Wednesday, April 30, 2008

TIMOR LESTE
Comandante rebelde se rende
O líder do grupo rebelde acusado de tentar matar José Ramos-Horta, presidente do Timor Leste, se rendeu ontem, abrindo a perspectiva de que finalmente a situação política no país se estabilize. Gastão Salsinha e 12 de seus homens se entregaram ao vice-primeiro-ministro, José Luis Guterres, durante um encontro a portas fechadas na sede do governo, em Díli. Várias autoridades, inclusive o próprio Ramos-Horta, assistiram à reunião. O atentado que quase matou o presidente, de 58 anos, ocorreu em fevereiro na casa dele. Os rebeldes entregaram armas, fardas camufladas, granadas e outros equipamentos militares. Dois integrantes do grupo continuam foragidos. “Como indivíduo, eu o perdôo, mas como chefe de Estado, digo que ele tem de enfrentar o tribunal”, afirmou Ramos-Horta.
Folha de São Paulo SP terá dia frio no feriado de 1º de Maio
Frente fria vinda do Sul chegou na noite de ontem ao Estado e afetará as regiões Sudeste, Centro-Oeste e parte da Norte
ESTEVÃO BERTONI, DA REDAÇÃO & MATHEUS PICHONELLI,
Uma frente fria vinda do Sul do país, que chegou na noite de ontem ao extremo sul de São Paulo e avançou pelo resto do Estado, deve derrubar hoje as temperaturas em até 10C na capital paulista e manter frio o feriado de 1º de Maio em boa parte do país, segundo o Cptec (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos).
As regiões mais afetadas serão Sul, Sudeste, Centro-Oeste e parte da Norte, especialmente em Rondônia, no Acre e no sul da região amazônica. No Sul, a temperatura deve chegar a 0C. Norte de Minas Gerais, Nordeste e grande parte do Norte não sofrerão tanta influência da frente fria.
Segundo o Ciram (Centro de Informações de Recursos Ambientais) de Santa Catarina, há previsão de geada durante a madrugada e ao amanhecer nas serras gaúcha e catarinense.
A massa de ar frio continua a avançar hoje por São Paulo e pelo Rio de Janeiro e deve deixar o tempo nublado, com pancadas de chuva na capital e no litoral paulista. Hoje, a previsão é que a máxima em São Paulo seja de 19C; a mínima, de 14C.
Amanhã, o tempo estará encoberto, com chuvas isoladas. A máxima chega a 17C; a mínima, a 13C.
Na sexta-feira, o dia deve permanecer nublado e com pancadas de chuva, mas as temperaturas deverão apresentar um ligeiro aumento. A máxima vai a 18C; a mínima, a 15C.
O tempo melhora um pouco no sábado, mas o dia ainda será nublado, com pancadas de chuva. As temperaturas devem variar entre 16C e 21C.
Mau tempo
Choveu ontem durante o dia nos três Estados do Sul. Na região de Curitiba, temporais alagaram casas e ruas, deixaram pessoas sem água, derrubaram e destelharam construções.
Uma estação de tratamento de água interrompeu o fornecimento devido ao alagamento do canal de captação. Cerca de 600 mil moradores de Curitiba, Pinhais e São José dos Pinhais permaneciam sem água até o final da tarde de ontem.
O Serviço Meteorológico da Marinha divulgou ontem aviso de mau tempo para navegação na costa e no alto-mar no Sul do país. A previsão é de que os ventos cheguem a 100 km/h e as ondas atinjam até quatro metros de altura no oceano.
Por conta disso, a Defesa Civil de Santa Catarina desaconselhou ontem a navegação de pequenas e médias embarcações perto da costa por conta da agitação do mar. Recomendou, ainda, que a população evite nos próximos dias, como forma de prevenção de acidentes, transitar próximo ou embaixo de árvores e postes.
Anteontem à tarde, chuvas de granizo provocaram estragos no Estado. Em Celso Ramos (356 km de Florianópolis), pelo menos 500 casas ficaram danificadas. Dez mil telhas foram encomendadas pela prefeitura, e mais de cem famílias tiveram de deixar suas casas.
Parte do município ficou sem luz desde o meio da tarde de segunda-feira até o final da tarde de ontem. As aulas ficarão suspensas na cidade durante toda a semana.
Também houve ocorrência de granizo em Ouro (450 km de Florianópolis). Cerca de cem casas ficaram danificadas.
Folha de São Paulo TODA MÍDIA
"À BALA"
Nelson de Sá
Por outro lado, agências da AP à Xinhua seguem de perto a negociação na Colômbia do Conselho de Defesa sul-americano, entre o presidente Alvaro Uribe e Nelson Jobim. Mas o que ecoa na região é a frase do ministro, de que as Farc serão recebidas "à bala".
Folha de São Paulo STF deve votar contra saída de não-indígenas de reserva
No caso da Raposa/Serra do Sol, ministros do tribunal argumentam haver cidades inteiras dentro da área demarcada como indígena
ELIANE CANTANHÊDE, VALDO CRUZ e KENNEDY ALENCAR
O STF (Supremo Tribunal Federal) restringirá a edição de medidas provisórias de créditos extraordinários do Orçamento da União. E tende a modificar o modelo de demarcação contínua da reserva Raposa/Serra do Sol, em Roraima.
No caso da reserva, o objetivo é evitar a remoção de não-indígenas. Segundo a Folha apurou, o STF deve criar "ilhas" na reserva, segundo a expressão ouvida no Supremo.
No das MPs, o Supremo avalia que há abuso do Executivo, que recorre ao artifício para modificar o texto do Orçamento aprovado no Congresso.
Ao julgar o modelo de demarcação da reserva, o Supremo deverá deixar claro que, apesar da pressão de setores e ONGs internacionais, as Forças Armadas não sofrerão constrangimento para atuar em território indígena em todo o país, porque a propriedade das reservas é da União.
O Brasil é signatário da "Declaração dos Povos Indígenas" da ONU (Organização das Nações Unidas), de 2007, que assegura o direito dos índios à terra e aos seus territórios. Isso preocupa as Forças Armadas, porque poderia caracterizar um território autônomo dentro do território nacional.
O comandante militar da Amazônia, general Augusto Heleno, admitiu publicamente que temia "ameaça à soberania nacional", já que a reserva fica em área de fronteira.
O Supremo dirá que a declaração não é convenção, tratado nem tem força de lei. Trata-se de manifestação política.
A demarcação da reserva Raposa/Serra do Sol foi feita em 1998, no governo Fernando Henrique Cardoso, e homologada já na gestão Lula, em 2005. O Planalto começou a recuar na defesa da demarcação contínua devido à tensão gerada pelo processo de retirada dos não-indígenas da área.
Produtores de arroz, por exemplo, ameaçaram entrar em conflito contra índios e a Polícia Federal para ficar na reserva, e o STF suspendeu as ações de retirada dos não-índios para estudar a questão.
Em reunião com líderes indígenas no Planalto, Lula disse que apóia a demarcação contínua, mas, nos bastidores, torce para que o STF mude a regra. Se houver ônus político, será do Supremo, não do governo.
Na opinião da maioria dos ministros do STF, há argumento jurídico para manter na reserva populações não-indígenas que vivem na área, algumas desde 1880 e outras que foram estimuladas pela ditadura militar de 1964 a aderir à colonização de Roraima. A tendência do STF é reconhecer a legitimidade dessas ocupações. Ministros argumentam que há cidades inteiras dentro da reserva e não faria sentido sua remoção.
Atualmente, dentro da reserva já existem duas áreas de exclusão -dos municípios de Normandia e Uiramatã. Políticos do Estado defendem a criação de mais quatro -vale do Arroz, lago de Caracaranã, vila Surumu e a área da hidrelétrica do rio Cotingo, em construção.
Medidas
No caso das MPs, segundo a Folha apurou, o presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, já disse ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que a tendência é a de restringir as MPs no caso de créditos extraordinários do Orçamento. Só falta um voto para a derrota do governo -o placar está em cinco a três.
A cúpula do governo já contabiliza que essa restrição acontecerá e se empenha para evitar que o Congresso reduza ainda mais o alcance das MPs em proposta em discussão na Câmara.
Folha de São Paulo Índia recebe Ahmadinejad e irrita o governo dos EUA
Irã negocia com indianos gasoduto de US$ 7,6 bilhões que atravessará Paquistão. Departamento de Estado quis que Índia pressionasse o Irã para cessar programa nuclear; Nova Déli disse que dispensava "orientações"
DA REDAÇÃO
O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, fez ontem à noite uma escala de cinco horas em Nova Déli e não assinou nenhum contrato. Mas isso bastou para que a Índia desse nova prova de independência com relação aos Estados Unidos, que procuram isolar o Irã em razão de seu controvertido programa nuclear.
Ahmadinejad foi recebido pelo primeiro-ministro Manmohan Singh e pela presidente Pratibha Patil. Foi a primeira visita desde 2003 de um governante do Irã à Índia.
Os dois países negociam um gasoduto de 2.500 km de extensão, a um custo de US$ 7,6 bilhões. Ele atravessaria o Paquistão. Mas o projeto escorrega na tarifa exigida pelo Irã para entregar o combustível e na desconfiança da Índia quanto à travessia do duto pelo território de seu histórico inimigo regional, com o qual precisará negociar uma taxa de royalties.
EUA ditaram pauta
Mas o importante na visita de Ahmadinejad está no interesse comum, dele e da Índia, de provocar a irritação americana. Na semana passada, o porta-voz do Departamento de Estado, Tom Casey, sugeriu que Nova Déli pressionasse o presidente iraniano a cessar o enriquecimento de urânio e a não mais apoiar o Hizbollah e o Hamas, grupos antiisraelenses no Oriente Médio.
Na ocasião, o Ministério das Relações Exteriores da Índia respondeu que duas civilizações milenares, a sua e a iraniana, não precisavam de "orientações" sobre como se relacionar.
Ainda ontem, Shiv Shankar Menon, o chefe da diplomacia indiana, declarou que a região se estabilizará se o Irã não permanecer isolado.
É o oposto do que pensam os Estados Unidos, que trabalham por esse isolamento, como forma de pressão para que os iranianos não levem adiante o plano que lhes é atribuído de construir a bomba atômica.
Lalit Mansigh, ex-embaixador da Índia em Washington, disse ao "New York Times" que é positivo para o governo indiano tomar iniciativas que possam desagradar aos EUA.
Um integrante do governo de Nova Déli, não identificado, também afirmou ao jornal americano que a visita de Ahmadinejad "é de alta visibilidade, mas de magras chances de gerar resultados concretos".
O "Times" não bate apenas na tecla da irritação da administração Bush. Há um outro pacote de motivos que leva o Irã a se manter próximo da Índia. Ele é o segundo maior fornecedor de petróleo aos hindus, superado apenas pela Arábia Saudita. O Irã é também influente no Afeganistão, cuja instabilidade preocupa a Índia. Por fim, os iranianos exercem liderança sobre a minoria xiita da Índia, com a qual o governo procura manter boas relações.
Antes de desembarcar em Nova Déli, Ahmadinejad, em visita oficial ao Sri Lanka, assinou contrato de empréstimo de US$ 1,5 bilhão para que aquele país amplie sua principal refinaria de petróleo e sua capacidade de geração hidrelétrica.
Na ocasião, o presidente iraniano afirmou que "podemos dar segurança e manter boas relações, mas alguns países poderosos [referência aos EUA] criaram divisões entre os povos e nacionalidades".
Com agências internacionais
Folha de São Paulo EUROPA
Sérvia é aceita como candidata à adesão à UE
A União Européia assinou ontem com a Sérvia um tratado que teoricamente dá início ao processo de adesão daquele país ao bloco, apesar de divergências sobre a independência de Kosovo e da não entrega ao Tribunal de Haia de sérvios implicados em genocídio nas operações de "limpeza étnica".
O documento foi assinado pelo vice-primeiro-ministro Bozidar Djelic, depois que a Bélgica e a Holanda recuaram do veto ao início das negociações.
O ministro holandês do Exterior, Maxime Verhagen, insistiu para que a Sérvia entregue seus assassinos, como Ratko Mladic, responsável pela morte de 8.000 muçulmanos.
O Dia ‘Imigrantes’ em alto-mar
Maior porta-aviões do mundo, americano, tem dez brasileiros que trabalham e vivem a bordo
João Ricardo Gonçalves
Rio - Na costa do Estado do Rio desde a semana passada, o maior porta-aviões do mundo, o americano USS George Washington, é chamado de “cidade sobre as águas”. Como em muitas localidades americanas de verdade, a embarcação leva também “imigrantes” brasileiros e filhos de pessoas que nasceram no País e se mudaram para os EUA. Segundo tripulantes, cerca de 10 brasileiros viajam com o navio, alguns de “mala e cuia”.
É o caso da controladora de vôo Cynthia Cavendagne, 21 anos, que tem pais cariocas de Botafogo, mas nasceu em Miami. “Começei a fazer faculdade nos EUA, mas queria conhecer o mundo. Eu e uma amiga decidimos nos alistar. Atualmente moro no navio e nem tenho casa fora. Gosto muito da vida aqui”, diz a militar, em português.
Entre os passatempos prediletos de Cyntia no navio estão conhecer as cidades de onde ele se aproxima, malhar em uma das cinco academias do porta-aviões e ver canais de TV exclusivos da própria embarcação.
Já o sargento de primeira-classe Lucimar dos Santos, 29 anos, de Santo André (SP), e o cabo Felipe Rocha, 21, de Belo Horizonte (MG), que trabalham na pista de vôo sinalizando para os aviões que pousam, gostam de disputar torneios de futebol em alto-mar.
Eles também se dizem felizes na Marinha americana: “O único problema é a saudade da minha filha que acabou de nascer, na Flórida, mas em poucos meses vou vê-la”, conta Lucimar, que está nos EUA desde os 16 anos, e ganha US$ 3 mil por mês.
Brasileiros que participam do Unitas, o treinamento conjunto com americanos e argentinos, e outros exercícios também aproveitam para trabalhar na embarcação. “Estou gostando muito do navio, mas em termos de preparação e procedimentos não ficamos devendo”, afirma o primeiro-sargento Josias Nogueira Bocórnio, 41, que trabalha no porta-aviões São Paulo.

Monday, April 28, 2008

Folha de São Paulo CET interdita rua para reconstituição do caso Isabella

A CET (Companhia de Engenharia do Tráfego) interditou por volta da meia-noite deste domingo (27) a rua Santa Leocádia, na Vila Isolina Mazzei (zona norte de São Paulo), para a reconstituição da morte da menina Isabella Nordoni, 5, que acontece hoje.

Isabella foi jogada do sexto andar do edifício London no final da noite de 29 de março. A reconstituição está marcada para começar às 9h e pode se estender por até dez horas.

