentração de renda. Serra defende a criação de um teto de arrecadação por município, com redistribuição do excedente.No âmbito estadual, a briga pela redistribuição tem envolvido troca de farpas entre os governos do Rio e de São Paulo. Capitaneado pelo senador Aloizio Mercadante (PT), está sendo elaborado um projeto para alterar as regras da arrecadação, beneficiando o Estado de São Paulo.“Sugiro a esses (políticos) abraçarem bandeiras mais fortes, que toquem no coração do povo de seus estados”, rebateu esta semana o governador do Rio, Sérgio Cabral.A legislação hoje divide os royalties entre Estados, municípios afetados e Ministério de Ciência e Tecnologia. Já a participação especial é repassada aos Ministérios do Meio Ambiente e de Minas e Energia, Estados e municípios. Segundo especialistas, o principal obstáculo à redistribuição está no fato de que qualquer mudança terá de ser feita pelo Congresso, abrindo espaço para que um sem número de emendas possa atravancar as discussões.
O Estado de São Paulo

Eike inaugura nova era no petróleo
Com a OGX, Eike pode se tornar um dos 20 homens mais ricos do mundo
Patrícia Cançado e Tatiana Freitas
O maior IPO da história da Bolsa de Valores de São Paulo tem como protagonista uma empresa que não tem atividade operacional: a OGX Petróleo e Gás, do empresário Eike Batista. Com um plano de negócios, uma equipe de técnicos tarimbada e os direitos de exploração de 21 blocos nas bacias de Campos, Santos, Espírito Santo e Pará-Maranhão, ela captou ontem R$ 6,7 bilhões em uma oferta primária de ações, quase metade do volume levantado por todas as empresas que abriram o capital em 2006 no Brasil.A OGX vai explorar 14 desses blocos, o que faz dela a primeira grande companhia privada de capital nacional a atuar como operadora - a empresa estima encontrar 4,8 bilhões de barris de óleo. Existem empresas de menor porte explorando óleo em poços em terra, nas regiões Norte e Nordeste. A Vale está presente em alguns consórcios em parceria com a Petrobrás, mas não como operadora. A nova petrolífera também entra para a história como a primeira grande empresa nacional a se arriscar em um mercado altamente dominado pela estatal Petrobrás. “Eike inaugurou uma era. A Petrobrás nunca teve competidores tão agressivos. O que ele gastou na nona rodada (R$ 1,4 bilhão) foi mais do que todos os leilões anteriores somadas”, diz o consultor John Forman, ex-diretor da Agência Nacional de Petróleo (ANP). “A grande diferença é que ele acreditou no potencial do petróleo do Brasil. Grandes petroleiras têm estado ausentes dos leilões da ANP.” Segundo Forman, as gigantes vão buscar petróleo em lugares onde ele já está descoberto, como o Golfo do México, Nigéria e Angola. No Brasil, preferem fazer parceria com a Petrobrás, como forma de diluir os riscos. “A OGX foi de peito aberto. Fez um bom plano de negócios, buscou gente capacitada na Petrobrás e pagou bônus inéditos para ficar com as reservas”, diz Forman. “Logo após o leilão, Eike declarou que as chances de sucesso eram da ordem de 30%, o que é razoável - nem alto nem baixo. Ele convidou o mercado a correr riscos com ele.”PROCURAO mercado topou correr os riscos. A demanda pelos papéis da OGX superou em dez vezes a oferta, segundo o presidente do grupo EBX, Eike Batista. “A procura totalizou US$ 30 bilhões, bem acima da expectativa, que era de US$ 20 bilhões”, disse durante a estréia das ações. “Não somos uma promessa. Ou não teríamos 363 instituições mundiais, fundos de pensão, comprando o nosso negócio, porque cada um deles possui um especialista em petróleo e fazem a operação concreta em cima de dados”, afirmou. Com o novo negócio, Eike vai multiplicar sua riqueza. Segundo a revista Forbes, ele já é o terceiro homem mais rico do Brasil, com patrimônio de US$ 6,6 bilhões, atrás apenas de Antonio Ermírio de Moraes e família e Joseph Safra. A publicação colocou o empresário na lista dos novatos notáveis, composta pelos dez homens de negócios que construíram suas fortunas mais rapidamente. Antes do IPO da OGX, Eike calculava sua fortuna em US$ 17 bilhões. Agora, as