A partir das 7h do domingo o espaço aéreo ficará bloqueado em um raio de 1,5 km do prédio. Na noite de sexta-feira (25) a Aeronáutica emitiu o Notan (Notice to Airmen, aviso aos navegantes, em português) proibindo o vôo de helicópteros, balões e aviões das 7h às 22h.

Policiais civis e militares estão no local para controlar o acesso de pessoas. Só têm direito a circular na rua moradores e prestadores de serviço e seus respectivos veículos.

O esquema montado pela polícia prevê ainda bolsões para que as pessoas acompanhem o trabalho da perícia. Eles ficarão a 60 metros do ponto onde estará montada a área reservada aos jornalistas, um próximo à rua Mandaguari e à avenida General Ataliba Leonel.

A polícia cadastrou moradores para facilitar o acesso à rua e evitar que outras pessoas tenham acesso ao local. Caso as pessoas tentem furar o bloqueio, podem ser encaminhadas a delegacias de polícia da região e responder por desacato a autoridade.

Reconstituição
Os responsáveis pela investigação do caso consideram fundamental a reconstituição. Através dela, por exemplo, será possível confirmar a tese defendida pela Polícia Civil, a de homicídio praticado pelo pai da garota.

O fechamento do espaço aéreo é necessário, segundo a Polícia Civil, para não prejudicar a reconstituição dos fatos que resultaram na morte da garota, asfixiada e jogada do sexto andar do prédio enquanto passava o fim de semana com o pai, Alexandre Nardoni, e com a madrasta, Anna Carolina Jatobá-indiciados pela polícia por homicídio doloso (com intenção) com três agravantes: motivo fútil, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima. O casal nega envolvimento no crime.

Nardoni e Jatobá não irão participar da encenação por recomendação dos advogados de defesa. Com isso, policiais civis com portes físicos parecidos com os do casal farão a reconstituição.

A expectativa é de que o inquérito que investiga as circunstâncias em que ocorreu a morte da garota seja concluído no prazo de 30 dias, que vencem na próxima terça-feira (29).

Apenas o edifício London e parte de um prédio vizinho serão utilizados na reconstituição. Fatos anteriores da chegada do casal ao estacionamento do edifício --entre eles compras em um hipermercado-- e a visita do casal à casa dos pais de Anna Carolina, em Guarulhos (Grande São Paulo), não serão refeitos.

A encenação começará dentro do estacionamento do prédio. Após a saída do estacionamento será utilizado um dos elevadores que levam ao sexto andar, onde está localizado o apartamento. Serão gravadas imagens da saída do elevador até a porta do apartamento, sala e quarto, principais cenas do crime. De lá, o elevador é novamente utilizado até o acesso ao jardim do prédio parte da rua defronte ao edifício.

Para simular a presença dos filhos do casal, serão utilizados bonecos, assim como foi feito pela Polícia Técnico-Científica para simular a morte de Isabella durante o recolhimento de materiais que resultaram nos laudos.
Em determinados momentos, nem mesmo os delegados responsáveis pelo caso estarão presentes devido ao exíguo espaço de alguns locais. A prioridade é para os peritos e equipamentos que eles utilizarão.


Folha de São Paulo Governador norte-americano confia em reativação de acordo humanitário na Colômbia

O governador do Estado americano do Novo México, Bill Richardson, se declarou "otimista" em relação à possibilidade de reativar as negociações para um acordo humanitário na Colômbia depois de se reunir em Caracas com o presidente venezuelano, Hugo Chávez.

Richardson, que manteve uma reunião de mais de hora e meia com o governante venezuelano, qualificou de "produtivo" e "positivo" o encontro, no qual estiveram presentes o embaixador dos EUA na Venezuela, Patrick Duddy, e o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro.

"Simplesmente estou otimista em relação a retomarmos as discussões sobre o acordo humanitário", disse durante sua saída do Palácio presidencial de Miraflores, onde aconteceu a reunião.

O governador do Partido Democrata, em breves declarações à imprensa, manifestou que Chávez tinha lhe dito que está "disposto a ajudar" para retomar o caminho do acordo.
Além disso, destacou que seu único interesse são os reféns seqüestrados pelas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia): três americanos, a ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt e mais de 400 colombianos.

"Todos são reféns merecem estar livres", disse Richardson, que falou em espanhol e em inglês com a imprensa.

O governador do Novo México insistiu em que ele não era "um enviado do governo dos EUA", nem da OEA (Organização dos Estados Americanos), mas "um enviado dos familiares dos seqüestrados", e não só dos seqüestrados americanos.

Agradeceu a atenção do governo venezuelano, especialmente do chanceler Maduro, assim como a do embaixador americano, e afirmou que retorna aos EUA com o propósito de tentar ajudar na via do acordo que permita uma troca humanitária.

Richardson disse que se reuniu recentemente com o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, que, disse, "também está disposto a ajudar", e que falou com as autoridades francesas.

"O governo americano quer movimento em relação à libertação dos reféns", comentou o governador, que se declarou especialmente preocupado com a saúde de Ingrid Betancourt.

Richardson indicou que ia falar também com a senadora colombiana Piedad Córdoba, que, da mesma forma que Chávez, foi suspensa no mês de novembro do ano passado por Uribe em seu papel de mediadora para uma troca humanitária entre reféns e guerrilheiros presos.

O governador americano não deu detalhes sobre que tipo de ajuda poderia dar Chávez para reativar os contatos.

Em declarações horas antes, o presidente venezuelano tinha dito que não sabia se poderia ajudar na tarefa de alcançar os objetivos colocados por Richardson.

"Não sei se poderei continuar ajudando neste tema, porque para ajudar é preciso que as partes que estão no problema aceitem a ajuda", disse Chávez em referência ao veto de Bogotá para que desempenhe um papel mediador.

Os três americanos cuja liberdade é defendida por Richardson foram capturados pelas Farc quando o avião no qual efetuavam um rastreamento eletrônico nas selvas do sul da Colômbia caiu.

Em janeiro e fevereiro, a guerrilha colombiana libertou seis de seus reféns de forma unilateral e os entregou a Chávez em "desagravo" por ter sido afastado da mediação pelo presidente colombiano.

As já deterioradas relações entre Bogotá e Caracas sofreram um novo colapso em março, após o ataque militar colombiano contra um acampamento das Farc em território do Equador, no qual morreram 26 pessoas, entre elas o porta-voz da guerrilha, Raúl Reyes, um equatoriano e quatro universitários mexicanos.

A crise começou a ser solucionada após a cúpula do Grupo do Rio no mês passado em Santo Domingo, capital da República Dominicana, mas as Farc advertiram que não farão mais libertações unilaterais.

Além disso, reiteraram sua exigência a Uribe, que a rejeita, que desmilitarize os municípios de Pradera e Florida para negociar uma troca humanitária de 39 reféns --entre os quais estão os três americanos-- por cerca de 500 guerrilheiros presos.

A visita a Caracas do governador do Novo México acontece dias antes da já anunciada viagem do ministro de Exteriores francês, Bernard Kouchner, à Colômbia, Equador e Venezuela na próxima semana.

Kouchner abordará com seus interlocutores a "urgência de uma solução humanitária" que leve à libertação dos reféns das Farc, incluindo Ingrid Betancourt, após o fracasso da missão enviada pela França, Espanha e Suíça à Colômbia para tentar contato com a guerrilha


Folha de São Paulo Dois grupos reivindicam autoria de ataques durante desfile no Afeganistão

O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, saiu ileso neste domingo de uma ataque, reivindicado tanto pelos talebans como por um grupo armado relacionado à Al Qaeda, e realizado quando começava o desfile de comemoração pela vitória mujahedin contra o Governo comunista apoiado pelos soviéticos.

Uma pessoa morreu e 11 ficaram feridas no ataque --cujas características ainda não estão claras--, informou à Agência Efe o porta-voz do Ministério da Defesa, Zahir Azimi, que não disse quem foram as vítimas.

O porta-voz taleban Zabiullah Mujahid assegurou à Efe que seis insurgentes do grupo tinham atacado durante a cerimônia com rifles de assalto e que três deles morreram no tiroteio que se seguiu, enquanto os outros escaparam para um "lugar seguro".

Segundo Mujahid, os talebans lançaram seu ataque cerca de 30 metros do palanque no qual Karzai e outros dignatários presenciavam o grande desfile militar, que foi interrompido enquanto milhares de pessoas fugiam apavoradas.

A autoria do ataque também foi atribuída ao líder radical afegão Gulbudin Hekmatiar, um ex-mujahedin que agora está associado à rede terrorista Al Qaeda.

Um porta-voz de Hekmatiar disse à rede de televisão privada Tolo que seus homens tinham atacado durante a cerimônia com foguetes a partir de uma casa situada a cem metros de Karzai.

Pouco após ser retirado do local por seus guarda-costas, Karzai apareceu na televisão para confirmar que estava bem e anunciar que vários agressores tinham sido detidos.

O porta-voz da Defesa não pôde confirmar quantas pessoas foram detidas nem a que grupo insurgente pertencem.

O ataque aconteceu poucos minutos após começar a cerimônia de comemoração da vitória dos mujahedins afegãos contra o Governo comunista apoiado pela União Soviética, em 1992, e se confundiu com o som das salvas de canhão e o hino que era executado no momento.

As tropas soviéticas se retiraram do Afeganistão em fevereiro de 1989, após dez anos de ocupação e conflitos contra diferentes grupos de mujahedins, dos quais o de Hekmatiar foi o que mais ajuda externa recebeu.

Outros grupos de antigos mujahedins têm uma forte presença no Parlamento e no Governo de Karzai e a cada ano lembram com um desfile em Cabul sua vitória contra o comunismo.

Na década de 1990, os talebans se levantaram em armas contra o Governo dos mujahedins, após vários anos de uma sangrenta guerra civil entre as diferentes facções que tinham lutado contra a URSS, afundando o país no caos.


Folha de São Paulo Tiros obrigam Karzai a abandonar palanque durante desfile no Afeganistão

O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, abandonou neste domingo (27) o palanque de onde presenciava um desfile militar após serem ouvidos tiros, segundo imagens divulgadas ao vivo pela televisão afegã.

Minutos após começar o desfile para comemorar a vitória dos mujahedins afegãos contra os ocupantes soviéticos, foram ouvidos alguns disparos, que forçaram a retirada de Karzai e outros membros do governo presentes no ato.

Pouco depois, o porta-voz taleban Zabiullah Mujahid assegurou à Efe que seis insurgentes tinham atacado a cerimônia.

Três deles morreram no tiroteio, enquanto os outros três conseguiram escapar para um "lugar seguro", descreveu o porta-voz, que não disse se os agressores causaram alguma baixa durante o ataque.

Os antigos mujahedins afegãos têm uma forte presença no Parlamento e no governo de Karzai e cada ano lembram com um desfile em Cabul sua vitória contra a União Soviética, que invadiu o país em 1979 e se retirou dez anos depois.

Na década de 1990, os talebans se levantaram em armas contra o governo dos mujahedins, após vários anos de guerra civil entre as diferentes facções que tinham lutado contra a URSS.


Folha de São Paulo Cidades que mais desmatam lideram crimes na Amazônia
Violência aparece em 39 das 50 cidades com maior índice de devastação na região
EDUARDO SCOLESE

Os municípios que mais desmatam na região amazônica são também os que mais registram trabalho escravo e violência no campo. O avanço da pecuária na área acompanha o ritmo da queda das árvores.
Essas relações foram detectadas pela Folha a partir do cruzamento de dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), do Ministério do Trabalho e da CPT (Comissão Pastoral da Terra).

A reportagem teve acesso a levantamento do Inpe que identifica o total desmatado de agosto de 2004 a julho de 2007 em 601 cidades da Amazônia Legal (Estados do Norte, além de Mato Grosso e Maranhão).

No ranking dos 50 municípios que mais extraíram madeira no período, sendo 23 em Mato Grosso e 20 no Pará, a violência no campo aparece em 39 deles, com crimes ligados a conflitos fundiários e flagrantes de trabalhadores em situação análoga à escravidão.

Os municípios "top 50" do desmate acumularam a média de um assassinato entre 2004 e 2007, índice sete vezes acima do registrado na região amazônica (0,14), segundo a CPT.

Os campeões na derrubada de árvores também estão à frente nos flagrantes de trabalho escravo, ou seja, quando, além de ser submetido a situações degradantes, o trabalhador é impedido fisicamente de deixar a propriedade.

Entre 2004 e 2007, a média nesses 50 municípios foi de 109 trabalhadores resgatados pelo grupo móvel de fiscalização do Ministério do Trabalho. Na Amazônia, no mesmo intervalo, a média geral dos municípios foi de 16 pessoas flagradas nessas condições.

Gigante
No topo da lista do desmate está o gigante paraense São Félix do Xingu, município com área equivalente à soma dos Estados de Alagoas e do Rio Grande do Norte (84,2 mil km2).

Nele, em três anos, foram devastados 2.812 km2, com quatro assassinatos e 291 trabalhadores resgatados.

"Onde tem desmatamento ilegal, onde tem grilagem de terra, tem madeireiras e tem morte. A vinculação é realmente essa", afirma Ailson Machado, assessor de mediação de conflitos agrários da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência.

"O trabalho escravo vem junto, porque eles [proprietários ou grileiros] usam essas pessoas, a maioria delas migrantes, para abrir a mata. Quando termina o desmate, ou elas ficam expostas à violência, sem trabalho, ou são levadas para outras áreas para serem exploradas", completa.

O avanço do desmatamento na Amazônia também coincide com o crescimento da pecuária. Entre os 50 municípios da região que, segundo dados do IBGE, mais avançaram na quantidade de cabeças de gado entre 2003 e 2006, 29 deles também integram os top 50 na derrubada da floresta.

Colniza (MT) é um exemplo. No extremo noroeste do Estado, na divisa com Amazonas e Rondônia, a cidade aparece em quarto no ranking do desmate, com 982 km2 derrubados, 115,9 mil novas cabeças de gado e dois assassinatos, em três anos.

No mesmo intervalo, Confresa, município no nordeste mato-grossense, seguiu uma linha semelhante, com 270 km2 de desmate, 114,6 mil novas cabeças de gado e 1.013 trabalhadores flagrados em situação análoga à escravidão. "A gente lamenta, mas tem pessoas que ainda estão fazendo isso. Se aproveitarem as áreas já abertas, não precisam desmatar", diz o pecuarista Nerci Wagner, presidente do sindicato rural de Confresa.

Entre os top 50 do desmatamento, houve um crescimento médio de 90,9 mil cabeças de gado, contra 15,7 mil em toda a região amazônica, uma diferença de 579%.

Valor da floresta
Para a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, o que acontece é que o desmate é uma resposta ao que classifica de baixo valor econômico da floresta. A entidade rejeita a relação entre a violência no campo e a atividade econômica.

José Batista Afonso, advogado da CPT do Pará e integrante da coordenação nacional do braço agrário da Igreja Católica, afirma que a relação entre o desmatamento e a violência no campo não é coincidência.

"Não existe coincidência, e sim uma relação. Na Amazônia, especialmente no Pará, a atividade da pecuária sempre foi a campeã na utilização de mão-de-obra do trabalho escravo. E, se existe expansão da pecuária, há também a expansão da área de desmatamento", declara Afonso, advogado da CPT.


Jornal de Brasília Conferência Nacional reunirá 2 mil jovens em Brasília a partir de amanhã

Dois mil jovens de todo o país estarão em Brasília amanhã (27) para participar da 1ª Conferência Nacional da Juventude. O evento se estenderá até o dia 30. Eles apresentaram cerca de 4,5 mil propostas discutidas em conferências estaduais, realizadas em fevereiro e março.

As propostas foram divididas em 16 áreas: educação, trabalho, cultura, saúde e sexualidade, participação política, meio ambiente, segurança e direitos humanos, diversidade e políticas afirmativas, esporte e lazer, fortalecimento institucional da política da juventude, mídia e tecnologia da informação, drogas, cidades, família, campo, povos e comunidades tradicionais.
De acordo com o coordenador do evento, Danilo Moreira, as propostas, agora resumidas em 548, servirão de plataforma para a política nacional da juventude. A plenária final escolherá 21 prioridades.

“Ela [a resolução final que sairá do evento] terá uma força muito grande porque foi fruto de um debate intenso em várias etapas preparatórias e passará a ser um instrumento para a ação do Conselho Nacional da Juventude (Conjuve), e dos governos federal, estaduais e municipais”, avaliou.

Além das conferências estaduais, ocorreram também conferências livres em presídios, aldeias indígenas, organizações desportivas e em unidades de internação de menores. “As propostas encaminhadas por essas conferências livres ajudaram muito na qualificação do material. Isso é um ganho enorme, esses jovens puderam debater e interferir nessas políticas”, disse o coordenador da conferência.

Ele acredita que as 21 prioridades podem servir de subsídio para programas eleitorais de candidatos das próximas eleições municipais e até mesmo reorientar alguma ação do governo federal que envolva a juventude. “As decisões podem inclusive pressionar positivamente votações na Câmara que dizem respeito à juventude e servirem como referência para os próprios movimentos juvenis se organizarem em torno dessas bandeiras ”, previu.

Para a vice-presidente do Conjuve e integrante da Organização Não-Governamental (ONG) Ação Educativa, Maria Virgínia Freitas, a conferência terá o papel de fazer um levantamento das demandas dos jovens. “O nosso principal é objetivo é justamente a priorização desse cojunto de propostas. Então veremos como o governo responderá a isso e, daqui a dois anos, vamos conferir o que foi feito”, explicou.


Jornal de Brasília Tropas colombianas são atacadas pelas Farc a partir de território equatoriano

Tropas colombianas foram atacadas a partir de território equatoriano com cilindros-bomba, que feriram um soldado, segundo denúncias de fontes militares em Bogotá e no departamento sulista de Putumayo.

O ataque teria sido feito por supostos rebeldes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), e foi registrado na localidade equatoriana de Pueblo Nuevo em direção à região colombiana de Teteyé, segundo as fontes.

As tropas colombianas foram atacadas quando prestavam assistência a um grupo de engenheiros em atividades de prospecção petrolífera, em um ponto da selva do departamento (estado) de Putumayo, a cerca de 700 quilômetros ao sudoeste de Bogotá.

O general Mario Montoya, comandante do Exército colombiano, em Bogotá, e o também geral Octavio Ardila, da IV Divisão militar, de Putumayo, denunciaram a ação contra as tropas na zona de fronteira.

Os soldados atacados foram atingidos por vários dos cilindros-bomba, repletos de estilhaços e três dos artefatos que não explodiram ficaram em poder das tropas, observou o general Ardila.

Nessa região limítrofe com o Equador atuam guerrilheiros da frente 48 das Farc.

O general Montoya informou que a ação foi comunicada à Chancelaria, para que, por sua vez, seja transmitida às autoridades e às Forças Militares equatorianas.

"Esperamos que esta situação não continue. É delicado para tropas colombianas e para as companhias que exploram petróleo nessa região", disse o general Montoya.

Um informante, desmobilizado das Farc revelou hoje ao canal "RCN" de televisão, que essa guerrilha, "do Equador", planeja e lança ataques a tropas colombianas que se encontram perto da divisa entre os dois países

No dia 1º de março tropas colombianas realizaram uma incursão militar contra um acampamento das Farc em território equatoriano, situado a menos de dois quilômetros da fronteira, durante o qual morreram 26 pessoas, entre elas "Raúl Reyes", porta-voz internacional da organização.

Dois dias depois da operação, o presidente do Equador, Rafael Correa, rompeu relações diplomáticas com a Colômbia.



O Estado de São Paulo Austrália vai retirar 200 soldados do Timor-Leste
O país comanda a Força Internacional de Segurança, solicitada para sufocar a violência

SYDNEY - O primeiro-ministro da Austrália, Kevin Rudd, disse este fim de semana que a situação noTimor-Leste, após as tentativas de assassinato do presidente e do primeiro-ministro do país, José Ramos Horta e Xanana Gusmão, respectivamente, voltou à normalidade e anunciou a retirada de 200 soldados, para deixar ali uma tropa de 750 militares.

"O primeiro-ministro Gusmão me escreveu respaldando a decisão. Agradeceu à Austrália sua assistência após os ataques", detalhou o trabalhista Rudd.

O dirigente australiano reiterou o compromisso de seu país com o Governo timorense e com a ONU para ajudar a jovem nação a manter a segurança e a enfrentar outros desafios.

A Austrália comanda a Força Internacional de Segurança, na qual participam Malásia, Nova Zelândia e Portugal, que o Timor-Leste solicitou em maio de 2006 para sufocar a espiral de violência que ameaçava desembocar em uma guerra civil.

Desde então, a força internacional permanece no país e a ONU retornou a essa antigo colônia portuguesa para ajudar as autoridades Nacionais.


O Estado de São Paulo Separatistas tâmeis atacam instalações militares cingalesas
O bombardeio tâmil segue a outro lançado no sábado pelo Exército contra posições de artilharia da guerrilha

NOVA DÉLHI - Os rebeldes separatistas tâmeis lançaram esta madrugada um ataque aéreo contra instalações do Exército do Sri Lanka, informou neste domingo uma fonte militar, que disse que o bombardeio não causou nenhum dano.

A aviação tâmil lançou três bombas contra posições do Exército em Welioya, no nordeste da ilha, "sem causar dano ao Exército", assegurou o Ministério da Defesa em comunicado.
A site "Tamilnet" informou que esta é a segunda vez desde outubro de 2007 em que os rebeldes lançam um ataque combinado por terra e ar contra o Exército cingalês.

O bombardeio tâmil segue a outro lançado no sábado pelo Exército contra posições de artilharia da guerrilha também em Welioya, em uma semana que registrou fortes combates no norte do país nos quais morreram uma centena de rebeldes tâmeis e 43 soldados, segundo a Defesa, que também informou do desaparecimento de 33 militares.

Outros 64 civis faleceram na explosão de uma bomba em um ônibus da cidade de Piliyandala, cerca de 15 quilômetros ao sul de Colombo, capital do país, em um atentado pelo qual oito pessoas foram interrogadas, segundo a Polícia.


O Estado de São Paulo O site dos EUA que sentiu o terremoto de SP
Segundos após o tremor, agência USGS já trazia informações sobre intensidade e epicentro
Célia Almudena

Enquanto milhares de paulistanos se assustavam na terça-feira com o terremoto de 5,2 graus na escala Richter, cientistas da Sociedade Geológica dos Estados Unidos (USGS, sigla em inglês) já reuniam informações sobre o evento. Qualquer catástrofe natural que aconteça no local mais remoto do planeta é logo destrinchada no site da entidade para internautas leigos. E, não por acaso, a USGS é chamada de "agência do fim do mundo".

O terremoto que atingiu quatro Estados brasileiros na semana passada acendeu a luz vermelha. A falta de informações fermentou a sensação de agonia. Não para algumas centenas de internautas, que logo desembocaram no site www.usgs.gov. Lá, segundos após o evento, já havia informações sobre intensidade, localização do epicentro (a 218 km de São Vicente) e profundidade do terremoto.

O pior terremoto do País nos últimos anos mostrou que não estamos preparados para desastres naturais. No dia seguinte ao abalo, uma reunião em Brasília discutiu a criação de uma rede nacional sismográfica. O chefe do Departamento de Sismologia da Universidade de Brasília (UnB), Lucas Barros, apresentou aos assessores do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência o projeto de uma rede de 40 estações de monitoramento. "Hoje, é difícil registrar os sismos pequenos. As estações que existem estão distribuídas de maneira disforme e os instrumentos, ultrapassados", explicou Barros.

A USGS não enfrenta essa dificuldade. Uma das muitas entidades vinculadas à Agência Federal para o Gerenciamento de Emergências (Fema) do governo americano, ela foi fundada em 1879. É uma agência científica que estuda paisagens e territórios, principalmente dos Estados Unidos. Sua abordagem multidisciplinar reúne biologia, geografia, geologia, além de informações geoespaciais e oceanográficas.

A USGS acredita que a ciência é a melhor forma de manter a população preparada para adversidades, além de sustentar a economia, a segurança nacional, a qualidade de vida e o meio ambiente. Assim, seu site traz em linguagem simplificada tópicos científicos de importância, como análises geoespaciais e recursos naturais, sem esquecer de temas atuais, como aquecimento global e queimadas. Além de registros históricos muito interessantes. Com alguns cliques, o internauta que domina o inglês descobre que o terremoto mais mortífero registrado no mundo aconteceu em 23 de janeiro de 1556, na China. Com cerca de 8 graus na escala Richter (num máximo de 9), deixou 830 mil mortos.

GRÁFICOS
Também é possível entender, por meio de gráficos didáticos, como o terremoto de 26 de dezembro de 2004 em Sumatra deu origem ao tsunami que afetou 14 países no sul da Ásia e leste da África. Ou navegar para páginas de parceiros, como o Instituto Smithsonian, e encontrar fotos e informações dos terremotos históricos desde 1900.

A importância de acompanhar as mudanças climáticas ganha espaço por causa do aquecimento global. Recentemente, a ONU alertou que prejuízos causados por condições extremas do clima podem ultrapassar US$ 1 trilhão em um único ano até 2040

Friday, April 25, 2008

Correio Braziliense PADRE DESAPARECIDO
Buscas são encerradas

A Marinha e a Aeronáutica encerraram ontem as buscas pelo padre Aderli de Carli, que desapareceu no domingo quando voava auxiliado por mil balões enchidos a gás hélio. O prazo normalmente seguido de 72 horas foi encerrado às 21 horas de quarta-feira, mas a Marinha manteve as buscas com navios e com o helicóptero até o fim da manhã desta quinta. Nenhum sinal do padre foi encontrado nas últimas horas. O avião da Força Aérea Brasileira (FAB) já encerrara as buscas na noite de quarta-feira. De acordo com o comandante do grupo de radiopatrulha área da Polícia Militar de Santa Catarina, Nelson Henrique Coelho, as chances de encontrar o padre Aderli de Carli com vida são quase impossíveis.

Correio Braziliense PARAGUAI
Alencar reclama de reajuste
Para o vice de Lula, Brasil “fez tudo” na hidrelétrica de Itaipu e sua solidariedade tem limite. Presidente da Empresa de Pesquisa Energética diz que país vizinho colaborou “apenas com a água”

O vice-presidente, José Alencar, e autoridades brasileiras do setor energético alertaram o governo sobre os riscos de um reajuste exagerado na tarifa paga ao Paraguai pela energia gerada em Itaipu. Alencar disse que o Brasil tem sido “generoso” com os vizinhos da América do Sul, mas esse “espírito de solidariedade tem limite”. Já o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, foi bem mais crítico às pretensões paraguaias. Indagado sobre a validade do pleito de Assunção, ele disparou: “É importante entender que, no fundo, nesse processo todo, o Paraguai entrou apenas com a água e que metade do rio (Paraná) é do Paraguai e metade é do Brasil”.

Alencar manifestou discordância com o aumento tarifário proposto por Fernando Lugo, ex-bispo que conquistou a presidência paraguaia na eleição do último domingo. Segundo ele, o Brasil “fez tudo” na usina. “Foi o Brasil que colocou os recursos que deveriam ser colocados pelo Paraguai. Então, a empresa nasceu com a ajuda do Brasil ao Paraguai, nasceu com a ajuda tecnológica do Brasil, com o know-how do Brasil em matéria de hidrelétricas”, afirmou. “O Brasil não está fazendo isso subservientemente. Está dando todo esse apoio ao Paraguai, à Bolívia, a esses países da América do Sul tendo em vista suas condições em relação às condições deles. Há um espírito de solidariedade. Agora, isso, obviamente, tem limite”, acrescentou o vice-presidente.

Tolmasquim, que participou ontem de uma audiência pública na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, argumentou que Itaipu custou US$ 12 bilhões, e o Paraguai participou apenas com US$ 50 milhões. O restante, de acordo com ele, foi financiado pelo Brasil, que teve de levantar capital emprestado nos mercados interno e externo. “O Paraguai ganhou um empreendimento que hoje vale cerca de US$ 60 bilhões. Então, metade do empreendimento equivale a algumas vezes o PIB do Paraguai, sendo que a contribuição dele para o processo foi o fato de estar na fronteira com o Brasil”, assinalou.

O Brasil utiliza hoje 95% da energia de Itaipu. Os 5% restantes ficam com o Paraguai. O Tratado de Itaipu, firmado em 1973, estabelece que cada país tem direito a metade da energia produzida. Porém, os paraguaios não utilizam grande parte de sua parcela e vendem o excedente aos brasileiros, que pagam US$ 45,31 por MW/h, dos quais pouco mais de US$ 42 vão para a amortização de dívidas. O restante fica com o governo paraguaio, em recursos que rendem pouco mais de US$ 300 milhões por ano. Lugo, que toma posse em 15 de agosto, anunciou que o “preço justo” seria o de mercado, equivalente a US$ 1,5 bilhão anuais, pelo menos.

O presidente da estatal Eletrobrás, José Antonio Muniz Lopes, garantiu ontem que as negociações com Lugo não afetarão os acionistas minoritários da empresa. Ele citou até a possibilidade de que recursos do Tesouro Nacional sejam liberados para evitar possíveis prejuízos à Eletrobrás. “Nenhuma solução será adotada de forma a criar problema para o acionista privado, para quem investiu os seus recursos lá (na Bolsa). Se houver alguma coisa que afete a organização (Eletrobrás), teremos de resolver no nível do governo”, declarou Muniz Lopes, no Clube de Engenharia do Rio de Janeiro.