contas do empresário devem ultrapassar US$ 20 bilhões, o que o coloca entre os 20 maiores bilionários do mundo e mais perto de sua meta. Ele já declarou que quer ultrapassar Bill Gates em cinco anos. O valor de mercado da OGX é de cerca de R$ 36 bilhões, ou 8% do da Petrobrás, a empresa mais valiosa do País. A postura exibicionista e agressiva de Eike, rara entre empresários brasileiros, divide opiniões. Para alguns, ele é megalomaníaco e aventureiro. Para outros, a sua agressividade é típica dos homens visionários. Eike já declarou à revista Época Negócios que lê o jornal de 2015. O banqueiro José Olympio Pereira, diretor do Credit Suisse, que esteve à frente do IPO da MMX e da OGX, vê em Eike o empresário que melhor soube tomar partido da nova dinâmica do capitalismo brasileiro. “Ele sabe jogar o jogo do mercado e tem visão de longo prazo”, diz Pereira. Para ele, o sucesso do OGX é resultado de quatro fatores: petróleo a US$ 140, descobertas em série de petróleo na costa brasileira, as 22 licenças de exploração adquiridas no leilão, o time montado com profissionais de grande credibilidade e o hístórico de resultados das empresas do Eike. “O investidor que comprou os papéis da mineradora MMX há dois anos, quando ela abriu o capital, já multiplicou o dinheiro por seis. Ele mostrou uma criação de valor extraordinária”, diz o banqueiro. Uma das características de Eike é se cercar dos melhores profissionais em cada área. Para tirá-los das empresas onde estão, faz propostas irrecusáveis e ainda oferece bônus ou ações. Foi assim com Paulo Mendonça, que foi gerente de exploração e produção da Petrobrás por 34 anos, e Luiz Rodolfo Landim, outro alto executivo da Petrobrás e hoje presidente da OGX. Um de seus maiores estrategistas é o próprio pai, Eliezer Batista, ex-ministro de Minas e Energia no governo João Goulart, ex-presidente da Vale e hoje presidente honorário do grupo EBX. Por causa dessa íntima ligação, muitos dizem que ele teria sido privilegiado pelas dicas dada pelo pai. O empresário sempre negou a versão.
O Globo

Petróleo: ministro Lobão descarta décima rodada de licitação este ano
Governo quer aguardar até que marco regulatório do setor seja alterado
BRASÍLIA. O governo não pretende vender direitos de exploração de áreas petrolíferas no país enquanto não for alterado o marco regulatório do setor. Por esse motivo, decidiu não realizar este ano a décima rodada de licitações e dificilmente retomará em 2008 a oitava rodada, interrompida em 2006. - A décima não (será feita). E a oitava estamos decidindo nessa direção - disse o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, em entrevista à Reuters. O ministro refutou as críticas de que a interrupção do processo de licitações prejudicaria o setor e a imagem do país no exterior, argumentando que muitas áreas já licitadas ainda não foram exploradas devido às dificuldades que a indústria enfrenta com escassez de equipamentos e custos altos. - O que adianta fazer a licitação se as empresas não têm condições de explorar o petróleo neste momento? Não haverá perda para o Brasil em não licitar áreas agora. Isso nos dá tempo até o fim do ano para pensarmos no marco regulatório, para ver se vamos aumentar royalties e de participação especial. Acredito que não será preciso mudar a Constituição, mas tudo isso ainda está sendo visto. Para alterar o marco regulatório, o governo trabalha com duas opções. Ou modifica os percentuais pagos pelas empresas por meio de royalties e participações especiais, ou muda o sistema de concessão, o que demandaria alteração na lei. Sobre a opinião do presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, que defende a mudança para um sistema de partilha, onde o governo fica com uma parte da produção, o ministro disse que não veria problema em criar uma estatal para implantar o sistema proposto. - Essa nova Petrobras que viesse a ser criada teria 100% de capital brasileiro e não teria o desejo de se projetar para o mundo, ficaria cuidando só do pré-sal e das áreas mais volumosas. Não vejo problema em criar uma nova estatal.