Entre a fé e o poder
O presidente eleito do Paraguai, Fernando Lugo, recebeu ontem o representante do Vaticano em Assunção, o núncio apostólico Orlando Antonini (E), que lhe entregou um presente do papa Bento XVI, mas evitou se pronunciar sobre o dilema imposto pela vitória do ex-bispo: a Igreja Católica se opõe aos clérigos que assumem cargos políticos. “O Vaticano tem uma posição sobre o caso de Fernando Lugo e a divulgará brevemente por meio de um comunicado”, disse o diplomata depois do encontro. O futuro presidente reconheceu que, para a Santa Sé, é “um bispo rebelde”, mas quer “continuar pertencendo a essa Igreja”.


Correio Braziliense CRISE DIPLOMÁTICA
Colômbia protesta contra o Equador

O chanceler colombiano, Fernando Araújo, antecipou ontem que seu país prepara uma nota de protesto contra o presidente do Equador, Rafael Correa, por declarações feitas na véspera sobre possível reconhecimento político das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Correa, que rompeu relações com o país vizinho em 3 de março, depois que militares colombianos bombardearam um acampamento das Farc em território equatoriano, disse ainda que o colega Álvaro Uribe é “o último a querer a paz” com a guerrilha.

“As Farc estimulam a produção de drogas na Colômbia e violam as leis equatorianas negociando cocaína por lá. Tudo que façamos para derrotar esses terroristas ajudará imensamente ao Equador”, respondeu Uribe. “Um governo democrático, como o do Equador, não pode parecer interessado em dar o status de força beligerante a um grupo terrorista — isso não podemos aceitar”, reforçou Fernand Araújo. O ministro lembrou que a crise entre os dois países foi tratada em reunião de chanceleres na Organização dos Estados Americanos (OEA), quando ambas as partes se comprometeram a evitar pronunciamentos que pudessem agravar as tensões políticas. Por isso, o protesto será encaminhado também à OEA, para caracterizar o descumprimento do acordo por parte de Quito.

Falando à emissora (estatal) de TV venezuelana VenTV, Correa se dirigiu ao comando das Farc e pediu à guerrilha colombiana que “liberte incondicionalmente todos os reféns em seu poder e acate as convenções de Genebra (sobre crimes de guerra) para que seja reconhecida como força beligerante e se torne um interlocutor válido”. O presidente equatoriano, porém, atacou o colega colombiano, cuja popularidade atingiu a marca recorde de 84% após o rompimento — em boa parte, porque o ataque ao acampamento rebelde matou o segundo homem na hierarquia das Farc, Raúl Reyes.

“O melhor negócio para o governo de Uribe é essa guerra. A última pessoa que quer a paz com as Farc é Álvaro Uribe”, provocou Correa, tido como aliado do presidente venezuelano, Hugo Chávez, por sua vez acusado de apoiar as Farc — a quem o Parlamento de Caracas concedeu no mês passado o status de “força beligerante”. De acordo com o direito internacional, esse reconhecimento político permite que a guerrilha colombiana mantenha escritórios e representantes públicos na Venezuela, embora seja classificada como organização terrorista pelos Estados Unidos e pela União Européia.

A chancelaria equatoriana respondeu às queixas alegando que teriam sido publicadas “versões distorcidas” do pronunciamento de Rafael Correa. Segundo nota, as declarações do presidente “reiteram a política do Equador de rechaçar a presença desse grupo armado irregular (as Farc) em território equatoriano e censurar as práticas atentatórias ao direito humanitário internacional, assim como o apoio ilegal ao narcotráfico”.

FARC EM RONDÔNIA
A suposta interferência das Farc em disputas agrárias no Brasil foi denunciada ontem na Câmara dos Deputados pelo secretário de Segurança de Rondônia, Cezar Pizzano. Em sessão da Comissão de Agricultura, Pizzano afirmou que a guerrilha colombiana estaria dando treinamento militar à Liga dos Camponeses Pobres (LCP), movimento de origens maoístas que teria surgido em Minas Gerais e se expandido para Rondônia e o Pará.


Folha de São Paulo Lula aprova redução de fusos horários em 3 Estados
A mudança tem 60 dias para entrar em vigor e atingirá cidades do AC, AM e PA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou ontem, sem vetos, a lei que reduz de quatro para três o número de fusos horários usados no Brasil. A mudança, que tem prazo de 60 dias para entrar em vigor, atingirá municípios nos Estados do Acre, Amazonas e Pará e será publicada no "Diário Oficial" da União de hoje.

Dentro desse prazo, os 22 municípios do Acre ficarão com diferença de uma hora em relação a Brasília -hoje são duas horas a menos. Municípios da parte oeste do Amazonas, na divisa com o Acre, sofrerão a mesma mudança, o que igualará o fuso dos Estados do Acre e do Amazonas.

A mudança na lei também fará com que o Pará, que atualmente tem dois fusos horários, passe a ter apenas um. Os relógios da parte oeste do Estado serão adiantados em mais uma hora, fazendo com que todo o Pará fique com o mesmo horário de Brasília.

O projeto, de autoria do senador Tião Viana (PT-AC), foi aprovado no Senado em 2007. Ao tramitar na Câmara, foi alvo de pressão de emissoras de televisão. O lobby foi por conta da entrada em vigor de portaria do Ministério da Justiça que determinou a exibição do horário de programas obedecendo à classificação indicativa.

Parlamentares da região Norte ainda pressionam o governo em virtude das regras da classificação indicativa.

Ela determina que certos programas não indicados para menores de 14 anos, por exemplo, não possam ser exibidos em todo o território nacional no mesmo horário, já que existem diferenças de fuso.


Folha de São Paulo Onda de 3 m invade barco e provoca pânico no Rio
Houve feridos leves; acidente foi na travessia Niterói-Rio
MALU TOLEDO

Uma onda com cerca de três metros invadiu um catamarã na baía de Guanabara, durante travessia de Niterói para o Rio, e provocou pânico nos cerca de 200 passageiros, ontem pela manhã. Ao menos 12 precisaram de atendimento médico.

A porta dianteira do barco foi arrombada pela água, que invadiu a cabine dos passageiros.

A ressaca, que desde quarta-feira castiga a orla do Rio, ontem provocou ondas grandes dentro da baía -habitualmente as águas são quase paradas.

O mar estava tão agitado que a Capitania dos Portos precisou fechar o trânsito marítimo na baía por quatro horas. A linha Charitas-Rio, atendida pelo catamarã, continuava suspensa até a conclusão desta edição.

O catamarã é um barco de pequeno porte que costuma ser usado como meio de transporte por moradores.

Os institutos de meteorologia descartam ligação entre a forte ressaca na orla carioca e os tremores de terça-feira.

O catamarã, com capacidade para 237 pessoas, saiu à 7h45 de Charitas, na zona sul de Niterói, e cerca de dez minutos depois começou a enfrentar ondas com cerca de um metro, na altura da ponta do Morcego, em Niterói. A embarcação teve de diminuir a velocidade e chegou a desligar o motor duas vezes. Uma onda de três metros atingiu a frente da embarcação e rompeu uma porta de alumínio. As pessoas que estavam sentadas na frente ficaram encharcadas e algumas tiveram ferimentos leves. O chão da embarcação ficou alagado.

O comandante do barco, Joel Moura, disse que nunca tinha enfrentado ondas tão grandes naquele trajeto.

Doze pessoas foram atendidas, entre elas duas mulheres grávidas, que foram liberadas, segundo a empresa que administra as barcas. Até a conclusão desta edição, três pessoas permaneciam em observação no hospital municipal Souza Aguiar, no centro.
A estudante Tatiana Passos Ribeiro, 20, que sempre vai para o Rio de barca, ligou para a mãe assim que viu a água invadindo o catamarã. Ela contou que ficou mais nervosa com a reação das pessoas, muitas delas idosas, que entraram em pânico, chorando e rezando.

Segundo ela, os tripulantes deixaram as pessoas ainda mais assustadas porque gritaram para elas não saírem dos lugares.
Ela ligou para a mãe, a médica Eliane Ribeiro, que pegaria a barca das 8h. Aflita, a médica "acompanhou" a filha até a estudante desembarcar no Rio.

Causas da ressaca
Uma frente fria no oceano Atlântico, na altura do Rio Grande do Sul, teria provocado a ressaca no litoral fluminense, segundo análises do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), da Marinha e do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília.

Eva Matschinske, do serviço de meteorologia da Marinha, apontou três fatores para o aumento da maré: o deslocamento da frente fria para o litoral, um vento sudoeste na mesma direção do litoral e a fase da lua -quarto crescente.
Segundo ela, a tendência é que a maré diminua a partir de hoje, porque o vento já se deslocou para o litoral norte do Rio.


Folha de São Paulo Família de padre aluga avião para buscas
Irmão afirma ter certeza que o religioso está vivo; trabalhos da Marinha prosseguem somente até hoje
DIMITRI DO VALLE

A família do padre Adelir Antônio de Carli alugou um avião bimotor para reforçar as buscas pelo religioso, desaparecido desde domingo no litoral de Santa Catarina, após levantar vôo preso a cerca de mil balões de festa com gás hélio.

A aeronave saiu ontem de Navegantes (SC) e começou a vistoriar a costa desde o litoral norte catarinense, onde o padre fez os últimos contatos por celular antes de cair no mar.

A Marinha informou que os trabalhos prosseguem somente até hoje. Haverá então uma análise do caso para verificar a possibilidade de continuidade das buscas. As primeiras 72 horas após o desaparecimento, que venceram anteontem, foram o período considerado de maior chance de localização.

Um avião da FAB se retirou ontem das operações. De acordo com o 5º Distrito Naval, comandantes das duas Forças Armadas decidiram que a estrutura da Marinha é suficiente. O avião da FAB, segundo a Marinha, fez todas as varreduras possíveis do mar a partir de tetos mais elevados.

O bimotor fretado pela família de Carli tem autonomia para incursões de até 100 milhas náuticas (185 quilômetros). "Temos certeza que ele está vivo. Por isso, alugamos o avião", disse o irmão do padre, Marcos de Carli. Ele pediu que a população não pare de rezar.

Carli levantou vôo para tentar quebrar um recorde mundial de permanência no ar e divulgar o trabalho da Pastoral Rodoviária, fundada por ele em Paranaguá (90 km de Curitiba) para apoiar caminhoneiros.

Buscas
As buscas se estenderam ontem mais ao sul do litoral catarinense e devem chegar à cidade portuária de Imbituba (104 km a sul de Florianópolis). A Marinha se baseia na direção dos ventos e das correntes marítimas. Há dois navios e um helicóptero na operação.

Outra frente de buscas está sendo feita pelo Corpo de Bombeiros em regiões de morros e de mata fechada de Penha (127 km a norte de Florianópolis).

O bispo de Paranaguá, dom João Alves dos Santos, disse que um fiel próximo ao padre teve um "sentimento" de que o religioso esteja perdido em uma área de mata na região de Penha, onde foram localizados, boiando perto da costa, os primeiros restos de balões.


Jornal do Brasil Niterói também sofre. Na Urca, barco afunda

A ressaca incomum para esta época do ano pegou de surpresa proprietários que ancoram seus barcos na Urca. Um deles chegou a adernar. O estrago só não foi maior porque, por volta das 6h, funcionários do Iate Clube do Rio de Janeiro manobraram os barcos para dentro da baía. Os que estavam mais perto do cais, chegaram a cair do berço (armação de madeira onde se assenta um barco) e três deles tiveram seus mastros quebrados.

– Não temos uma ressaca como esta há cinco anos e, pela primeira vez, ocorre em abril – observa Alberico de Arruda, superintendente do Iate Clube. – A ressaca foi tão forte que uma das lanchas chacoalhava como uma caixa de fósforo.

Um dos píeres do clube foi danificado e ontem mesmo o representante da seguradora fez uma vistoria para calcular o prejuízo.

– Temos 750 barcos aqui. Por sorte, poucos estão ancorados já que a maioria aproveitou o feriadão e viajou. Muitos estão em Angra dos Reis – contou Arruda.

Transtornos em Niterói
Os efeitos da ressaca também foram sentidos nas ruas de Niterói. Os bairros de São Francisco, Charitas e Boa Viagem, que cercam a orla da bacia hidrográfica, foram os mais afetados. Na Praia das Flechas, a areia invadiu uma faixa de rolamento, entre os bairros do Ingá e Icaraí, impedindo o trânsito de pedestres e veículos.

A Avenida Engenheiro Martins Romêo, que dá acesso ao Museu de Arte Contemporânea (MAC), no bairro de Boa Viagem, ficou interditada em direção a Icaraí, obrigando os motoristas a circularem pelo Ingá e aumentando os congestionamentos no bairro. Durante todo o dia, cerca de 30 homens da Companhia de Limpeza de Niterói (Clin) retiraram 12 metros cúbicos

Jornal do Brasil Dia de fúria no mar e medo em terra firme
Ressaca afunda barco, atinge catamarã e fere 20
Janaína LinharesCarolina Bellei

Em vez de banhistas, curiosos. No lugar de corpos bronzeados, apreensão. Apesar do céu azul e do sol forte, a paisagem do Rio ontem foi atípica. Mudanças climáticas provocadas por um ciclone extratropical com origem no litoral do Rio Grande do Sul provocaram uma forte ressaca, que deixou o mar com ondas de mais de cinco metros em várias partes da cidade. O fenômeno ainda pôde ser sentido na Baía de Guanabara, onde uma onda atingiu um catamarã e deixou 20 feridos e afundou um barco na Urca. Muitos se assustaram com o que viam e houve quem fizesse ligação com o tremor de terra no Oceano, que sacudiu São Paulo na terça-feira.

– Nunca vi o mar tão bravo. Pensei que íamos ser engolidos – disse a estudante Luiza Salles.

Em trechos da Zona Sul, a água e a areia invadiram o calçadão. O repórter-aéreo da Rádio JB-FM, Carlos Eduardo Cardoso, que estará nas páginas do JB sempre que preciso, deu o seu relato depois de sobrevoar o Leblon.

– Quando vi o recuo do mar e a grande faixa de areia no Leblon, lembrei logo do que aconteceu na Indonésia antes da tsunami – disse ele, relembrando o acidente que vitimou mais de 200 mil pessoas em dezembro de 2004.

No Flamengo, ondas arrastaram pedras para perto de um restaurante e, em Copacabana, um turista estrangeiro quase se afogou. Niterói também sofreu com o mar revolto. Na Praia de Icaraí as ondas alcançaram o calçadão e as casas na beira das praias das Flechas e Boa Viagem chegaram a ser invadidas pela água.

– Ventou forte durante a noite e pela manhã, vi que a água havia atingido os carros – descreveu o compositor Daniel Pereira.
Colaborou Mariana Abrahão



Jornal do Brasil COLUNA
Vitória de Jobim
Gilberto Amaral


Foi uma vitória da persistência e da persuasão, que deve ser creditada ao ministro da Defesa, Nelson Jobim (foto), o aumento do soldo dos militares, numa média percentual de 47%, variando do recorde histórico de 137,8% para os recrutas e 35,5% para os generais.

Empenhado em reequilibrar o soldo dos militares, defasado durante vários governos, o ministro Jobim teve os esforços recompensados com o decreto presidencial. A tropa, em continência, agradece.



O Dia Abalo submarino pode ter ‘sacudido’ marés
Tremor de 6,5 graus foi registrado pela UnB horas antes da megarressaca

Rio - A agitação dos mares no litoral fluminense pode ser explicada até por fenômenos sísmicos. Especialistas em tectônica dos oceanos ouvidos por O DIA afirmam que o tremor de 5,2 graus na escala Richter (que vai até 9) registrado terça-feira no litoral de São Paulo — e sentido no Rio — não tem relação com a ressaca, mas um terremoto subseqüente poderia ter movimentado os mares do Rio. “Existe uma possibilidade de um tremor de terra posterior ao de São Paulo ter provocado o fenômeno. Ele pode ter ocasionado um movimento no fundo do oceano, no sentido vertical, com deslocamento de rocha”, afirma o oceanógrafo da Uerj Vitor D’ávila.

Segundo o Observatório de Sismologia da Universidade de Brasília (UnB), ontem, por volta das 4h, um terremoto foi registrado no Norte do Atlântico. “Detectamos tremor de 6,5 graus a mil quilômetros de Fernando de Noronha”, informa Daniel Caixeta, técnico da UnB.

Especialista em oceanografia geológica da UFF, o professor Alberto Figueiredo atribui a agitação marítima a ventos vindos da costa gaúcha, a 1.500 km do Rio, mas afirma que os tremores no Atlântico podem ter contribuído para o fenômeno no Rio: “É possível, sim. As ondas perdem energia, mas podem chegar a todo o oceano. Na época da tsunami (no Oceano Índico, em 2004), chegaram pequenas ondas à Baía de Guanabara”.

O especialista da Uerj observa que o fenômeno dos ventos vindos de frente fria no Sul é recorrente no Rio, mas a agitação dos mares como a de ontem é rara: “Só pode ser explicado por uma série de acontecimentos infelizes. Há décadas não ocorre. Em 30 anos aconteceu em duas ocasiões no Rio”. D’ávila afirma que os ventos formam uma espécie de “pólo difusor de ondas” que chegam “de frente para a Baía”.

Os ventos, afirma, podem explicar o fenômeno das ondas, mas não o avanço do mar no Aterro do Flamengo e o recuo na Zona Sul, visto na manhã de ontem. Figueiredo, por sua vez, tem outra explicação para o fenômeno constatado na orla. “Depois da tempestade em alto-mar, as ondas que chegaram ao litoral do Rio quebraram junto à praia e retiraram areia das partes mais profundas”.

Para a Marinha, a hipótese sismológica é descartada. “É fenômeno meteorológico. Os ventos ‘empilharam’ a água, as ondas aumentaram de tamanho e foram propagadas até a costa”, diz o tenente Leandro Machado, do Serviço Meteorológico Marinho, para quem a ressaca foi causada por ventos fortes.


O Estado de São Paulo Cerco deve atingir ONGs brasileiras
Proposta que inclui as entidades nacionais ainda está em fase inicial
Felipe Recondo, Brasília

O governo pretende estender para as organizações não-governamentais (ONGs) brasileiras que atuam na Amazônia o cerco que será feito às ONGs estrangeiras. A idéia é montar um arsenal jurídico que coíba a biopirataria, a influência sobre os índios e a ocupação irregular de terras na região.

Apesar de as ONGs estrangeiras não serem o único alvo do governo, devem ser elas as primeiras a ser afetadas por mudanças na legislação. Está mais avançada no governo a discussão sobre uma nova Lei do Estrangeiro que estabeleça como precondição para que as ONGs internacionais atuem na Amazônia uma autorização expressa do Ministério da Defesa, além da licença do Ministério da Justiça, como mostrou o Estado em sua edição de ontem.

A restrição às ONGs nacionais ainda está em estágio de diagnóstico. Somente depois de estudos do grupo de trabalho formado por integrantes do Ministério da Justiça, da Advocacia-Geral da União (AGU), da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e da Controladoria-Geral da União (CGU) é que uma minuta de projeto será elaborada.

O ministro da Justiça, Tarso Genro, avisou que, 'se necessário', pode acionar a Polícia Federal para que essa fiscalização sobre as ONGs seja feita. 'Precisamos ter normas especiais para controlar a entrada de ONGs lá, principalmente estrangeiras, mas não somente as estrangeiras, todas as que façam trabalhos vinculados a outros interesses que não os definidos em seus estatutos', disse ele, ontem. 'Queremos fortalecer e prestigiar ONGs sendo muito rigorosos com elas e dando força para as que são autênticas', acrescentou.

O projeto da nova Lei do Estrangeiro está na Casa Civil da Presidência da República e será enviado ao Congresso até junho. Preparado pela Secretaria Nacional de Justiça, o projeto prevê multas que vão de R$ 5 mil a R$ 100 mil para estrangeiros que atuarem na Amazônia sem a devida autorização.

Pelos cálculos dos militares, existem no Brasil 250 mil ONGs e, desse total, 100 mil atuam na Amazônia. Outras 29 mil engordam o caixa com recursos federais, que somente em 2007 atingiram a cifra de R$ 3 bilhões.

Na semana passada, ao escancarar o descontentamento com a demarcação da reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, o general Augusto Heleno Ribeiro Pereira, comandante militar da Amazônia, fez um alerta. Segundo ele, há ONGs internacionais estimulando os índios a lutar pela divisão do território nacional.

Heleno definiu a política indigenista do governo de Luiz Inácio Lula da Silva como 'lamentável, para não dizer caótica'. As declarações geraram irritação no Palácio do Planalto. O ministro Nelson Jobim, da Defesa, orientou Heleno a não falar sobre o assunto.


O Estado de São Paulo As ONGs não podem ser criminalizadas
Taciana Gouveia

Desde a sua fundação em 1991, a Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais - Abong- possui um Regional na Amazônia, composto por um conjunto de ONGs nacionais que há muito trabalham na área. Estas organizações realizam inúmeros tipos de atividades e ações, sempre com um objetivo: a defesa dos direitos humanos no seu sentido amplo, ou seja, os direitos humanos econômicos, sociais, culturais e ambientais. Estão também articuladas com muitas outras entidades, desde sindicatos rurais até comunidades eclesiais de base, presentes nos pontos mais remotos do imenso território.

Entre as milhares de pessoas direta e indiretamente envolvidas nessas iniciativas, estão os povos tradicionais da Amazônia. São ribeirinhos, quilombolas, indígenas, pequenos agricultores. Como é de conhecimento geral, são povos cujos direitos têm sido cerceados e transgredidos: têm suas terras tomadas por transnacionais, são vítimas de ameaças e assassinatos, assistem diariamente às ameaças à biodiversidade do rico e cobiçado meio ambiente da região.

As ONGs do campo Abong e entidades parceiras têm insistido nesses e em outros problemas, como a 'rapina e não plano de manejo' - ou o intenso desmatamento - que há muito ocorre na Região Amazônica e fato ressaltado pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Rapina alvo de constantes denúncias também dos povos tradicionais, que poucas vezes têm sua voz escutada. Por isso, é necessário que haja um rigoroso controle social da ação desenvolvida por qualquer tipo de organização na Amazônia, seja ela pública, privada ou não-governamental. Entretanto, e mais uma vez, urge que o governo tenha parâmetros legais bem definidos, para que o controle de atividades ilegais na Região Amazônica não criminalize as organizações e os movimentos que têm lutado pelos direitos dos seus povos e realizado ações na direção de um desenvolvimento realmente sustentável e com justiça social.



O Estado de São Paulo Grande perigo é balcanizar Amazônia
General Luiz Gonzaga Lessa*

Há um grande perigo em gestação na fronteira Norte do País: a balcanização da Amazônia,, ou seja, a transformação daquela vasta região em algo semelhante ao que ocorreu no Kosovo, nos Bálcãs, com conseqüente risco à soberania brasileira. Este tema tem muito a ver com a tentativa de transformar toda aquela área, onde vive boa parte das nações indígenas brasileiras, em uma nação distinta do Brasil.

Isso tem muito a ver com a influência estrangeira sobre os índios, tema que está no fulcro do projeto apresentado pela Secretaria Nacional de Justiça. O pior é que este atentado não tem sido coibido pelo governo, que, obviamente, percebe o risco, mas tem se omitido e não de agora.

Esse perigo, sobre o qual temos alertado toda a sociedade brasileira há mais de dez anos, tem a ver com a Declaração Universal dos Direitos dos Povos Indígenas, aprovado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 13 de setembro de 2007. Essa declaração é quase o ato final de um persistente processo que, nos últimos 20 anos, tem sido levado a efeito por influentes e bem estruturadas organizações não-governamentais (ONGs).

Caso a Declaração venha a ser referendada pelo Congresso, ganhará força de emenda constitucional, conforme prevê a própria Constituição Lembro que a Lei Maior diz, no seu artigo 5.º, que tratados internacionais referentes a direitos humanos referendados pelo Congresso passam a valer como emendas constitucionais. Em tese, nada impediria que algum destes vários líderes indígenas, muito bem instruídos e preparados, declarasse a independência de sua 'nação', apartada do Brasil.

A se confirmar essa tendência, teremos retalhado o Brasil em 227 nações, com 180 diferentes idiomas. O crime contra o Brasil e sua soberania e unidade territorial terá sido perpetrado. Onde está a sociedade civil que não se manifesta?

* Comandante militar da Amazônia até 1998 e ex-presidente do Clube Militar


O Estado de São Paulo Navio com armas retorna à China
Embarcação iria para o Zimbábue, mas foi impedida de atracar

Após uma semana sem conseguir permissão para atracar em países do sul da África, um navio chinês, com armamentos encomendados pelo governo do Zimbábue, está retornando para a China. “A empresa decidiu enviar os componentes militares de volta para a China, na mesma embarcação”, disse ontem a porta-voz da chancelaria chinesa, Jiang Yu.

A embarcação chegou à costa da África da Sul há uma semana com 77 toneladas de munição, foguetes e morteiros de fabricação chinesa - carga avaliada em US$ 1,4 milhão.

Trabalhadores e líderes religiosos sul-africanos protestaram e impediram que o navio atracasse. Em seguida, o barco tentou entrar em outros países (como Moçambique e Angola), mas também não conseguiu.

O bloqueio contra o navio ganhou força nos países vizinhos do Zimbábue, que não costumam criticar abertamente o presidente Robert Mugabe. A pressão sobre o líder zimbabuano vem aumentando, pois ele se recusa a divulgar o resultado das eleições presidenciais do dia 29. A oposição afirma que seu candidato, Morgan Tsvangirai, venceu a votação.

Há fortes indícios de que as armas chinesas seriam usadas pelo governo em sua campanha para reprimir os opositores - enfraquecendo os partidários de Tsvangirai num possível segundo turno. Médicos zimbabuanos afirmam que mais de 300 opositores já foram atacados.

Ontem, os EUA fizeram seu mais duro ataque contra Mugabe desde as eleições. Em visita à África do Sul, a secretária para Assuntos Africanos, Jendayi Frazer, disse que Tsvangirai obteve uma “vitória clara” contra Mugabe.

“Esse governo está rejeitando a vontade das pessoas. Se elas tivessem votado para Mugabe, já teríamos o resultado”, disse a americana.

Jendayi também defendeu a proposta do premiê britânico, Gordon Brown, de impor um embargo internacional de armas contra o Zimbábue.


O Globo PÂNICO NA BAÍA
Costa é vulnerável a ondulações de sudeste
Mudança de direção faz mar entrar com força na Baía de Guanabara sem encontrar obstáculos, explica oceanógrafo
Tulio Brandão

As ondas que quase viraram o catamarã Zeus I são esporádicas, segundo especialistas. O fenômeno ocorre quando uma ondulação forte, provocada pelos ventos de um ciclone extratropical formado no Oceano Atlântico, próximo ao Rio Grande do Sul, chega ao Rio vinda de sudeste, o que facilita sua entrada na barra da Baía de Guanabara. Esta direção de onda também expõe à força do mar outros pontos da costa carioca, como a Praia de Copacabana e da orla de algumas cidades litorâneas do estado. Alguns especialistas, porém, dizem que a ondulação registrada ontem foi mais intensa.

O oceanógrafo Leonardo Marques da Cruz, da Prooceano, explica que a direção da onda foi determinante:

- A conformação da barra da Baía de Guanabara favorece a entrada da onda vinda de sudeste sem praticamente encontrar obstáculos. Além disso, o intervalo entre as ondas era de relativamente baixo para a ondulação, de 12 a 14 segundos. Ondulações com esse período demoram mais para sofrer influência do fundo (e variar a direção). Isso fez com que a ondulação se mantivesse limpa de sudeste até a entrada da Baía.

Para o oceanógrafo Rogério Candella, a diferença para outras ressacas vindas de sudeste foi a intensidade.

- O fenômeno em si não é tão raro, mas nem sempre chega com ondas fortes. Essa direção da ondulação afeta, além da baía, todas as áreas cuja costa segue a orientação nordeste-sudoeste, como as cidades litorâneas a partir de Arraial do Cabo. Nessas áreas, as ondas entram de frente - explica.

Como as praias do Leblon e de Ipanema são posicionadas no eixo leste-oeste, ficam menos expostas às ondulações de sudeste. Nessas áreas, portanto, a ressaca não foi tão forte

Segundo o oceanógrafo Rogério Fragoso, ondulações de sudeste atingem a cidade de duas a três vezes por ano, nem sempre com força. Já as Barcas S/A afirmam que há 30 anos não são registradas ondas deste tamanho na Baía de Guanabara.

A ressaca mudou a paisagem de lugares com águas normalmente tranqüilas como a Enseada de Botafogo, a Urca e Niterói, fazendo a festa dos surfistas. Ondas de até dois metros atingiram o calçadão e a pista das praias das Flechas e Icaraí. O calçadão da Praia de Boa Viagem virou uma arquibancada, tantos eram os curiosos. As ondas em Itapuca, Niterói, atraíram surfistas até da Barra da Tijuca, como o administrador de empresas Cristiano Gomes de Almeida, de 32 anos:

- Desmarquei meus compromissos só para aproveitar essa ondulação rara. As ondas estão perfeitas.