O Globo

Salários e tarifas ameaçam inflação em 2009
Analistas já prevêem IPCA acima do centro da meta no próximo ano. Preocupação deu o tom de reunião com BC
Luciana Rodrigues e Felipe Frisch
Não só a inflação pode ficar acima do teto da meta este ano como, agora, os analistas já antecipam preocupações para 2009. Ontem, nas reuniões que a diretoria do Banco Central manteve com economistas de instituições financeiras, de centros de pesquisa e de entidades empresariais no Rio, o centro das discussões foi o cenário para 2009. Após ouvir dos analistas paulistas, numa reunião na quinta-feira, que havia risco de a inflação superar 6,5% este ano - ou seja, furar o teto da meta - ontem o BC pôde perceber que as atenções estão cada vez mais voltadas para 2009. São dois os principais focos de pressão para o ano que vem: reajustes salariais (tanto do mínimo como dos demais trabalhadores) e preços administrados, incluindo combustíveis. - As discussões foram sobre 2009, se haveria ou não desaceleração da inflação. Não houve consenso, até porque a política monetária está aí para evitar que as coisas saiam dos trilhos - diz um economista que esteve no encontro com os diretores do BC Mario Mesquita (Política Econômica) e Mario Torós (Política Monetária). O presidente do BC, Henrique Meirelles, não participou da reunião. Ele veio ao Rio para o lançamento de moeda comemorativa pelos 200 anos da vinda da família real. Inflação e PIB elevarão reajuste do salário mínimo A avaliação é que, se as expectativas para o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA, usado na meta de inflação) para 2009 se deteriorarem muito, o BC terá que subir com mais intensidade a taxa de juros. No início do ano, o mercado projetava, em média, um IPCA de 4% para 2009. Agora, a expectativa é de 4,6% - acima do centro da meta, de 4,5%. Segundo um economista presente à reunião no Rio, uma grande preocupação é que, a partir de 2009, o reajuste do salário mínimo será feito com base num novo critério: a inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) do ano anterior, somada ao crescimento do PIB (Produto Interno Bruto, soma de bens e serviços produzidos pelo país) nos dois anos antecedentes. No caso, para 2009, a média de 3,7% e 5,8% da variação do PIB em 2006 e 2007, respectivamente, mais cerca de 7% do INPC deste ano, segundo estimativas. - O INPC virá mais alto este ano, pois é concentrado em alimentos. Provavelmente, vamos ter um salário mínimo com aumento muito forte no ano que vem, podendo bater na Previdência - diz o economista. O professor da PUC-Rio Luiz Roberto Cunha, especialista em inflação, lembra que o reajuste do mínimo pode ser ainda maior que o previsto em lei, porque haverá pressões políticas diante da forte alta da cesta de compras nos últimos meses. Além disso, outros trabalhadores, de diferentes categorias, estão obtendo reajuste acima da inflação. E há escassez de profissionais qualificados no mercado, o que pode elevar mais os salários. - Poderá haver um pouco da espiral preço-salário em 2009 - diz Cunha. Há ainda o risco de um novo reajuste de combustíveis, diante da forte alta do petróleo no mercado internacional. Para o fim deste ano, após as eleições municipais, deverá haver uma rodada de reajuste nas tarifas de transportes públicos, já que o preço do diesel subiu e este custo não foi repassado. Fiel da balança será preços de alimentos Cunha acredita que o fiel da balança para a inflação em 2009 será o preço dos alimentos: - Mas esta é uma incógnita. Ninguém sabe se teremos um novo choque agrícola em 2009. E, se os alimentos caírem, darão uma contribuição importante para conter a inflação. O economista Carlos Thadeu de Freitas Filho, da SLW Asset, prevê inflação de 5% em 2009. Isso levando em conta que os preços de alimentos ficarão estáveis ou subirão pouco. Freitas lembra que as tarifas de telefonia e energia também podem pressionar a inflação: - Só os preços administrados devem subir, no mínimo, 5% em 2009.
O Globo

Brasileiros presos em Paris podem chegar a 53
Governo brasileiro diz estar preocupado com operações da polícia francesa contra quadrilha
O número de brasileiros presos em Paris na terça-feira, acusados de explorar compatriotas em troca de alojamentos insalubres, pode chegar a 53. De acordo com nota publicada na quinta-feira pelo Ministério das Relações Exteriores, o governo brasileiro está preocupado com as operações realizadas pela polícia francesa, que mobilizou 320 policiais em 17 cidades do país. O Itamaraty afirma que são cerca de 53 brasileiros - e não 13, como divulgado anteriormente - acusados de falsificação de documentos e outros delitos. Alguns deles já teriam sido liberados. Segundo o comunicado, o governo francês informou que alguns detidos serão deportados para o Brasil, já que estavam em situação ilegal no país. O Itamaraty, no entanto, diz que está em contato com o Consulado-Geral em Paris para garantir "tratamento justo e digno" para os brasileiros envolvidos no esquema. A operação de terça-feira tinha como objetivo desbaratar a quadrilha, que, segundo comunicado da polícia francesa, explorava a miséria humana. Primeiro os brasileiros ajudavam compatriotas a se instalarem na cidade, depois forneciam alojamentos com péssima higiene. No total, cerca de 80 pessoas foram presas.
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