Monday, April 21, 2008

Correio Braziliense

ELEIÇÃO NO PARAGUAI
Esperança em Itaipu
Fernando Lugo, favorito na votação de hoje, quer exigir mais do Brasil pela energia da hidrelétrica, para bancar seu projeto de combate à pobreza. Tema da campanha amplia sentimento antibrasileiro
João Cláudio Garcia
Os paraguaios vão às urnas hoje para as eleições que podem representar a mais significativa transformação política no país em 61 anos. Esse é o período de domínio do Partido Colorado na presidência. A supremacia continuou durante a ditadura de Alfredo Stroessner (1954-1989), até o atual chefe de Estado, Nicanor Duarte. Mas a população parece ter se cansado de esperar por dias melhores. Para o Banco Mundial, 32% dos paraguaios vivem abaixo da linha de pobreza. O candidato que mais vinculou sua campanha à idéia de mudança, Fernando Lugo, chamado de “bispo dos pobres”, é o favorito para vencer. Lugo, na verdade, é um ex-bispo. Ele suspendeu o trabalho religioso em 2006 para lutar pela sucessão de Duarte, mas disse que pretende voltar à Igreja depois de cumprir um mandato como presidente. Fortalecido por um racha entre os colorados, ele impulsionou a plataforma de sua Aliança Patriótica para a Mudança com uma estratégia rejeitada pelo atual governo: pressionar o Brasil a renegociar os termos do Tratado de Itaipu. Inaugurada em 5 de novembro de 1982, a hidrelétrica produz energia que é dividida igualmente entre os dois países. Mas o Paraguai só usa 5% da eletricidade que lhe cabe. O restante é vendido ao Brasil abaixo do preço de mercado. O tratado prevê que o excedente não pode ser oferecido a terceiros. Em 2007, o Paraguai recebeu US$ 307 milhões de Itaipu e pouco mais de US$ 100 de Yacyretá, usina compartilhada com a Argentina. Lugo defende que seu país deve receber do Brasil cerca de US$ 2 bilhões anuais pela eletricidade. Mas, para o governo brasileiro, a renegociação é impossível antes do fim do contrato, em 2022, mesmo porque os custos da obra ainda precisam ser cobertos. O ex-bispo considera o dinheiro essencial para bancar o desenvolvimento paraguaio. Hoje, o desemprego é de 11,4%. Dois milhões dos quase 7 milhões de habitantes ganham menos que o salário mínimo — de 1,3 milhões de guaranis, cerca de US$ 300. O orçamento para 2008 é de US$ 5 bilhões, dos quais 65% estão comprometidos com o pagamento de 220 mil funcionários públicos e a manutenção da infra-estrutura estatal. “Não há pressão neste momento, por parte da população, para se mudar o tratado, mas sim de alguns organismos, como a Controladoria. Alguns senadores e deputados apresentam projetos com propostas de alteração do acordo, com críticas à gestão de Duarte. Porém, estamos mais preocupados com outros temas, como educação, saúde, e nem tanto com Itaipu”, explicou ao Correio Nathalia da Costa, diretora do Departamento de Relações Internacionais da Universidade Autônoma de Assunção. O ex-general Lino Oviedo, que na pesquisa mais recente do jornal Última Hora aparece em segundo lugar, empatado com a colorada Blanca Ovelar — ele com 29% das intenções de voto, ela com 28% —, é contra a renegociação de Itaipu. Oviedo disse recentemente que isso seria “perda de tempo” e “acabaria com a paciência do Brasil”. Blanca, por sua vez, propõe a criação de uma comissão de analistas representada por todos os setores antes de negociar políticas energéticas com Brasil e Argentina. Divisões O ex-bispo, que tem 34% das preferências, se beneficiou das divisões no partido governista. Na disputa interna, Blanca foi escolhida candidata por uma pequena vantagem sobre o ex-vice-presidente Luis Castiglioni, que depois se recusou a ajudá-la. Ao tornar Itaipu a base de seu projeto político, Lugo incentivou um sentimento de indignação para com o Brasil. “Embora o Brasil tenha uma auto-imagem complacente, a percepção que temos no Paraguai é a de um país hegemônico, e essa hegemonia se expressa, dentre outras coisas, no que eles consideram serem termos injustos do tratado”, disse Alcides Costa Vaz, vice-diretor do Instituto de Relações Internacionais da UnB. “É uma questão com a qual o Brasil deve tratar, porque não se trata apenas do relacionamento com o Paraguai. São percepções do Brasil como potência hegemônica que existem, numa escala menor, em outros países vizinhos, como Bolívia e Uruguai”, acrescentou Costa Vaz. Além do presidente, os cerca de 2,8 milhões de eleitores paraguaios escolhem hoje senadores, deputados federais e estaduais, parlamentares do Mercosul e governadores. O voto, em cédulas de papel, não é obrigatório, e não há segundo turno. 34% é a intenção de voto para Fernando Lugo, segundo pesquisa do jornal paraguaio Última Hora 29% dos eleitores preferem o general aposentado Lino Oviedo, de acordo com a mesma sondagem 28% dos votos seriam para a candidata governista, Blanca Ovelar, ex-ministra da EducaçãoPARA SABER MAISRessentimento históricoSegundo país mais pobre da América do Sul, atrás da Bolívia, o Paraguai já foi a maior potência econômica da região. Governantes que se sucederam na primeira metade do século 19 adotaram projetos nacionalistas e desenvolveram bastante a indústria e a agricultura do país. Os produtores tornaram-se praticamente auto-suficientes, ao contrário dos demais países sul-americanos, que ainda dependiam do financiamento estrangeiro. A fabricação de tecidos, papel, pólvora, louça e tinta era o ponto forte dos paraguaios, que também construíam suas próprias armas e ferrovias. Mas então veio a Guerra do Paraguai (1864-1870). O ditador paraguaio Francisco Solano López se irritou com a intervenção brasileira no Uruguai, cujo regime era aliado de Assunção. Como represália, López prendeu no porto da capital paraguaia o navio brasileiro Marquês de Olinda e depois atacou a cidade de Dourados, no Mato Grosso. Também invadiu território argentino, na tentativa de anexar o Rio Grande do Sul. Em resposta, Brasil, Argentina e Uruguai formaram a Tríplice Aliança. O exército brasileiro ocupou Assunção no começo de 1869. Para os paraguaios, o conflito teve um custo histórico incalculável. Dois terços da população masculina morreram. A indústria foi arrasada, e a economia voltou a ser quase que completamente agrícola. A dívida com o Brasil só seria perdoada no governo de Getúlio Vargas. Os estragos realizados por brasileiros, argentinos e uruguaios causaram feridas profundas na sociedade paraguaia. O sentimento de exploração e injustiça se agravou com o Tratado de Itaipu, na década de 1970. A usina binacional começou a ser construída em 1974, com pesados investimentos brasileiros. A obra impulsionou a economia do Paraguai: o PIB do país vizinho, que havia crescido 5% em 1975, aumentou 10,8% em 1978. A inauguração ocorreu em 1982, quando os presidentes João Figueiredo e Alfredo Stroessner abriram as 14 comportas. Desde então, apesar dos benefícios para a economia nacional, sucessivos governos paraguaios reclamam do baixo valor da cota de energia vendida ao Brasil e das barreiras incluídas no acordo.
Correio Braziliense

Fuzileiros navais chegam à capital
Pablo Rebello
O desafio chegou ao fim. Após 22 dias na estrada, a pé, duas colunas de 230 fuzileiros navais vindos do Rio de Janeiro pisaram em Brasília. Os militares ocuparam uma faixa da via L4 Sul e atraíram a atenção de motoristas, que diminuíram a velocidade para ver a tropa passar. A marcha, que comemora o bicentenário da força, remete ao feito realizado pela Operação Alvorada em 1960, quando 124 fuzileiros navais, marinheiros e civis marcharam 24 dias para comemorar a inauguração da nova capital. Os participantes da marcha ganharam uma homenagem quando chegaram à sede da força em Brasília. Uma placa com o registro da marcha foi inaugurada pelo comandante da Marinha, almirante de Esquadra Julio Soares de Moura Neto. Amanhã, os recém-chegados participarão das comemorações do aniversário da cidade na cerimônia de substituição da bandeira nacional, às 9h, e com apresentação de banda sinfônica na Esplanada dos Ministério às 17h. Um estande com informações sobre Corpo dos Fuzileiros Navais também estará montado em frente ao Complexo Cultural da República. A chegada dos fuzileiros a Brasília trouxe um sentimento de realização para os militares. “Foi um trabalho excepcional. Atingimos todas as expectativas esperadas e chegamos na data marcada. Tudo graças a um planejamento detalhado e a uma preparação, física e mental que nos permitiu vencer as dificuldades”, avaliou o comandante da Força de Fuzileiros de Esquadra, vice-almirante Paulo César Stingelim Guimarães, que conduziu a tropa do Rio de Janeiro a Brasília. Destaques Única mulher a participar da marcha, a suboficial Sônia Brilhante Wanderley, 44 anos, disse que conseguiu realizar um sonho. “Queria fazer algo que orgulhasse meus filhos, mas não esperava ganhar tanta atenção”, afirmou a moça, que ganhou lugar de destaque entre os companheiros. Não só por ter participado da longa caminhada, mas por ter se voluntariado para tomar parte dela. A fuzileira, que costuma participar de meias maratonas, disse que a caminhada foi difícil, principalmente nos cinco primeiros dias. “Mas valeu à pena por ter me dado uma história para contar aos netos.” Assim como na década de 1960, os fuzileiros chegaram a Brasília com uma companhia inesperada: um cachorro que se integrou à marcha logo nos primeiros dias de caminhada. Duzentos, como passou a ser chamado o animal, em homenagem ao bicentenário da força, chegou à cidade à frente da tropa devidamente caracterizado com farda da força. Na primeira marcha para a nova capital em 1960, dois cachorros apelidados de “Tequila” e “Alvorada” acompanharam os militares. Os fuzileiros ficarão em Brasília até quarta-feira, quando retornam de ônibus para o Rio de Janeiro. Animados com a visita, eles esperam conhecer a cidade nos próximos dias, além de participar das comemorações do aniversário da capital.
Folha de São Paulo

PARCERIA COM VENEZUELA, CUBA RETOMARÁ PESCA EM ALTO MAR
O ministro cubano da Indústria Pesqueira anunciou ontem a retomada da pesca em alto mar em conjunto com a Venezuela a fim de ampliar a oferta insuficiente à população. Alfredo López, diz a Prensa Latina, anunciou a criação de uma empresa mista, sem detalhar.
Folha de São Paulo

CRISE NO ZIMBÁBUE
Navio com armas chinesas deve atracar em Angola
Após ser impedido de descarregar na África do Sul, o navio chinês que transporta armas vendidas ao Zimbábue deve atracar em Angola.Na última sexta, após a recusa dos estivadores sul-africanos em desembarcar e transportar a carga, uma ordem judicial da Suprema Corte de Durban obrigou o cargueiro An Yue Jiang a deixar a costa do país.A decisão foi motivada pelo temor de que as armas fossem utilizadas pelo governo de Robert Mugabe contra a oposição. Segundo Mugabe, não há relação entre a eleição presidencial, realizada no último dia 29 e ainda sem resultados oficiais, e a compra dos cartuchos de munição, morteiros e granadas.Presidente da coalização opositora Aliança Democrática, Helen Zille disse crer que as armas possam ser usadas em uma campanha de intimidação.A oposição acredita ter vencido o pleito. Há 28 anos no poder, Mugabe pediu a recontagem dos votos.O candidato da oposição, Morgan Tsvangarai, que deixou o Zimbábue no dia 10, continua no exterior e declarou que teme ser atacado ou preso caso retorne ao país.

Folha de São Paulo

Petróleo e gás terão investimentos de ao menos US$ 72 bi
Cifra é considerada pelo setor um piso dos recursos destinados à exploração e à produção e não inclui descobertas no pré-sal . Estimativa é que só o campo de Tupi consumirá investimentos de US$ 50 bi,
PEDRO SOARES e ROBERTO MACHADO
O Brasil receberá investimentos de US$ 72 bilhões em exploração e produção de petróleo e gás de 2008 a 2012, estima o IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo). A cifra corresponde a 4,6% do PIB de 2007, mas é apenas o piso previsto pelo setor. É que, após a descoberta de novas reservas na camada pré-sal, o país deverá atrair uma onda de recursos sem precedentes para a atividade.Nessa conta de US$ 72 bilhões não entram os recursos que serão destinados à exploração do pré-sal. Apenas o campo de Tupi consumirá investimentos de US$ 50 bilhões (o equivalente a R$ 83 bilhões) em dez anos, segundo previsão do secretário-executivo do IBP, Álvaro Teixeira. Trata-se da primeira reserva delimitada do pré-sal, com reservas de 5 bilhões a 8 bilhões de barris e que, sozinha, contará com recursos equivalentes a 16,5% do orçamento total do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) -R$ 504 bilhões.O cálculo considera a necessidade de 9 a 10 plataformas para explorar a megarreserva. E não inclui outros campos tão promissores quanto Tupi, como os de Júpiter e Carioca. O último causou controvérsia na semana passada com a declaração do diretor-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo), Haroldo Lima, de que teria reservas de 33 bilhões de barris -a Petrobras não confirmou.Nas outras descobertas do pré-sal, a Petrobras ainda faz testes para dimensionar o volume dos reservatórios, o que inviabiliza estimativas de investimentos. Mas, mesmo antes de a "nova fronteira" ter sido anunciada, o país já vivia um boom de investimentos em petróleo.O levantamento do IBP mostra que há hoje 304 mil km2 sob concessão para atividades de exploração e produção -em terra e no mar. É o equivalente a dois Estados do Ceará, que possui área de 148,8 mil km2.Do investimento total previsto pelo IBP antes do advento do pré-sal, US$ 54,5 bilhões serão alocados pela Petrobras, e os US$ 17,5 bilhões restantes, pelas demais empresas do setor -a maior parte dos recursos privados virá de empresas estrangeiras.Ao todo, o setor de petróleo investirá US$ 128 bilhões, sendo US$ 97,4 bilhões da estatal e US$ 30,6 bilhões de outras empresas. A cifra inclui outros elos da cadeia: refino, dutos, terminais, petroquímica básica e distribuição."O que estimamos [para exploração e produção] é um piso. O pré-sal representa mudança brutal de contexto, que alterará radicalmente o perfil de investimentos do setor", disse Felipe Dias, gerente de Economia e Política Energética do IBP.Segundo o executivo, os custos são mais altos, e a tecnologia necessária à exploração é diferente e inovadora, o que dificulta quantificar o volume de investimentos necessários.Até agora, a Petrobras já investiu US$ 1,5 bilhão na prospecção nessa nova e promissora província petrolífera. A estatal perfurou 15 poços no pré-sal. Em todos, achou petróleo ou gás -o que indica um risco exploratório nulo.Tais resultados despertaram o interesse das petrolíferas que atuam no país. Além de parceiras em descobertas do pré-sal, como a BG (Reino Unido) e Galp (Portugal) na bacia de Santos, várias empresas informaram à Folha a disposição em prospectar petróleo e gás na área.Sozinhas ou em parceria com a Petrobras, Repsol (Espanha), Shell (Reino Unido-Holanda), Anadarko (Estados Unidos) e Partex (Portugal) disseram que estudam investir em exploração na camada pré-sal."Recebemos uma sonda capaz de atingir 10 mil metros e vamos perfurar no pré-sal em um bloco na bacia de Campos", diz Claudio Araújo, presidente da Anadarko no Brasil.A Partex perfurará, em parceria com Shell e Petrobras, dois poços num bloco (BM-S-10) da bacia de Santos, próximo às novas descobertas. Cada um custará US$ 70 milhões.A favor, encontram o atual preço do petróleo. Com o barril acima de US$ 110, muitos projetos, que antes não eram rentáveis, passam a ser viáveis.Em cursoSe o pré-sal aponta para um futuro promissor dos investimentos em exploração e produção, a realidade atual não é nada desprezível: só até 2011, a Petrobras gastará, ao menos, R$ 6,55 bilhões para colocar oito plataformas em operação, sem contar uma unidade não licitada ainda e outra a ser alugada. Juntas, terão capacidade para extrair 1 milhão de barris/dia de óleo e 35 milhões de metros cúbicos de gás.Neste ano, começará a produzir a P-51, no Marlim Sul (bacia de Campos), cujo custo total ficou em R$ 2,3 bilhões. Também entrará em operação no campo de Marlim Leste a P-53, que será arrendada. Em janeiro de 2009, será a vez da PMXL, no campo de Mexilhão (bacia de Santos), a primeira focada na produção de gás.Esses recursos destinados à exploração e à produção de petróleo e gás natural são a base de uma cadeia produtiva que multiplica investimentos.Segundo estudo realizado por economistas do BNDES, os investimentos da indústria do petróleo como um todo atingirão R$ 202,8 bilhões nos próximos quatro anos. Será um crescimento de 10% em relação ao período que vai de 2003 a 2006.

Folha de São Paulo

Exploração em alto-mar teve início em 1974
Na sede da Petrobras, no centro do Rio, a excitação com o pré-sal remete a um "momento histórico" da estatal: a descoberta do campo de Garoupa, no fim de 1974, no litoral fluminense. Garoupa é considerado o marco mais importante da exploração de petróleo em alto-mar -iniciada em 1968 no campo de Guaricema, no Sergipe.As explorações na bacia de Campos haviam começado quase dois anos antes, sem êxito. A previsão era que a "busca" de óleo na região terminasse em 1974. Coube ao geólogo Carlos Walter Marinho a decisão de continuar com a exploração. Em dezembro, fim do prazo, os testes do poço 1-RJS-9A revelaram reservas de 100 milhões de barris. Com a descoberta de Garoupa, Walter obteve reconhecimento internacional e se tornou uma espécie de lenda na Petrobras. Nos dez anos seguintes, a estatal triplicou a capacidade de produção. Em 1984, produzia cerca de 500 mil barris por dia. Havia também o contexto geopolítico: desde 1973, o mundo assistia à primeira crise do petróleo, com disparada do preço internacional e pressão inflacionária sobre os países importadores. Com a exploração na bacia de Campos, o Brasil se tornou, progressivamente, menos dependente de petróleo.A partir da segunda metade da década de 1970, novas descobertas impulsionaram ainda mais a produção em alto-mar, com os campos gigantes de Albacora, Marlim, Barracuda-Caratinga e Roncador. Em 1997, a Petrobras chegou a 1 milhão de barris produzidos por dia -que, na época, representavam cerca de 60% do consumo nacional.A bacia de Campos ainda é considerada a maior reserva do país, responsável por cerca de 84% da produção nacional. De lá, são extraídos cerca de 1,5 milhão de barris de petróleo e 22 milhões de metros cúbicos de gás diários. A previsão é que, até 2010, a produção chegue a 1,8 milhão de barris.

Folha de São Paulo

Amazônia é nova fronteira de exploração petrolífera em terra
Se a camada pré-sal é a mais promissora área de exploração em mar, a sua correspondente em terra está no meio da selva amazônica. É a bacia do Solimões, com a terceira maior reserva de gás e a terceira maior produção de óleo e gás do país.Batizada de província petrolífera de Urucu (650 km de Manaus), a área produz 53 mil barris por dia de óleo ultraleve -de maior valor comercial e mais fácil refino. De tão leve, é conhecido como "gasolina natural", capaz de movimentar motores assim que extraído, mesmo sem ser processado.Mas a maior riqueza é o gás natural -produção de 10 milhões de metros cúbicos por dia, somente inferior à das bacias de Campos e Santos. A estatal só não extrai mais gás da reserva, que tem 100 bilhões de metros cúbicos, por não ter para quem vender. É que, enquanto não recebe as licenças ambientais que faltam para a construção de um gasoduto até Manaus (AM) e outro até Porto Velho (RO), não tem mercado suficiente para o produto. Até lá, a estatal é obrigada a reinjetar 6 milhões de metros cúbicos por dia de gás nos poços.Mesmo assim, a estatal está otimista: possui 80 poços na região e espera perfurar 23 até 2012 -a companhia não detalhou o investimento destinado apenas à bacia do Solimões.No meio da selva, a Petrobras mantém ainda a maior produção brasileira de GLP (gás de cozinha), envasado em Coari (AM), maior unidade de processamento de gás natural do Brasil. Diariamente, mil toneladas de GLP são produzidas -equivalentes a 84.600 botijões de 13 kg. O produto supre toda região amazônica e é comercializado no Nordeste.

Jornal de Brasília

FERIADO
Diversão acessível
Público terá ônibus extras e metrô grátis
Funcionários do GDF trabalham a pleno vapor para deixar tudo pronto na Esplanada dos Ministérios para a próxima segunda-feira, dia em que Brasília completa 48 anos de idade. Segundo a Agência Brasiliense de Turismo (BrasiliaTur), cerca de 750 mil pessoas são aguardadas na festa e, para facilitar o acesso do público ao local, a Secretaria de Transportes não cobrará pelas viagens de metrô e disponibilizará ônibus extras.A medida vale para as linhas de ônibus público coletivo que operam na Rodoviária do Plano Piloto. O reforço será das 7h da manhã de segunda às 4h da manhã de terça. O Serviço de Transporte Alternativo do DF (STPA), operado pelas vans, funcionará até as 2h30 da próxima terça-feira para atender a demanda proveniente do metrô nas cidades por ele atendidas.Entre 12h e 14h30 do dia 21, a operação na Rodoviária do Plano Piloto será, excepcionalmente, transferida para a plataforma superior. Após o evento, a operação voltará ao normal. Devido às comemorações, as linhas que operam na Esplanada serão suspensas no feriado. As demais linhas do sistema vão utilizar tabelas horárias de feriado com reforço de viagens. Para atender o público, o metrô irá operar de graça das 7h da segunda-feira até 1h de terça.ConfraternizaçãoA festa começará às 7h ao som dos sinos de igrejas em todo o DF e deve terminar no início da madrugada da terça, 22 de abril, aniversário de 508 anos do Brasil. Na programação, um leque de atrações preparadas para atender aos mais variados gostos. Os shows mais aguardados são o do grupo pop mexicano RBD, às 15h, e o da banda baiana Chiclete com Banana, veterana do axé, encerrando a celebração.“A confraternização das famílias, de pessoas de todas as idades e de segmentos sociais é a grande marca da festa”, avaliou o vice-governador e secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Paulo Octávio, ao anunciar a programação das festividades. “Nos governos anteriores a comemoração foi muito tímida e não homenageou a cidade da forma que ela merece”, disse.Haverá, ainda, exposições de equipamentos, armamentos e viaturas das três Forças Armadas, do Corpo de Bombeiros e das Polícias Civil e Militar do DF, além de mostras de fotografias do Arquivo Público e da Novacap. O público vai receber material educativo sobre preservação do meio ambiente e comportamento no trânsito. As crianças poderão aproveitar a brinquedoteca instalada em área de 40 mil m², além de espaços para a prática de atividades esportivas e lúdicas, como futebol de balão, cama elástica, tobogã e piscina de bolinhas. Shows da Esquadrilha da Fumaça e queimas de fogos de artifício também merecem destaque na programação, juntamente com a cavalgada de 3,5 mil cavalos e bois, vindos de vários pontos do País.Mais atraçõesO megaevento na Esplanada é só na segunda-feira, mas Brasília já está em clima de festa. Ontem, houve apresentação gratuita da cantora Célia Porto, na praça 704/705 Sul. Hoje, a celebração começa com o Projeto Brasília Saudável, às 9h, na 106/107 Sul. Haverá também performance do Circo Teatro Payaçu no Parque Olhos D'Água (10h) e teatro de bonecos na Vila Planalto (15h). Amanhã, o Eixão do Lazer servirá de palco para os grupos Pé de Cerrado (11h) e Fulô de Chita (13h), entre outras atrações.

Jornal do Brasil

Brasil tem hoje 3.800 refugiados de 72 países
Colombiano diz que não há escolha de ficar em seu país
Pedro Vieira
O colombiano Rubén Darío García Montoya ainda hesita em falar sobre os motivos que o levaram a deixar para trás família, amigos e carreira em Bogotá e vir para o Brasil como refugiado. Limita-se a mencionar intolerância sexual e perseguição em seu país de origem e explica que optou pelo Brasil por conta da avançada legislação sobre refugiados e a impressão de estar seguindo para um país mais "tranqüilo".A imagem de ilha de paz e tolerância do Brasil e as facilidades garantidas por uma legislação generosa e amadurecida em relação aos refugiados colaborou para atrair cerca de 3.800 refugiados de 72 nacionalidades diferentes hoje vivendo no País, que oferece um novo lar para 42% dos estrangeiros que postulam refúgio a cada ano – os dados não contabilizam os imigrantes clandestinos que não passam pelo contabilidades dos entidades assistenciais e do próprio governo. Mas a realidade encontrada em solo brasileiro pode ser bem mais dura do que os refugiados esperam, ao desembarcar no país.Idioma, a dificuldadeA barreira do idioma e a dificuldade de se integrar a um mercado de trabalho competitivo e ainda marcado pelo desemprego são os principais obstáculos enfrentados pelos refugiados, acredita Montoya, hoje empregado em uma operadora de telefonia móvel, professor de português para estrangeiros e administrador de um site (www.refugiadosbrasil.org) que busca apoio de empresas para vacilitar a colocação profissional de refugiados.– Tenho um amigo iraquiano que é especialista na área de petróleo, o problema é que ele só sabe falar inglês e árabe, mas ninguém aproveita o potencial dele – conta o colombiano. Segundo ele, as empresas ainda vêem com reservas o profissional refugiado – muitas vezes somos vistos como fugitivos da lei, existe aquela impressão de que quem não saiu de um país em guerra, deixou sua pátria por ter algo a esconder. Mas na verdade saímos do nosso país porque não temos mais escolha.Africanos são maioriaReflexos de guerras e conflitos étnicos ainda são os motivos que mais trazem refugiados para o Brasil. De acordo com o porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), Luiz Fernando Godinho, angolanos, congoleses e moçambicanos são os três maiores grupos de refugiados no País, representando 80% dos pedidos de refúgio ao governo brasileiro. Parte do orçamento do Acnur se destina ao pagamento de auxílio de custos aos refugiados admitidos no País que ainda não conseguiram emprego.O organismo atua em convênio com a Cáritas, organização não-governamental ligada à Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que se encarrega do contato direto com os refugiados, providenciando curso de português, repassando o auxílio financeiro e dando apoio na busca de emprego e moradia. Essa ajuda dura de três a seis meses e serve para bancar as necessidades básicas de alimentação e transporte do estrangeiro.– No momento em que o refugiado chega, é necessário integrá-lo na sociedade brasileira e o primeiro problema a solucionar é a questão do idioma - explica o diretor do escritório da Cáritas no Rio de Janeiro, Cândido Feliciano da Ponte Neto – a maioria dos refugiados acabam se sustentando porque se integram no mercado. Caso contrário temos uma rede de convênios que apóiam o estrangeiro.O porta-voz da Acnur, Luiz Fernando Godinho, admite que a dificuldade em encontrar empregos é hoje um dos maiores obstáculos para adaptação dos refugiados. Segundo ele, a legislação brasileira, considerada uma das mais avançadas do mundo na questão dos refugiados, não prevê nenhum tipo de incentivo à contratação de estrangeiros no País. Os refugiados, explica Godinho, entram no mercado de trabalho em condições de igualdade com os brasileiros, o que, por conta da barreira idiomática, pode ser um contratempo na hora de conseguir meios para se sustentar.– Mas não é essa a função da lei de refugiados, cujo principal objetivo é garantir proteção legal e impedir que essas pessoas sejam devolvidas a seus países, em caso de risco de vida – observa – as dificuldades enfrentadas variam de acordo com a capacidade de adaptação dos refugiados. Nós damos o suporte.
Jornal do Brasil

Marcha de resistência e cidadania
Em 22 dias, eles percorreram 1.200 km entre Rio e Brasília. E ainda ajudaram comunidades
Raphael Bruno
Chegaram ontem a Brasília 230 militares do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha, que há 22 dias marcham desde o Rio de Janeiro. A iniciativa faz parte das comemorações do 48º aniversário da fundação da capital e dos 200 anos do Corpo de Fuzileiros Navais.Foram 1.200 quilômetros percorridos. Cerca de 55 por dia. Quase 500 homens envolvidos na operação. Dezessete municípios e quatro Estados atravessados. Onze horas de caminhada diárias. Uma longa jornada desde a madrugada do dia 29 de março até o meio-dia de ontem em Brasília.Rotina pesadaPara completar o trajeto no tempo previsto, os corajosos fuzileiros que encararam o desafio tiveram que se submeter a uma rotina pesada. O dia começava às 3h30. Uma hora para se arrumar e café-da-manhã. Às 4h30, era pé na estrada. Do início do dia em diante, cada hora de caminhada era intercalada por descansos de 10 minutos. Sete pequenas refeições diárias para repor as energias. O repouso noturno só era liberado depois de cumpridos, religiosamente, os 55 quilômetros diários.O JB foi ao encontro dos fuzileiros já na reta final da viagem. Com a ajuda da Marinha, a marcha foi interceptada nos arredores de Cristalina-GO, a 150 quilômetros de Brasília. Animados pela proximidade do destino, os militares não acusavam o cansaço. Seguiam animados, até mesmo sorridentes, num ritmo surpreendentemente veloz. O sol escaldante. O horizonte da rodovia apontando subida generosa.– No início era comum chegar com algumas dores no final do dia. Mas, agora, é aquele sentimento sagrado de missão cumprida que se aproxima, de desafio vencido – revelou o vice-almirante Paulo Cesar Stingelim Guimarães, comandante da Força de Fuzileiros da Esquadra. Patente alta, mas o primeiro da fila dos marchadores.– Aonde as tropas estiverem é dever do comandante estar junto – afirma com firmeza e bom-humor.Segunda vezNão é a primeira vez que os Fuzileiros Navais fazem o trajeto. Em 1960, a mesma iniciativa foi tomada por ocasião da inauguração de Brasília. Na época, entregaram carta para o ex-presidente Juscelino Kubitschek desejando boa sorte à nova capital.Passados 40 anos, será o atual governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, quem receberá carta da corporação. A entrega do documento será feita amanhã, durante as cerimônias de celebração do aniversário da cidade. A festa inclui apresentação da Banda Sinfônica do Corpo de Fuzileiros Navais.Os fuzileiros também deixaram marcas onde passaram. Parte da marcha envolveu destacar grupos de homens para realizar ações sociais em 31 escolas da rede pública de ensino. Todas localizadas em cidades ao longo do trajeto. O JB visitou a instituição beneficiada em Cristalina-GO, a Escola Municipal Aleixo Torres Camargo. Os fuzileiros promoveram reparos nas instalações elétricas e hidráulicas, reformaram banheiros e salas de aula, pintaram paredes e muros da escola. A diretora, Neidimar Alves Carneiro, não escondia a felicidade.– Nossa gratidão é enorme.
Jornal do Brasil

Andar para quê? Suboficial preferiu correr, como treino
Percorrer 1.200 quilômetros marchando pode parecer um desafio para a maioria dos mortais. Para Sebastião Ferreira Neto, suboficial de 42 anos, era pouco. Ele preferiu fazer o mesmo trajeto dos companheiros correndo. Desde 1994, o fuzileiro Sebastião é o que os especialistas chamam de ultra-maratonista. Está acostumado a disputar corridas de longa duração, que superam a marca dos 100 quilômetros e levam dias para ser concluídas.Há 14 anos, Sebastião, natural de Mossoró (RN), participou, sem muitas pretensões, de sua primeira prova desse tipo. Chegou em terceiro. Chamou a atenção do Comando da Marinha, que o liberou de algumas atividades típicas do serviço militar para que pudesse se dedicar aos treinamentos.Desde então, já foram 33 provas. O fuzileiro faturou 13. Subiu ao pódio em outras nove. Hoje, ele desponta como um dos favoritos para uma das mais importantes corridas da modalidade, a Transe Gaule, prevista para ser realizada em agosto. Trata-se de uma travessia de 1.166 quilômetros pela França.Quando soube da iniciativa da marcha, encarou como uma oportunidade de treino. Recebeu autorização para sair depois dos companheiros. Chegou antes deles.– Com o tempo que estou fazendo nessa marcha, seria campeão lá na França – vibra Sebastião. – Faço como se fosse uma prova para valer mesmo.Mesma comidaO maratonista se alimenta com a mesma comida do restante da tropa. Mesmo acompanhado de nutricionistas e profissionais de Educação Física, perdeu oito quilos ao longo do trajeto. Cinco tênis não resistiram ao asfalto quente e perderam a sola no meio do caminho.– Parece que foi ontem que subimos Petropólis (RJ). Hoje conheço cada metro da BR-040 na palma da mão. Ou melhor, na sola dos pés – brinca.Sebastião conversou com o JB em Cristalina (GO), quando já havia percorrido 1.085 quilômetros. Acumulava lesões musculares em quase todas as partes do corpo. Mancava severamente. Sem reclamar.– A dor vai vir. Faz parte. É como se fosse uma faca te cortando. Mas se você tem um objetivo bem traçado, se prende a ele – diz.O maratonista explica que o mais importante nesse tipo de prova é estar com o psicológico bem preparado para enfrentar as dificuldades.Além de treinar, Sebastião viveu uma verdadeira aventura ao longo dos 1.200 quilômetros que ligam o Rio de Janeiro a Brasília. Teve que fugir de cachorros animados com sua passagem. Assustou-se incontáveis vezes com freadas bruscas de caminhões desavisados. E até mesmo socorreu um motoqueiro acidentado.– Vou precisar de uns 20 dias para me recuperar. (R.B.)
Jornal do Brasil

Celeiro da França já não produz nem mato
O Haiti ocupa só um terço da Ilha Espanhola, no Caribe. Naquele canto de terra está uma das maiores concentrações populacionais das Américas: 10 milhões de habitantes, 300 pessoas por quilômetro quadrado. O país também é considerado o mais pobre do hemisfério. Nem sempre foi assim. Durante o século 18, ali estava plantada a colônia mais fecunda da França. Um celeiro de açucar, cacau, frutas e café. Agora, em certas regiões, não nasce nem erva daninha.– O solo foi destituído da maior parte de seus nutrientes – diz o professor Jared Diamond, prêmio Pulitzer de 1997, pelo best-seller Armas, Germes e Aço. Professor de fisiologia e geografia da Universidade da Califórnia, Diamond tratou o fenômeno de decadência haitiana no livro Colapso - Como as sociedades optam entre o fracasso e a sobrevivência. – As chuvas também não são favoráveis. Vêm principalmente do lado Leste, caindo mais sobre a vizinha República Dominicana.Mas apenas a falta de água não explica o problema."O Haiti sofreu uma colonização muito predatória. Os franceses apenas extraíam as riquezas naturais e não investiram nada em infra-estrutura, mesmo que fosse para manter as áreas cultivadas", diz Diamond. O desflorestamento e os desmandos de uma fileira de ditadores cleptomaníacos colocaram pás de cal sobre a terra. Quem viajar entre a fronteira dominicana- desde a cidade de Jimaní, para a capital haitiana Porto Príncipe, notará um deserto pedregoso, com antigos leitos de rios secos. As poucas árvores que se mantém são aleijões com galhos amputados. A madeira foi usada como lenha, uma das únicas fontes energéticas do país.Mais de 80% da população vive com menos de US$ 2 por dia. O nível de alfabetização não chega a 10%, num país bilíngue – falam creole e francês. "– A população é alimentada pela comunidade internacional. Não há produção de monta de gêneros no país. É por isso que o Banco Mundial faz um apelo aos países desenvolvidos para a doação de mais US$ 10 milhões para ajudar a conter esta crise mais recente no Haiti – diz Mireille Depailler, da FAO.Em setembro do ano passado, na cafeteria da sede da ONU, em Nova York, o general Carlos Alberto Santos Cruz comia um pão doce. Matava a saudade. Ele é o comandante dos capacetes azuis da Minustah, a missão de estabilização do Haiti.– O problema é que esta calma não vai durar muito. A fome vai causar revolta – dizia o profético general brasileiro.
Jornal do Brasil

Na falta de comida, biscoito de barro
Povo se sustenta com mistura de argila, banha, água e sal cozida sob o sol do Caribe
Osmar Freitas Jr
A notícia caiu na internet como um tijolo: "Haitianos famintos estão comendo terra". Culpa-se a inflação nos preços de alimentos e, por tabela, até a super produção de biocombustíveis. Cana e soja estão ocupando no mundo, os espaços que antes pertenciam ao arroz e feijão, diz Jean Ziegler, relator da ONU para o Direito à Alimentação. Mas não há novidades na gastronomia de horrores caribenha. No Haiti, a argila amarela da cidade central de Hinche faz parte do menu diário, há séculos. A situação da desnutrição atingiu paroxismos nos últimos três meses, quando os preços dos gêneros alimentícios aumentaram 50%. Só recentemente, porém, o público internacional notou as bolachas de terra vendidas nos mercados do país.Há anos, quem anda pelo terreiro aos pés do Fort Dimanche – a antiga prisão juvenil e atual favela – encontra o mercado e a fábrica das bolachas de terra. Mulheres agachadas na rua estendem discos de argamassa em grandes placas de zinco. A receita deste biscoito grosso para as massas é simples: argila, banha, água e sal. Forma-se uma pasta amarela, moldada em pequenos círculos. O cozimento fica por conta do sol infernal: em pouco mais de uma hora, o produto final está pronto para a venda.CarestiaEm 1994 – durante a invasão militar americana que restaurou ao poder o presidente exilado Jean-Bertrand Aristide – a bolacha custava dois centavos de dólar. Naquela época, só os cães e ratos estavam gordos: devoravam os cadáveres das pessoas mortas pelas gangues defensoras da junta militar que comandou o país. Em dezembro passado, o quitute de barro subiu para 4 centavos. Hoje a unidade está a cinco centavos.– Aumentou o preço da terra. Um latão está custando US$ 1.50 – explica a assistente social da ONU, Marie Mandel.Comparado com os preços de outros alimentos - dois copos de arroz à 60 centavos, por exemplo – o biscoito de terra é barato.– Carne, nem pensar – diz Mandel. – As poucas chances de se comer carne vinham das capturas de cães e pássaros. Mas até estes estão sumidos. Os ratos proliferam, mas são mais difíceis de pegar. E um rato adulto chega a US$ 1.Em 1994, alguns repórteres que cobriam a invasão americana participaram de uma sessão de degustação do biscoito de barro. Concordaram com um jornalista americano que, com humor negro, deu o veredicto: "Deixa um gosto de terra na boca. Com toques de gordura". Notava-se também a secura imediata de todo o palato, deixando o comensal desesperadamente sedento. Os goles d'água, que ajudam a empurrar a comida, reconstituem a consistência original da argamassa. O resultado é um bocado de lama no estômago.Gabriel Thimothee, diretor executivo do Ministério da Saúde do Haiti, disse ao JB, por telefone, que os casos de cirurgias gástricas aumentaram 25% nos hospitais do país nos últimos seis meses.– O paciente chega reclamando de cólicas e dificuldades de evacuar. As cirurgias de estômago ou intestino revelam blocos sólidos, como pedras, no interior dos órgãos – conta.O barro vira tijolo no interior das pessoas. E a geofagia – o hábito de comer terra – vai continuar, pois o solo é tão pobre quanto os homens. Há séculos a exploração predatória, a falta de chuvas e os desmandos políticos acabaram com a agricultura neste pedaço da ilha que foi apelidada pelo descobridor Cristovão Colombo de Isla Esmeralda, por causa de seu verde.
O Estado de São Paulo

Marcha festeja 200 anos do Corpo de Fuzileiros
Em comemoração aos 200 anos do Corpo de Fuzileiros Navais, está sendo realizada, desde 28 de março, a Marcha Rio-Brasília. Formada por 230 militares - entre fuzileiros navais e marinheiros -, a expedição percorre a pé 1.170 quilômetros, da Base de Fuzileiros Navais, no Rio, até Brasília. A previsão é de que o grupo chegue à capital federal amanhã. A marcha revive a Operação Alvorada, de 1960, quando militares fizeram o mesmo trajeto para comemorar a inauguração de Brasília.
O Estado de São Paulo

Governo libera estudo para ampliação do porto
A Secretaria Especial de Portos (SEP) autorizou a empresa Santos Brasil S.A, operadora do maior terminal de contêineres do País, a realizar estudos de viabilidade para a implantação do complexo portuário Barnabé Bagres. Trata-se do maior projeto de expansão do setor portuário nacional, que praticamente dobraria a movimentação do Porto de Santos. Com investimentos previstos da ordem de R$ 9 bilhões, a idéia seria expandir o porto dos atuais 7,1 milhões de metros quadrados para 13 milhões. A capacidade de movimentação passaria dos atuais 110 milhões de toneladas para 230 milhões de toneladas.
O Globo

Tropa de fuzileiros conclui trajeto Rio-Brasília a pé
Carolina Brígido
BRASÍLIA - Chegou neste sábado em Brasília a tropa de fuzileiros navais que, há 22 dias, saiu a pé do Rio de Janeiro. A marcha foi realizada em comemoração ao bicentenário do Corpo de Fuzileiros Navais e aos 48 anos do aniversário de fundação da capital federal. Os 230 fuzileiros caminharam 1.170 quilômetros carregando, cada um, uma mochila e um fuzil. O tempo inteiro, a tropa usou roupa camuflada e coturno. Entre os homens, apenas uma mulher se prestou ao desafio: Sônia Brilhante, de 44 anos. Uma caminhada como esta foi realizada em 1960, quando Brasília foi inaugurada. Na ocasião, o presidente Juscelino Kubitschek recebeu os fuzileiros. Neste sábado, os andarilhos foram recebidos pelo comandante da Marinha, almirante Julio Soares de Moura Neto. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, foi convidado, mas não apareceu. - Estou profundamente emocionado - disse o comandante em discurso aos fuzileiros.
O Globo

Tenda é transferida de Jacarepaguá para Baixada
Unidade de hidratação será a quarta na região que já registrou 1.925 casos em 2008
Taís Mendes
Os números elevados de casos de dengue em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, fizeram com que o secretário estadual e de Saúde, Sérgio Côrtes, transferisse uma tenda de hidratação que funcionava no Retiro dos Artistas, em Jacarepaguá, para o município. Na cidade, foram registrados até quarta-feira passada 1.925 casos da doença contra 888 em todo o ano passado. O secretário visitou, na manhã de ontem, o novo centro, instalado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade. O local tem capacidade para atender até 400 pacientes. - Novamente vemos a necessidade de ampliar a estratégia que deu certo, que são os centros de hidratação. Eles fizeram grande diferença. Depois que implantamos, reduzimos em muito a gravidade dos pacientes. Até o momento não foi registrado nenhum óbito nesses centros - afirmou Côrtes, durante a visita. Em Belford Roxo, o centro de hidratação também realiza atendimentos, ampliando a capacidade da rede. Com essa tenda, que tem atendimento médico e hidratação, a Baixada Fluminense passa a ter quatro unidades específicas para atendimento de pacientes com dengue: duas tendas, uma em Duque de Caxias e outra Belford Roxo, e dois centros de hidratação, onde não há atendimento médico, em Mesquita e São João de Meriti. Em toda a região, foram registrados 16.587 casos este ano. - Nós estamos nos antecipando aqui na Baixada Fluminense, onde vemos um número de casos não muito grande - disse o secretário. O fechamento da tenda no Retiro dos Artistas, onde eram atendidos uma média de 124 pacientes com dengue por dia, não irá, segundo Côrtes, comprometer a assistência na Zona Oeste. O número de casos da doença ainda é grande na região: - Em reuniões que fazemos semanalmente no Hospital de Campanha, na Barra, notamos uma queda importante no número de atendimentos. O que fizemos foi transferir para o Hospital da Aeronáutica os atendimentos do Hospital Cardoso Fontes, que estavam indo para o Retiro dos Artistas. Uma van do governo do estado fará o transporte dos pacientes dos hospitais para o Hospital de campanha da Aeronáutica. Em Belford Roxo, o novo centro tem trinta poltronas, seis a mais do que na tenda de Jacarepaguá. Para a unidade serão encaminhados pacientes com dengue da própria UPA, do Hospital da Posse, em Nova Iguaçu, e do Hospital Infantil de Belford Roxo.
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